Após pesquisadores britânicos afirmarem que o corticoide dexametasona é capaz de reduzir mortes causadas pelo novo coronavírus (Covid-19), a procura pelo medicamento tem aumentado. Em meio a esse cenário, a empresa farmacêutica Aspen Pharmacare afirmou que está pronta para atender à alta demanda.
A confirmação foi feita por um dos diretores comerciais da companhia, Stavros Nicolaou. “Somos capazes de acelerar a produção, caso a demanda passe a exigir isso”, disse ele, em entrevista à Agência de mídia da França (AFP, em sigla original).
Segundo o executivo, a indústria farmacêutica está observando o cenário em diversos países. Sempre estamos avaliando qual pode ser a demanda mundial. Claramente, se aumentar muito, teremos dificuldades", disse.
Receba nossas notícias por e-mail: Cadastre aqui seu endereço eletrônico para receber nossas matérias diariamente
Atualmente, a dexametasona é produzida na versão em comprimidos pela Aspen Alemanha. Além disso, o medicamento também tem sua apresentação em injeção, nesse caso, a substância é fabricada em subdivisões da empresa em outros países.
Controle especial?
Recentemente, o infectologista e coordenador do centro de combate à doença no Governo do Estado de São Paulo, David Uip, pediu aos líderes da Câmara dos Deputados que avaliem a possibilidade de restringir a dispensação do medicamento à retenção de receita de controle especial.
Isso, provavelmente, ocorrerá a exemplo do que já foi feito com a nitazoxanida (vendida com o nome comercial de Annita) quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) incluiu a substância na Lista de Substâncias Entorpecentes, Psicotrópicas, Precursoras e Outras sob Controle Especial pelo período da pandemia.
A informação foi divulgada pela deputada federal e líder do PCdoB no Congresso, Perpétua Almeida (AC), e publicada no Valor Econômico. De acordo com a parlamentar, em uma reunião com a presença de líderes partidários e com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Luís Roberto Barroso, Uip destacou que o medicamento é de baixo custo e pode ser encontrado com facilidade nas farmácias, embora o medicamento seja de tarja vermelha.
Segundo o infectologista, após a divulgação sobre o estudo dos pesquisadores britânicos, pode haver uma compra em massa da dexametasona pela população, fazendo com que pacientes que necessitam do fármaco para outras doenças fiquem sem o produto. “Estamos apresentando um projeto em conjunto com todos os líderes e peço apoio para votarmos ainda hoje em plenário”, destacou a parlamentar do PCdoB-AC.
Riscos da automedicação
Muitos especialistas em saúde já emitem alertas sobre os riscos da automedicação com a substância. Vale destacar que o próprio estudo divulgado no Reino Unido afirma que o medicamento só é eficaz em pacientes com um quadro mais grave da Covid-19 (veja mais aqui).
Participe também: Grupo do WhatsApp e do Telegram para receber notícias farmacêuticas diariamente
Obrigado por apoiar o jornalismo profissional
A missão da Agência de notícias do ICTQ é levar informação confiável e relevante para ajudar os leitores a compreender melhor o universo farmacêutico. O leitor tem acesso ilimitado às reportagens, artigos, fotos, vídeos e áudios publicados e produzidos, de forma independente, pela redação da Instituição. Sua reprodução é permitida, desde que citada a fonte. O ICTQ é o principal responsável pela especialização farmacêutica no Brasil. Muito obrigado por escolher a Instituição para se informar.