A Gilead Sciences está trabalhando em novas versões, mais fáceis de administrar, do antiviral remdesivir para a Covid-19. Uma delas é por meio da inalação, conforme revelou a agência Reuters. Outras empresas também estão procurando alternativas para fazê-lo funcionar melhor, caso da Roche e da Eli Lilly, que estão testando drogas em combinação com o remdesivir para pacientes gravemente doentes.
No curto prazo, a Gilead estuda como sua formulação intravenosa existente do remdesivir pode ser diluída para uso com um nebulizador, segundo revelou o G1. A ideia é que assim tornaria o medicamento mais diretamente disponível para as vias aéreas superiores e o tecido pulmonar, já que o novo coronavírus é conhecido por atacar os pulmões. Também permitiria o tratamento precoce de pacientes com coronavírus que não são hospitalizados.
A empresa revela que, no longo prazo, está explorando uma formulação de injeção subcutânea do remdesivir, bem como versões de pó seco a serem inaladas. O medicamento não pode ser administrado como pílula, pois possui uma composição química que se degradaria no fígado, e a formulação intravenosa é usada apenas em hospitais.
De acordo com a Gilead, a ideia é criar versões do remdesivir que possam ser usadas fora de hospitais, incluindo a inalável, depois que os testes mostraram eficácia moderada do medicamento administrado por infusão.
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O laboratório revelou ainda que está buscando maneiras de usar o remdesivir mais cedo no curso da doença, inclusive por meio de formulações alternativas. Outros antivirais, como o medicamento de influenza Tamiflu, funcionam melhor quando administrados o mais cedo possível depois que alguém é infectado.
Novo estudo mostra resultados com tratamento mais curto
De acordo com um novo estudo publicado pelo The England Journal of Medicine nesta semana, o remdesivir mostra resultados parecidos em tratamentos de 5 ou 10 dias. Segundo a Gilead, a terapia mais curta poderia aumentar o suprimento limitado do medicamento. Os primeiros testes com o seu uso foram divulgados em maio e mostraram uma redução no tempo de recuperação dos pacientes graves.
O estudo envolveu 397 pessoas hospitalizadas com Covid-19 grave, sendo que a maioria não precisou usar ventilador. A Gilead informou que 14 dias após o tratamento com a droga intravenosa, 64% dos pacientes tratados por 5 dias e 54% dos tratados por 10 dias apresentaram alguma melhora clínica. Por outro lado, também na marca de duas semanas, 8% dos pacientes no grupo de 5 dias e 11% dos pacientes no grupo de 10 dias morreram.
A nova pesquisa comparou os dois períodos, 5 eu 10 dias de administração do medicamento, mas sem incluir o placebo – ou seja, não mostra se há um resultado promissor em relação aos pacientes que não recebem o novo medicamento.
Desenvolvido pela Gilead, o remdesivir é um medicamento experimental – não foi aprovado para tratar qualquer doença até agora e não está disponível para compra no Brasil. O medicamento foi originalmente pensado para tratar hepatite, mas não funcionou; também foi testado para o ebola, sem resultados promissores, como noticiou o jornal The New York Times.
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