Os avanços tecnológicos estão proporcionando, cada vez mais, saúde e bem-estar ao ser humano, como pode ser lido no Anuário 360º do Mercado Farmacêutico 2019, publicado pelo ICTQ - Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico. Inovações em internet das coisas (IOT), 5G e, realidade aumentada e inteligência artificial (AI) já podem ser acessadas pela população da maneira mais simples possível, ou seja, com o futuro na palma da mão, por meio de um smartphone, por exemplo.
Na área hospitalar, é fato que o futuro também já chegou! A Coreia do Sul acaba de anunciar que, até 2020, pretende inaugurar um complexo hospitalar intitulado hospital do futuro, segundo o site Canaltech. O espaço ficará localizado na cidade de Yongin, mais precisamente há 40 quilômetros da capital, Seul. O complexo é fruto de uma parceria da renomada Universidade Yonsei com a operadora SK Telecom.
Por meio do uso de tecnologias de realidade aumentada, 5G e assistência de voz, a otimização dos serviços no hospital permitirá uma maior qualidade no atendimento ao paciente. Entre muitas inovações, o comando de voz trabalhará a favor da acessibilidade. Com ele, os pacientes, dentro dos quartos, poderão apagar a luz, controlar a temperatura do ambiente e até chamar o médico, enfermeiro ou o farmacêutico.
Já em relação aos visitantes e funcionários daquele hospital, as ferramentas tecnológicas também vão proporcionar melhor qualidade nos acessos e serviços. Aquela cena, aparentemente distante, que já foi apresentada em filmes de ficção científica, mostra, por meio do reconhecimento facial, a livre circulação de profissionais em áreas de acesso restrito do hospital.
Mas...o que é a ficção senão a predição da realidade? Com o uso de reconhecimento facial, em vez de crachás, profissionais como farmacêuticos clínicos, enfermeiros e médicos terão acesso às diferentes áreas daquele hospital. Além disso, visitantes que circularem pelos corredores poderão ser direcionados, por meio da tecnologia de realidade aumentada, para chegar aos quartos e leitos ou, até mesmo, para resolver algum problema administrativo nas áreas de recepção e atendimento.
Hospital de Londres já surfa essa onda
Outro exemplo é o de um robusto sistema de reconhecimento facial implementado no Great Ormond Street Hospital, em Londres, Inglaterra, inaugurado no final de outubro de 2018, que já permite que, desde os primeiros passos na porta de entrada do hospital até o balcão de recepção, a imagem de uma pessoa seja captada por um sensor de reconhecimento facial, e seu rosto é salvo em um sistema. A ela é atribuído um número de identificação.
Durante todo o seu trajeto dentro daquele estabelecimento um sistema de inteligência artificial vai rastreando seus passos e aprendendo mais sobre seu comportamento e necessidades.
Imediatamente, toda a equipe de saúde – farmacêuticos, médicos, enfermagem – já conhece seu prontuário eletrônico, portanto, suas doenças, procedimentos e os medicamentos que utiliza já estão disponibilizados. É o momento de dizer adeus ao anonimato em mais este ambiente!
Claro que, no Brasil, há empresas que já fornecem esse sistema. Por aqui, a digitalização e a robotização hospitalar ainda não chegaram a extremos como os dos exemplos da Coreia do Sul e da Inglaterra, pois essa transformação exige investimento de peso. No entanto, os hospitais brasileiros estão se movimentando para implementar algumas tecnologias que visam à segurança do paciente e à redução de custos com melhoria na gestão de processos e insumos. No final, o investimento acaba se pagando mais rapidamente do que se imagina.
Quarentena sem isolamento
Os avanços tecnológicos do hospital do futuro sul-coreano também possibilitam melhor estadia para pacientes em quarentena que, por meio de um sistema de hologramas, poderão receber visitas dos seus respectivos familiares e amigos.
Sobre essa medida, vale ressaltar a importância que a ação pode impactar na qualidade de vida e no tratamento de muitos pacientes em quarentena, uma vez que, em muitos casos, o isolamento é uma questão de saúde pública para o controle de epidemias. No Brasil, por exemplo, a medida (quarentena) passou a ser aplicada a partir da década de 1950, com a finalidade de prevenir a proliferação de doenças.
Na época, foi adotada a expressão vigilância epidemiológica. Em recomendação do Ministério da Saúde, por meio da Lei 6259, de 1975, e do Decreto 78.231, de 1976, foi instituído no País, o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE).
Um estudo publicado na revista científica, The Lancet, apontou que uma das maiores causas de depressão é justamente o isolamento social. Com base nisso, é importante destacar a importância da medida adotada pelo hospital do futuro sul-coreano, em usar a tecnologia de visitas por holograma de forma que proporcione melhor qualidade de vida aos pacientes nessa condição.
A estimativa é que o hospital comece a funcionar até fevereiro de 2020. Contudo, para entrar em funcionamento o projeto depende da rede 5G, da SK Telecom, devido à necessidade de proporcionar conexão entre os dispositivos, além da finalidade de realizar o transporte de informações criptografadas via rede, por medidas de segurança. Vale destacar que, em transmissão de dados, cautela é fundamental para evitar possíveis invasores.
Em comunicado oficial, a SK Telecom informou que o objetivo de realizar essa junção para proporcionar conectividade entre as tecnologias em um único local tem por finalidade proporcionar melhorias no sistema de atendimento aos pacientes, além de facilitar às tarefas de profissionais da saúde. “A SK Telecom trabalhará em colaboração com o Sistema de Saúde da Yonsei University, para construir o melhor hospital 5G habilitado do mundo, utilizando TIC [tecnologia] de ponta”, disse o presidente e CEO da SK Telecom, Park Jung-ho.
Outros avanços tecnológicos no sistema de saúde do Brasil
Para quem pensa que toda essa tecnologia é uma prioridade e realidade apenas no exterior, vale destacar que, no Brasil, já é possível encontrar muitos hospitais que estão buscando nas tecnologias de conectividade e transmissão de dados - como IA e IOT - soluções mais práticas para otimizar a rotina, tanto dos profissionais da área (farmacêuticos, médicos e enfermeiros) como dos pacientes.
Além disso, diversas tecnologias já estão em uso para melhorar a forma de tratar muitas doenças. “A inteligência artificial vem ajudar na tomada de decisões nas áreas mais comuns. Os profissionais de saúde só veem doenças raras uma ou duas vezes na sua carreira. Os algoritmos veem os dados com mais detalhes e percebem se o médico está diante de uma doença rara”, declarou o professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, Alexandre Chiavegatto Filho, em recente entrevista ao Portal UOL.
Um exemplo de bom uso das inovações tecnológicas acontece no Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), que implementou a Plataforma de Inteligência Hospitalar (PIH). A iniciativa recebeu o Prêmio e-Gov, de 2017, coordenado pela Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Tecnologia da Informação e Comunicação (Abep).
Por meio da plataforma, é possível um compartilhamento de informações e uma integração entre os profissionais envolvidos no tratamento do paciente. “Há painéis de decisão que podem orientar a equipe na tomada de decisões no sentido de avisar, por exemplo, que determinado paciente pode piorar (baseado em dados) e aciona alerta de prioridade. Chamamos isso de camada de monitoramento de fluxo do paciente”, explica o diretor coordenador de Núcleo de TI e CIO do HC, Jacson Barros.
Segundo o diretor, um exemplo prático da funcionalidade da plataforma está na unificação entre a comunicação do médico com o farmacêutico. Com acesso a ela, o profissional de farmácia não permite a falta de medicação para o paciente. “Penso que, quanto mais profissionais tiverem acesso à informação integrada, menor o erro”, defende ele.
No entanto, é importante ressaltar que a plataforma ainda não é baseada em inteligência artificial. Mas, de acordo com o diretor, esse é o próximo passo. Por hora, a ferramenta está em fase de aprendizagem, onde faz uma checagem no comportamento e toma decisões baseadas nas práticas e experiências anteriores que deram certo.
Novas tecnologias em farmácias de hospitais
A automação e o uso de tecnologias nos serviços farmacêuticos dos hospitais são capazes de proporcionar equilíbrio operacional e gerenciar grandes volumes de produtos, por meio da unitarização de medicamentos de diversas formas, como comprimidos, cápsulas, ampolas, frascos, seringas e envelopes; armazenando-os e separando-os de acordo com a prescrição médica.
Conforme apontou um estudo realizado na Azienda Sanitaria Locale della provincia di Alessandria (um complexo italiano com cinco hospitais e um total de mais de 700 leitos), o uso de tecnologia nos serviços das farmácias da rede hospitalar, proporcionou uma redução de 21% em estoque e 26% em despesas farmacêuticas, além de economia de, aproximadamente, € 870 mil (quase R$ 4 milhões) ao ano com tratamentos terapêuticos. O levantamento é baseado nos dados divulgados pela empresa de automação hospitalar, Sinteco, divisão de negócios da Bucci Automations.
“Em menos de um minuto, a medicação prescrita ao paciente é agrupada e identificada de modo personalizado, com os dados do paciente, leito, tipo de internação, medicamentos prescritos e respectivos horários de administração; facilitando e agilizando, assim, todo o processo de dispensação", finalizou o gestor da Sinteco Hospitalar no Brasil, José Renato Marcuci.