Na quinta-feira (14/05), a Sanofi foi advertida pelo governo francês. Em entrevista à uma emissora de rádio local, a secretária de Estado da Economia da França, Agnes Pannier-Runacher, afirmou que seria ‘inaceitável’ o grupo farmacêutico Sanofi dar prioridade aos Estados Unidos, no caso de desenvolver uma vacina eficaz contra o novo coronavírus (Covid-19).
“Para nós, seria inaceitável que haja um acesso privilegiado para esse, ou aquele país, sob um pretexto que seria monetário”, afirmou ela. A resposta de Agnes foi direcionada ao CEO da Sanofi, Paul Hudson, que declarou em uma entrevista à agência Bloomberg que os EUA “investiram para tentar proteger sua população”. Nesse sentido, “têm o direito a um volume maior de pré-encomendas porque investiram em assumir o risco”.
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De acordo com o executivo da indústria farmacêutica, os Estados Unidos “compartilham o risco” ao procurarem tratamento em colaboração com a Autoridade de Pesquisa e Desenvolvimento Biomédica Avançada (BARDA), conforme explica a revista Isto É.
A declaração de Hudson também desencadeou reações furiosas do presidente da França, Emmanuel Macron. Segundo ele, qualquer vacina contra o novo coronavírus deve ser de utilidade em todo o planeta: “É um bem público para o mundo, e não sujeita às leis do mercado”, definiu. Por isso, o líder francês ainda convocou a cúpula da Sanofi para uma reunião, que deverá acontecer na segunda quinzena de maio, conforme revela o Valor Econômico.
Outras declarações polêmicas
Já na quinta-feira (14/05), o diretor da Sanofi na França, Olivier Bogillot, afirmou que o grupo farmacêutico não deverá priorizar o território americano governado por Donald Trump, em caso de descoberta da vacina. No entanto, recomendou que a União Europeia (UE), da mesma maneira, deve ajudar a financiar o desenvolvimento da substância imunizante.
“Os americanos são eficazes neste período. A UE também deve estar nos ajudando a disponibilizar esta vacina rapidamente”, sugeriu ele.
Em nota à imprensa, a Sanofi também afirmou que “a produção em solo americano seria dedicada principalmente aos Estados Unidos, e o restante de suas (capacidades) de produção seria destinado à Europa, à França e ao resto do mundo”. Contudo, a indústria farmacêutica se comprometeu a tornar a substância imunizante acessível a todos, em caso do desenvolvimento do produto.
Especialistas
Segundo especialistas em saúde, essa prática de preferência para os EUA já acontece há muitos anos. “Para os Estados Unidos, sempre há essa espécie de preferência nacional, o que significa que, quando existe um produto inovador fabricado em seu solo, há uma prioridade de distribuição para os americanos”, disse o virologista, Bruno Lina, membro do conselho científico francês, em entrevista publicada na Isto É.
Ele finalizou: “Fábricas de produção localizadas nos Estados Unidos servirão aos americanos e aquelas fora do território americano servirão ao resto do mundo”, sugeriu.
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