A Hypera Pharma, uma das maiores farmacêuticas da América Latina, divulgou queda de quase 26% no lucro líquido do primeiro trimestre sobre o mesmo período do ano passado, fechando em R$ 238,2 milhões, um desempenho abaixo do esperado pelo mercado, segundo levantamento da agência Reuters. No mesmo período de 2019 o montante fechou em R$ 321 milhões.
De acordo com os analistas de mercado ouvidos pela Reuters, eles esperavam lucro líquido menor que 2019 para a empresa, mas da ordem de R$ 306,6 milhões no primeiro trimestre, com Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 343,5 milhões, segundo informações da Refinitiv. Ainda de acordo com os dados levantados, a Ebitda de operações continuadas da farmacêutica foi de R$ 248,7 milhões, uma queda de 38% na comparação anual com o primeiro trimestre de 2019, que fechou em R$ 401 milhões.
Apesar de ter constatado no final do trimestre uma corrida dos consumidores às farmácias em busca de medicamentos como antigripais e vitaminas, por conta das medidas de restrição à circulação implementadas como forma de conter a disseminação da Covid-19, a Hypera afirmou que esse movimento dos consumidores não foi capturado na receita do período, o que deve se refletir apenas no balanço do segundo trimestre.
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Já a receita líquida da empresa no primeiro trimestre somou R$ 815 milhões, um salto de mais de duas vezes em relação ao faturamento de R$ 383,6 milhões obtido um ano antes, quando a Hypera tinha optado por reduzir estoques de medicamentos de margens elevadas junto aos clientes.
De acordo com a Reuters, a Hypera reduziu gastos com promoção de produtos devido à interrupção de transmissão de torneios de futebol pelo País, em que é uma tradicional anunciante. Mas, por outro lado, aumentou despesas com visitas médicas e amostras grátis após ampliar sua equipe no terceiro trimestre do ano passado.
Com isso, as despesas com marketing subiram 14,4% no trimestre sobre o mesmo período do ano passado, para R$ 182,6 milhões. As despesas de marketing representaram 22,4% da receita líquida no trimestre. Já as despesas com vendas cresceram 2,5% na mesma comparação, para cerca de R$ 127 milhões, com impacto de maiores gastos com frete e logística, como registrou a Hypera no balanço.
Nos dados divulgados, a Hypera terminou março com caixa líquido de R$ 240,8 milhões e reforçou a posição “em caráter preventivo diante das incertezas e volatilidade do cenário econômico atual por conta da pandemia da Covid-19” com contratação de empréstimos de R$ 595 milhões com vencimento para 2021.
Grupo atua em vários segmentos
O grupo Hypera Pharma está presente em diversos ramos farmacêuticos, reunidos em três unidades de negócios. A primeira delas são os produtos de prescrição, com a marca guarda-chuva Mantecorp Farmasa, que tem no portfólio vários tipos de medicamentos, além de dermocosméticos, por meio da Mantecorp Skincare.
O segundo grupo são os medicamentos de isentos de prescrição, que inclui marcas tradicionais, muitas delas adquiridas pelo grupo ao longo dos anos. A divisão atua também nos segmentos de nutricionais e suplementos vitamínicos. Já a terceira unidade são os medicamentos similares e genéricos, que o grupo comercializa com a marca Neo Química.
Um ramo que vem sendo estimulado pela Hypera Pharma envolve inovação, com a marca Hynova, que possui um centro de pesquisa farmacêutica para o desenvolvimento de medicamentos, dermocosméticos e produtos para a saúde, utilizando, segundo a empresa, o que há de mais avançado em tecnologia.
Os investimentos totais em pesquisa e desenvolvimento, incluindo o montante capitalizado como ativo intangível, atingiram 7,2% da receita líquida e totalizaram R$ 58,5 milhões no primeiro trimestre, “reforçando o compromisso da companhia com inovação e crescimento sustentável, inclusive durante a pandemia de Covid-19”.
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