Uma droga capaz de deixar tendões e ossos expostos, apodrecer a carne e causar feridas que atraem larvas tem causado estrago nos Estados Unidos. Conhecido como “tranq”, o sedativo veterinário xilazina é frequentemente misturado ao fentanil para intensificar e prolongar seus efeitos. Mas as consequências são devastadoras. Na Filadélfia, cirurgiões e médicos já observam um aumento nos casos de necrose tecidual severa e amputações espontâneas de membros nos usuários da substância.
"Em termos da freqüência com que estamos vendo pacientes com feridas relacionadas à xilazina, cinco anos atrás não estávamos vendo nenhum", afirmou o cirurgião ortopédico e pesquisador da Rothman Orthopaedics e da Universidade Drexel em Filadélfia, Dr. Asif Ilyas, ao New York Post. "Agora estamos vendo nos grandes hospitais universitários ao redor da Filadélfia diariamente, se não semanalmente, esses pacientes com esses problemas”.
De acordo com o jornal, a Filadélfia é considerada o “ponto zero” da crise do “tranq” nos Estados Unidos. Na cidade, a droga esteve envolvida em mais de um terço das mortes por overdose não intencional no ano passado.
O problema, contudo, se estende por outras regiões do país. Testes realizados pela Administração de Repressão às Drogas (DEA) mostram que quase um terço das amostras de pó de fentanil e uma pequena porcentagem dos comprimidos de fentanil analisados em 2023 estavam contaminados com xilazina. Esses dados evidenciam a crescente presença da substância no mercado ilegal de drogas americano.
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Qual o efeito da “tranq”?
Quando injetada, a substância causa relaxamento muscular, alívio da dor e um estado de transe. Além disso, reduz a liberação do neurotransmissor norepinefrina, responsável pela resposta de "luta ou fuga" no sistema nervoso central.
Mas a xilazina também causa efeitos físicos. O médico Asif Ilyas pontuou que a substância causa feridas que variam conforme a quantidade injetada, a frequência do uso e a resposta fisiológica do paciente. "A xilazina é um sedativo animal que causa tanto toxicidade tecidual local quanto vasoconstrição local, o que basicamente significa que diminui o suprimento de sangue e oxigênio para uma área, tornando o tecido mais suscetível à morte".
Ainda, conforme o médico, um dos principais desafios no tratamento é que muitos pacientes não permanecem no hospital tempo suficiente para receber os cuidados cirúrgicos adequados e o tratamento para dependência química. Isso dificulta a recuperação e aumenta o risco de complicações graves. Nos casos mais extremos, a necrose tecidual é tão severa que leva à autoamputação dos membros.
Recuperação
Apesar do quadro alarmante, é possível recuperar-se da dependência da substância. O exemplo disso é um caso de Tracey McCann, uma mulher de cerca de 40 anos, que conseguiu se livrar do vício após participar de um programa de reabilitação em 2022. De acordo com o New York Post, ela havia se viciado em drogas ilícitas após receber prescrição de opioides devido a um acidente de carro e sofreu com hematomas, infecções e feridas necróticas. Atualmente, ela compartilha nas redes sociais sua vida sem a droga.
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