Companhia norte-americana da área de tecnologia da informação (TI) recebe investimentos do empresário Bill Gates (foto) para desenvolver projetos inovadores para a indústria farmacêutica. Schrodinger informa usar inteligência artificial para ajudar empresas descobrir novos medicamentos de forma mais rápida e mais barata.
Em conjunto, Bill Gates e o empresário do setor de fundos hedge, David Shaw, controlam 50% dos negócios da Schrodinger, conforme revelou a Forbes. De acordo com a revista, a empresa de software de Nova York está enfrentando a parte mais difícil e cara da descoberta de medicamentos usando inteligência artificial, aprendizado de máquinas e análises preditivas baseadas em física. A plataforma se tornou o padrão da indústria para simulação molecular.
Entre as empresas parceiras dos projetos da Schrodinger estão os laboratórios Sanofi e Takeda. Mas o fruto desses contatos ainda são uma incógnita. Consultadas pelo Portal do ICTQ, as assessorias das subsidiárias no Brasil não souberam dizer sobre o que se trata. A comunicação da Takeda do Japão afirmou que iria levantar o que está em andamento entre as organizações, mas até o fechamento desta matéria não encaminhou. Já a assessoria internacional da Sanofi não retornou os contatos da reportagem, a mesma coisa se deu com a Schrodinger e a fundação Bill e Melinda Gates, que segundo a Microsoft, é quem responde pelos investimentos do fundador da companhia.
Schrodinger foi escolhido como nome da empresa em referência a Erwin Schrodinger, físico vencedor do Prêmio Nobel nascido em 1887. O austríaco é mais conhecido por seu experimento mental batizado com seu sobrenome, baseado em psicologia quântica e superposição.
De acordo com a experiência teórica do físico, um gato colocado em uma caixa fechada com material radioativo suscita o paradoxo de que ele poderia estar vivo e morto simultaneamente. Apenas o ato de abrir a caixa é que iria determinar o verdadeiro estado do gato. Dá para dizer que a curiosidade matou o gato.
Já a Schrodinger, o negócio de software, tenta manter o gato vivo. Sua plataforma usa tecnologias emergentes para prever o status de saúde. Para isso, a empresa reuniu 150 cientistas doutores. Eles publicaram mais de 400 obras revisadas por pares sobre abordagens baseadas na física e modelagem por computador.
Embora o campo da biologia computacional seja competitivo, em seu prospecto apresentado à Comissão de Valores Mobiliários americana em janeiro, os chefes da Schrodinger fizeram algo incomum: afirmar que a empresa está muito à frente dos concorrentes mais próximos. É uma afirmação ousada, mas os fatos mostram que é verdade, segundo a Forbes.
Segundo levantamento da revista, o software está sendo usado em 1.250 instituições acadêmicas em todo o mundo. A plataforma afirma que faz negócios com as 20 principais empresas farmacêuticas do mundo, conforme medido pelas vendas. A taxa de retenção de clientes para todos os seus 1.150 clientes, de acordo com o prospecto, é de 96%.
A indústria farmacêutica gastou US$ 179 bilhões em pesquisa e desenvolvimento durante 2018, segundo o portal on-line Statista. O mercado deve aumentar para US$ 202 bilhões até 2022. Até agora, a Schrodinger tem uma pequena fatia desse negócio. A empresa gerou US$ 66 milhões em vendas em 2018, um aumento de 20% ano a ano. Devido aos gastos extensos em P&D e novas contratações, a companhia teve perdas de US$ 18,5 milhões durante esse período. Mas ela está no epicentro de uma transformação digital maior.
Os executivos dizem que as ferramentas de software da companhia estão atualmente sendo usadas para desenvolver apenas um ou dois novos projetos de descoberta em seus principais clientes. É provável que isso mude. O Boston Consulting Group observa que a biotecnologia e a indústria farmacêutica devem adotar a transformação digital agora para permanecer competitivas. Os futuros vencedores do setor serão as empresas que digitalizarem seus núcleos. Se eles não puderem reduzir os custos de descoberta enquanto agilizam o desenvolvimento, perderão mercado.
No levantamento realizado pela Forbes, a Schrodinger obteve US$ 232 milhões em seu IPO de fevereiro, emitindo 13,7 milhões de ações a US$ 17 cada. As ações imediatamente subiram para US$ 27,22 no dia da abertura. Desde então, as ações cresceram outros US$ 19,16, chegando a US$ 46,33 para uma capitalização de mercado de US$ 2,2 bilhões.
Embora seja expressivo, o aumento foi provavelmente prejudicado pela fraqueza do mercado em fevereiro. A empresa está sendo favoravelmente comparada a Tesla, outro negócio de software disruptivo que foi amplamente mal compreendido em seus estágios iniciais.
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A Citron Research, uma empresa de investimentos famosa por suas notas, disse aos clientes em fevereiro que um investimento na Schrodinger poderia ser como na Tesla nos estágios iniciais, só que melhor. A companhia possui mais tecnologia proprietária e, diferentemente da Tesla, a parte do projeto de ciências do negócio já está comprovada.
Segundo analistas, as perspectivas da Schrodinger são as melhores. A operação foi financiada por investidores visionários. As grandes empresas farmacêuticas têm bolsos profundos e estão no meio de uma transformação digital. A Schrodinger é a líder de mercado mesmo tendo uma pequena participação.
Erwin Schrodinger passou a segunda metade de sua carreira fazendo pesquisas em biologia. Ele rejeitou a teoria que criou porque a ideia de algo estar em dois estados diferentes ao mesmo tempo parecia absurda. No entanto, a superposição se mostrou muito real. Já os investidores que buscam empresas em crescimento devem considerar comprar ações da Schrodinger. É uma empresa pequena e a maior promessa do futuro, simultaneamente, avalia os analistas da Forbes.
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