Na última quinta-feira (26/03), a farmacêutica, Vanessa Carrijo, proprietária de uma farmácia em Goiás, publicou um vídeo nas redes sociais, que teve milhares de compartilhamentos, com um conteúdo bastante polêmico. Na publicação, a profissional de saúde defende que o isolamento social (quarentena) seja feito apenas pelo chamado grupo de risco, caracterizado, principalmente, por idosos, diabéticos, hipertensos, entre outras pessoas com problemas cardíacos e renais, por exemplo.
Em entrevista exclusiva à equipe de jornalismo do Portal do ICTQ - Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, a farmacêutica explicou: “Não é que sou contra o isolamento [geral], eu sou contra fechar tudo. O grupo de risco tem que ficar isolado, sim. Porém, a economia do Brasil vai gerar muito mais mortes do que se não tiver o isolamento, do que a própria doença, o novo coronavírus”, afirma.
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Já no vídeo divulgado na internet, a farmacêutica defende que a repercussão em torno da Covid-19 virou política: “As pessoas não querem voltar ao trabalho por medo, porque a mídia divulgou que todo mundo que pegar [o vírus] vai morrer, não é bem assim. Não é querendo amenizar a situação, o problema é que virou politicagem, nós temos que nos cuidar, sim, em relação à prevenção, mas nós temos que voltar a trabalhar. Porque se nós não voltarmos a trabalhar, não produziremos, não teremos dinheiro", diz ela.
De acordo com Vanessa, as indústrias de medicamento reduziram sua produção em mais de 70%. "Está faltando remédios [medicamentos] nas drogarias. Eu faço pedido aqui [na farmácia] todos os dias, todo dia falta um medicamento diferente. Daqui uns dias, quem tem problema de pressão e diabetes vai morrer porque não tem o remédio na drogaria", afirma ela, que em outro momento do vídeo ainda ressalta o problema de caminhoneiros que estão sem comida nas estradas, em virtude da quarentena que fechou a maioria dos comércios.
Ao jornalismo do ICTQ, a farmacêutica também reafirmou um questionamento que faz no vídeo: “Eu farmacêutica sou imune? O médico é imune? O gari é imune? Quer dizer que nós podemos ficar doentes e o resto da população ninguém mais?”, questiona. Ela complementa: “Eu acho assim, indivíduo saudável tem que trabalhar, grupo de risco fica em casa”.
No vídeo divulgado no Facebook e ao ICTQ, Vanessa ressalta que a higienização é um método eficaz para a prevenção, que pode evitar a proliferação do vírus: “Eu tenho meu filho, mas eu sou farmacêutica e tenho que trabalhar. Quando eu chego em casa, a primeira coisa que eu faço é tirar a minha roupa do lado de fora, tomo banho e depois entro em casa. Tem que ter precaução, todo mundo que está trabalhando, que estiver fora do grupo de risco, tem que ter precaução. Isso é óbvio, não tiro essa responsabilidade, não”.
Ainda como medida de proteção, a farmacêutica faz outras recomendações: "O vírus é muito rápido, porém, nós temos que confiar em Deus, nós temos que nos cuidar, sim. Tomar as 'vitamininhas', que faz dez anos que estou falando para vocês: 'Vamos tomar vitamininha para melhorar a imunidade, e não é bem assim, a imunidade tem que se aumentar sempre, a vida inteira, não é só por causa do coronavírus, não", indica.
Sobre as recomendações dos órgãos de saúde, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), por exemplo, Vanessa diz que há um exagero. “Eu acho que virou política, que exagerou, sim. Porque já teve doenças muito piores, que não teve essa repercussão toda, mas a mídia só vende a desgraça, tudo que é ruim, a imprensa nunca fala coisas boas, como, por exemplo, o número de pessoas que foram curadas, isso ninguém fala, então, tá deixando a população doida. Toda hora tem gente ligando [na farmácia] querendo medicamento sem receita, porque os médicos não estão atendendo, daqui uns dias, as farmácias serão saqueadas”, disse ela, ao ICTQ.
Quanto ao poder de proliferação do vírus, Vanessa diz: “Primeiro, nós estamos no Brasil, que o clima é quente, o vírus não sobrevive em clima quente. Você pode olhar, por exemplo, os países em que o vírus proliferou, foram lugares frios. E outra, não vou citar o nome desses lugares, mas tem países que as pessoas demoram três ou quatro dias para tomar um banho, mas aqui [em território nacional] no mínimo um banho por dia [a população] toma. Então, quem tomava um banho, passe a tomar dois, quem tomava dois, passe a tomar quatro, vamos nos cuidar, vamos aumentar e se cuidar”, finaliza a farmacêutica.
Assista ao vídeo completo com a opinião da farmacêutica:
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