Toxicidades inerentes ao tratamento oncológico

Toxicidades inerentes ao tratamento oncológico

O farmacêutico tem papel fundamental no tratamento oncológico. Ele é responsável pela manipulação, armazenamento e dispensação dos medicamentos, além de monitorar a adesão e a eficácia. Mas não somente isso. A ele também cabe identificar e gerenciar possíveis efeitos colaterais dos medicamentos, orientar os pacientes sobre o uso correto dos medicamentos prescritos, bem como interagir com outros profissionais de saúde para garantir uma abordagem integrada e coordenada do tratamento.

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Os recursos terapêuticos utilizados contra o câncer podem causar uma série de efeitos colaterais, divididos em duas categorias: toxicidades agudas e toxicidades crônicas. As toxicidades agudas ocorrem durante ou imediatamente após o tratamento e incluem náuseas, vômitos, diarreia, fadiga, entre outros. Já as toxicidades crônicas podem ocorrer meses ou anos após o tratamento e incluem problemas como neuropatia, cardiotoxicidade, efeitos renais e hepáticos, por exemplo.

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É importante que os pacientes sejam monitorados durante e após o tratamento para garantir a identificação e gerenciamento desses efeitos colaterais. “A atuação do farmacêutico oncológico é muito importante para a promoção da qualidade de vida dos pacientes. É o farmacêutico que fornece orientações específicas e individuais sobre o uso correto dos medicamentos prescritos, previne erros de medicação e garante que o tratamento seja administrado de forma segura e eficaz”, atesta o farmacêutico-oncológico, coordenador do Serviço de Pesquisa Clínica no Instituto do Câncer do Ceará e professor do ICTQ, Nelson Belarmino.

Segundo o professor, a toxicidade pode, sim, evoluir de uma maneira mais graves no paciente e levá-lo a óbito ou a diversas complicações, entre elas supressão do sistema imunológico, que torna o paciente mais suscetível a infecções; anemia e outras alterações relacionadas ao sangue; dificuldade para respirar ou problemas pulmonares, e toxicidade cumulativa ao longo do tempo, aumentando o risco de efeitos colaterais graves.

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Vale ressaltar que os efeitos colaterais podem variar de acordo com o tipo de tratamento e os medicamentos utilizados. O monitoramento cuidadoso dos pacientes em tratamento oncológico e uma abordagem multidisciplinar podem ajudar a minimizar as complicações da toxicidade.

“O câncer nada mais é do que um nome genérico atribuído a conjunto de doenças e sabemos que ele pode matar, mas, felizmente, também pode ser curado, por isso a necessidade de termos um diagnóstico prévio, assim como de investigação, de um segmento com os nossos pacientes. Uma vez que a pessoa é diagnosticada com um tipo de câncer, ela precisa de acompanhamento contínuo, mesmo após a sua cura. Para aqueles que não tiveram a doença, a prevenção é fundamental”, garante o professor.

Tratamentos farmacológicos e não-farmacológicos

Existem diferentes tipos de tratamentos para o câncer e eles podem utilizar terapias medicamentosas ou não. Belarmino elenca as principais abordagens anticâncer atuais, que são:

  • Cirurgia: A cirurgia oncológica é o mais antigo tipo de tratamento contra o câncer. É utilizada para vários tipos de câncer e pode ser curativa quando a doença é diagnosticada em estágio inicial. Também pode ser realizada com objetivo de diagnóstico como na biopsia cirúrgica, alívio de sintomas como a dor e em alguns casos de remoção de metástases quando o paciente apresenta condições favoráveis para a realização do procedimento.
  • Radioterapia: É o uso das radiações ionizantes para destruir ou inibir o crescimento das células anormais que formam um tumor. Embora as células normais também possam ser atingidas pela radioterapia, geralmente elas podem se reparar, o que não acontece com as células cancerígenas. Existem vários tipos de radiação, porém as mais utilizadas atualmente são as eletromagnéticas (raios X ou raios gama) e a de elétrons (disponíveis em aceleradores de alta energia). Pode ser utilizada como o tratamento principal do câncer, como tratamento adjuvante (após o tratamento cirúrgico), como tratamento neoadjuvante (antes do tratamento cirúrgico), como tratamento paliativo, para alívio de sintomas da doença como dor ou sangramento e para o tratamento de metástases.
  • Quimioterapia: Utiliza medicamentos anticancerígenos para destruir as células tumorais. Por ser um tratamento sistêmico, atinge não somente as células cancerígenas como também as células sadias do organismo. De forma geral, é administrada por via venosa, embora alguns quimioterápicos possam ser administrados por via oral e pode ser feita aplicando um ou mais quimioterápicos. A quimioterapia de acordo com seu objetivo, pode ser curativa (quando usada com o objetivo de obter o controle completo do tumor), adjuvante (quando realizada após a cirurgia, com objetivo de eliminar as células cancerígenas remanescentes, diminuindo a incidência de recidiva e metástases à distância), neoadjuvante (quando realizada para reduzir o tamanho do tumor, visando que o tratamento cirúrgico possa ter maior sucesso) e paliativa (sem finalidade curativa, é utilizada para melhorar a qualidade da sobrevida do paciente).
  • Terapia hormonal ou hormonioterapia: Modalidade terapêutica que visa impedir a ação dos hormônios em células sensíveis. Algumas células tumorais possuem receptores específicos para hormônios, como os de estrogênio, progesterona e androgênios e em alguns tipos de câncer, como o de mama e de próstata, esses hormônios são responsáveis pelo crescimento e proliferação das células malignas. Portanto, a hormonioterapia é uma forma de tratamento sistêmico que leva à diminuição do nível de hormônios ou bloqueia a ação desses hormônios nas células tumorais, com o objetivo de tratar os tumores malignos dependentes do estímulo hormonal. Pode ser usada de forma isolada ou em combinação com outras formas terapêuticas.
  • Terapia-alvo: Tipo de tratamento sistêmico que utiliza medicamentos ou outras substâncias para atacar especificamente as células cancerígenas, provocando poucos danos às células normais. Cada tipo de terapia-alvo funciona de uma maneira diferente, mas todos alteram a forma como a célula cancerígena cresce, se divide, se autorrepara, ou como interage com outras células. As terapias-alvo podem ser utilizadas de forma isolada ou em combinação com outras formas terapêuticas.
  • Imunoterapia: É um tipo de tratamento biológico cujo objetivo é potencializar o sistema imunológico de maneira a que possa combater infecções e outras doenças como o câncer. Atuando no bloqueio de determinados fatores, provoca o aumento da resposta imune, estimulando a ação das células de defesa do organismo, fazendo que essas células reconheçam o tumor como um agente agressor.

“Quando nos referimos ao tratamento farmacológico, estamos falando de uma classe ou classes distintas de medicamentos que podem ser adicionados para formar protocolos terapêuticos para tratar nossos pacientes, como a quimioterapia. Como o próprio nome diz, estes tratamentos utilizam compostos químicos para atuar diretamente na doença”, explica Belarmino.

Diferenças entre reação adversa, efeito colateral e toxicidade

Tratamentos farmacológicos podem ter reações adversas, que incluem efeitos colaterais e a toxicidade, além de outras complicações. De acordo com o professor, a reação adversa ao medicamento é qualquer resposta a um medicamento que seja prejudicial, não intencional e que ocorra nas doses normalmente utilizadas em seres humanos para profilaxia, diagnóstico e tratamento de doenças ou para a modificação de uma função fisiológica.

Essas reações podem ser relacionadas à dose, via de administração, interação medicamentosa, idade, gênero, genética ou outras características individuais.

“Já o efeito colateral é um efeito diferente daquele principal atribuído ao fármaco, assim, um efeito colateral pode ser benéfico ou indiferente e não necessariamente adverso, indesejável”, explica Belarmino. Geralmente, os efeitos colaterais desaparecem após a suspensão do medicamento ou redução da dose.

A toxicidade, por outro lado, é um efeito adverso mais grave que ocorre devido à exposição excessiva a um medicamento. Ela pode ocorrer devido a uma overdose ou acúmulo do medicamento no corpo, levando a danos aos órgãos e sistemas do corpo.

“Trata-se da capacidade inerente de uma substância química produzir efeito nocivo após interação com organismo”, complementa o professor. Por isso a necessidade de monitorar os pacientes de perto durante o tratamento farmacológico e, se ocorrerem reações adversas ou toxicidade, tomar medidas para gerenciá-los adequadamente.

Assista agora mesmo a webaula Toxicidades inerentes ao tratamento oncológico, com o professor do ICTQ, Nelson Belarmino.

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