J&J vai deixar de comercializar opioides nos Estados Unidos

J&J vai deixar de comercializar opioides nos Estados Unidos

Johnson & Johnson, um dos laboratórios acusados de alimentar a crise de opioides que provocou milhares de mortes nos Estados Unidos, vai parar de produzir e vender estas substâncias naquele país, revelou a Folha.

A empresa fez um acordo de US$ 230 milhões (R$ 1,1 bilhão) com o estado de Nova York. Segundo revelou em um comunicado a procuradora-geral do estado, Letitia James, o acordo permite à J&J resolver os litígios por “seu papel em ajudar a abastecer a epidemia de opioides”.

O laboratório vai dividir o pagamento ao longo de nove anos e também pode ter de pagar US$ 30 milhões (R$ 147,6 milhões) adicionais no primeiro ano caso o estado aprove uma lei para criar um fundo contra os opioides.

Em um comunicado, a companhia afirmou que o acordo “não constitui uma admissão de responsabilidade ou de infração por parte da empresa”, e que permite evitar um julgamento que estava previsto para começar hoje (28/6). Mas o laboratório ainda enfrenta outros processos judiciais no país, incluindo um julgamento em curso na Califórnia.

“A epidemia de opioides tem provocado estragos em muitas comunidades do estado de Nova York e do restante do país, deixando milhões de pessoas ainda viciadas nos perigosos e fatais opioides”, acrescentou Letitia James. “A Johnson & Johnson ajudou a alimentar este incêndio, mas se compromete a deixar o negócio de opioides – não apenas em Nova York, mas em todo o país”, completou a procuradora.

Essa decisão inclui tanto a fabricação como a venda de opioides, segundo o comunicado. Os US$ 230 milhões serão destinados aos esforços de prevenção, tratamento e conscientização sobre os perigos das substâncias em Nova York.

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A Johnson & Johnson não está sozinha nessa questão. Purdue Pharma, fabricante do Oxycontin, e outras indústrias farmacêuticas e distribuidoras são acusadas de estimular os médicos a receitar opioides – inicialmente reservados para pacientes com casos graves de câncer –, mesmo sabendo que eram muito viciantes.

Desde 1999, essa dependência tem levado muitos consumidores dos medicamentos a doses cada vez maiores e a adquirir substâncias ilícitas como a heroína ou o fentanil, um opiáceo sintético extremamente potente com alto risco de overdose fatal.

Quase 500 mil pessoas morreram por overdose de drogas nos Estados Unidos desde então. Os Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças – principal agência de saúde pública do país – consideram que 90 mil pessoas morreram por overdoses de drogas apenas em 2020, a maioria delas por opioides.

Já o Departamento de Saúde dos Estados Unidos calcula que a crise foi responsável por quatro anos de queda na expectativa de vida, entre e 2017. A crise disparou a ponto do ex-presidente Donald Trump ter declarado “emergência nacional de saúde pública” em outubro de 2017.

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“Opioides são potentes analgésicos, entretanto não são isentos de efeitos adversos como prurido, retenção urinária, vômito, constipação, dor de cabeça e sonolência e, em casos mais graves, depressão respiratória e morte, além de risco de abuso e dependência”, afirma o farmacêutico e professor da pós-graduação em Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêutica no ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Rafael Poloni.

Ele frisa que o uso inadequado e exagerado de opioides pode ser revelado por sinais e sintomas. Alguns deles podem ser identificados pelo farmacêutico, como alteração na regulação da temperatura corporal, hipovolemia, levando à hipotensão, miose, lesões por agulha, aumento do tônus do esfíncter, levando à retenção urinária e depressão respiratória (podendo levar à morte). “Sendo assim, em caso de o farmacêutico identificar quaisquer sinais de abuso/dependência de opioides, o paciente deve ser imediatamente encaminhado a um profissional médico ou serviço de saúde adequado”, sustenta Poloni.

A crise de saúde com opioides tem reflexos na economia norte-americana. ​Em 2019, os CDC avaliaram que a ‘carga econômica’ da crise, incluindo os custos de atendimento médico, a perda de produtividade e os custos do sistema de justiça penal alcançava US$ 78,5 bilhões (R$ 386,2 bilhões) por ano. Um estudo publicado pela Sociedade Americana de Atuários calculou o custo para o período 2015-2018 em US$ 631 bilhões (R$ 3,1 trilhões).

Em fevereiro, a consultoria McKinsey anunciou que aceitou pagar US$ 573 milhões (R$ 2,8 bilhões) para resolver os processos iniciados por quase 40 estados americanos, que acusavam a empresa de ter contribuído para a crise dos opioides por sua assessoria a grupos farmacêuticos, entre eles a Purdue Pharma.

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