Riscos do sobreuso de Omeprazol reforçam importância da orientação farmacêutica

Nos últimos meses, cresce no Brasil uma movimentação de restrição no uso rotineiro de omeprazol em prescrições, num cenário que reflete riscos e preocupações clínicas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) calcula que 64,9 milhões de unidades de omeprazol foram consumidas no país, em 2022. Para os profissionais farmacêuticos, esse momento representa uma oportunidade de reforçar seu papel estratégico na promoção do uso racional de medicamentos, no acompanhamento terapêutico e na proposição de alternativas seguras e embasadas.

O omeprazol pertence à classe dos inibidores da bomba de prótons (IBPs) e atua reduzindo a secreção ácida gástrica, sendo utilizado em casos de refluxo gastroesofágico, gastrite, úlceras e como proteção gástrica em pacientes que fazem uso de anti-inflamatórios, entre outras indicações. Seu uso tornou-se popular ao longo das décadas, muitas vezes estendido além do necessário, sem reavaliações periódicas.

Recentemente, evidências científicas e alertas de órgãos de saúde têm chamado atenção para riscos associados ao uso prolongado, como deficiência de nutrientes (ferro, magnésio, vitamina B12), aumento da incidência de fraturas ósseas, maior predisposição a infecções intestinais e possíveis associações com doenças renais crônicas. Parte desses achados ainda é controversa, mas reforça a necessidade de vigilância farmacológica.

Esse panorama levou profissionais de saúde a questionarem a banalização do uso do omeprazol, solicitando prescrições mais criteriosas e limitadas ao tempo e dose indispensáveis. A tendência é que o medicamento permaneça como importante aliado terapêutico, porém sob critérios mais rígidos de indicação.

O movimento regulatório e as deliberações da Conitec

No âmbito regulatório e das políticas públicas de saúde, há importantes movimentações. Na 139ª reunião ordinária da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), foi discutido o “sobreuso” do omeprazol no Brasil, com possíveis consequências adversas e a necessidade de padronização de seu uso. Também foi debatida a revisão de apresentações - formas farmacêuticas e dosagens - na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename), para ajustar o portfólio ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) às práticas clínicas mais seguras.

Além disso, a Anvisa já teve de deliberar sobre o uso excepcional de comparadores estrangeiros para estudos de bioequivalência do esomeprazol, molécula correlata, devido à falta de alternativas nacionais adequadas. Esse tipo de decisão mostra como o aparato regulatório precisa acompanhar a evolução científica e os desafios do mercado. O termo ‘cortar o omeprazol das receitas’ não significa eliminar o uso do medicamento, mas restringi-lo às situações em que há real benefício clínico.

Pesquisa farmacêutica e substitutos terapêuticos

Para que a restrição ao omeprazol não deixe pacientes desassistidos, torna-se essencial investir em pesquisa farmacêutica sobre substitutos terapêuticos, tanto entre os próprios IBPs quanto em outras classes, como bloqueadores H₂ (famotidina, cimetidina) ou novas drogas emergentes, como os P-CABs.

Há, contudo, lacunas importantes: muitas moléculas ainda não têm estudos robustos em contexto nacional, considerando diferentes faixas etárias ou comorbidades. No caso de populações pediátricas, por exemplo, algumas apresentações não são aprovadas para uso infantil, o que dificulta substituições seguras.

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Outro ponto fundamental é a avaliação de custo-efetividade dessas alternativas, especialmente no contexto público, para que substituições terapêuticas sejam viáveis em larga escala e sustentáveis para o SUS.

O papel do farmacêutico

Num cenário em que o omeprazol pode deixar de ser a ‘receita padrão’, o farmacêutico reforça sua posição como elo entre a ciência, a prática clínica e a segurança do paciente.

  1. Análise técnica das prescrições: o farmacêutico pode verificar o histórico de uso prolongado, possíveis interações medicamentosas e fatores de risco individuais, recomendando revisões terapêuticas quando necessário.
  2. Acompanhamento farmacoterapêutico: ele profissional orienta sobre adesão ao tratamento, horários adequados e riscos da automedicação, além de reforçar medidas não farmacológicas, como ajustes alimentares e redução de fatores irritantes gástricos.
  3. Participação em comissões terapêuticas: dentro de instituições públicas ou privadas, o farmacêutico contribui com a avaliação técnica de evidências científicas, custos e segurança no processo de seleção de medicamentos.
  4. Atuação em farmacovigilância: o monitoramento ativo de eventos adversos e desvios de uso é fundamental para aprimorar dados de segurança e apoiar futuras decisões regulatórias.
  5. Capacitação profissional: investir na educação continuada, com foco em análise crítica de prescrições e orientação clínica.

A transição para um uso mais racional do omeprazol não se baseia em proibição, mas em ciência, vigilância e responsabilidade compartilhada. O farmacêutico é fundamental nesse processo porque une conhecimento técnico, compromisso ético e capacidade de traduzir evidências em cuidado real.

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