Após um estudo afirmar que o corticoide dexametasona é capaz de reduzir mortes causadas pelo novo coronavírus (Covid-19), o infectologista e coordenador do centro de combate à doença no Governo do Estado de São Paulo, David Uip, pediu aos líderes da Câmara dos Deputados que avaliem a possibilidade de restringir a dispensação do medicamento à retenção de receita de controle especial.
Isso, provavelmente, ocorrerá a exemplo do que já foi feito com a nitazoxanida (vendida com o nome comercial de Annita) quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) incluiu a substância na Lista de Substâncias Entorpecentes, Psicotrópicas, Precursoras e Outras sob Controle Especial pelo período da pandemia.
A informação foi divulgada pela deputada federal e líder do PCdoB no Congresso, Perpétua Almeida (AC), e publicada no Valor Econômico. De acordo com a parlamentar, em uma reunião com a presença de líderes partidários e com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Luís Roberto Barroso, Uip destacou que o medicamento é de baixo custo e pode ser encontrado com facilidade nas farmácias, embora o medicamento seja de tarja vermelha.
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Segundo o infectologista, após a divulgação sobre o estudo dos pesquisadores britânicos, pode haver uma compra em massa da dexametasona pela população, fazendo com que pacientes que necessitam do fármaco para outras doenças fiquem sem o produto. “Estamos apresentando um projeto em conjunto com todos os líderes e peço apoio para votarmos ainda hoje em plenário”, destacou a parlamentar do PCdoB-AC.
Riscos da automedicação
Muitos especialistas em saúde já emitem alertas sobre os riscos da automedicação com a substância. Vale destacar que o próprio estudo divulgado no Reino Unido afirma que o medicamento só é eficaz em pacientes com um quadro mais grave da Covid-19.
Nesse sentido, a médica pneumologista, Roberta Santis Santiago, explica que caso a droga seja administrada em pacientes sem sintomas severos, ou que não possuam uma inflamação sistêmica, seu uso não apresenta efeitos e ainda pode piorar o quadro da infecção.
"As duas principais frentes de tentativa para tratar a Covid-19 ou estão ligadas à resposta inflamatória, ou para matar o próprio vírus. Se você tem um quadro leve da doença, mas está sem uma resposta inflamatória grave, se usar o corticoide nesse momento, aumenta a replicação do vírus, e piora a situação. Agora, se chegar uma hora que a inflamação é muito intensa, então, o corticoide pode ter uma resposta mais positiva", disse ela, em matéria publicada no portal Sempre Família.
Efeitos colaterais
Vale destacar que um dos efeitos colaterais da dexametasona é a imunossupressão, por isso, em casos em que o paciente apresente sintomas mais leves da doença, a substância pode atrapalhar as reações imunológicas do organismo contra a infecção. Por isso, principalmente em pacientes com Covid-19, a automedicação com essa substância pode ser perigosa. Sua administração deve ser realizada com prescrição médica e orientação do farmacêutico.
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