Pandemia: CFF e CRF-SP criticam atitude do presidente Bolsonaro

Após o polêmico pronunciamento do presidente, Jair Bolsonaro (foto), na última terça-feira (24/03), entidades da classe farmacêutica se manifestaram em repúdio às palavras ditas em rede nacional pelo governante do Brasil. O presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP), Marcos Machado, afirmou que o Governo Federal e o Ministério da Saúde (MS) estão repassando informações desencontradas.

Em entrevista exclusiva à equipe de jornalismo do Portal do ICTQ - Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Machado destacou: "A gente segue as orientações de profissionais que são passadas pelo MS, mas a liderança maior, que é o presidente, fala diferente. Então, o que nós farmacêuticos vamos fazer? Respiramos fundo e vamos para a linha de frente ajudar os pacientes, ou começamos fingir que não está acontecendo nada e cada um que se vire? Fica difícil".

Ele complementa: “Então, é preciso definir, ou ficamos em casa ou vamos para a rua. Agora, o que não pode é o ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, dar uma orientação e o presidente dar outra. Isso é complicado”, ressaltou.

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Machado também enfatizou que as declarações de Bolsonaro não têm embasamento técnico, em comparação às recomendações dos principais órgãos de saúde do mundo. “É preocupante, porque esse pronunciamento não apresentou dados técnicos. Em nenhum momento ele [o presidente] disse que estava orientando a população a sair da quarentena porque a curva de infectados diminuiu, ou que tivemos menos mortes desde a última semana”.

Nesse sentido, o presidente do CRF-SP ressaltou: “Os dados técnicos que são apresentados pelo MS mostram aumento nos casos. Teoricamente, as orientações com embasamento técnico são repassadas pelo ministro da saúde, e são elas que trazem dados epidemiológicos, que todos os farmacêuticos e profissionais de saúde estão seguindo”, esclarece.

Segundo Machado, a fala do presidente da república atrapalha o serviço dos profissionais. “O profissional de saúde também é um ser humano, ele faz parte da população. Muitos colegas, inclusive, são diabéticos, temos gestantes, essas pessoas estão em dúvida se vão voltar ao trabalho, se correrão riscos. Não é só porque eles são farmacêuticos, que deixaram de ser pessoas”.

O presidente do CRF-SP ainda recomendou aos farmacêuticos que orientem os pacientes com base nas informações divulgadas por órgãos oficiais: “Sigam as determinações do MS, da Organização Mundial da Saúde (OMS), da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). São essas orientações que eu, como profissional de saúde, posso recomendar, fora disso, só posso fazer suposições”.

Posicionamento do CFF

Em nota oficial à imprensa, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) também se manifestou contra as declarações do presidente da república: “O mundo atravessa uma situação excepcionalmente difícil frente à pandemia da infecção pelo novo coronavírus. Mais de 2,6 milhões de pessoas estão em confinamento e o Brasil restringiu drasticamente a circulação de pessoas. E ainda assim, já são mais de 2,2 mil casos confirmados no País e 46 mortes", explica.  

O órgão ainda ressaltou que está alinhado às organizações de saúde mundiais e brasileiras, reiterando à sociedade a necessidade inquestionável do isolamento social, neste momento de crescimento dos casos, pois, a medida é uma estratégia baseada em evidências muito importantes de combate à Covid-19.

O CFF também elogiou o MS e enfatizou: “Vivemos uma situação de guerra e, indubitavelmente os interesses econômicos não podem valer mais que a vida. A unidade, principalmente nas ações de saúde, precisa prevalecer para que tenhamos resultados”. A nota completa do órgão pode ser acessada no site da entidade.

Pedido de prisão a Bolsonaro

O advogado, Rafael Duarte Moya, de Campinas (SP), entrou com um pedido de prisão 'imediata' do presidente, Jair Bolsonaro, na última terça-feira (24/03). A petição foi apresentada no Supremo Tribunal Federal (STF) após o discurso do governante, em rede nacional, que contrariou as recomendações dos principais órgãos de saúde do mundo, sobre as medidas de contenção à pandemia do novo coronavírus.

Segundo o Estadão, a ação não deve prosperar, pois, o presidente possui imunidade formal, que garante a ele a segurança de não ser preso enquanto não houver uma sentença condenatória.

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