Bebidas adulteradas com metanol geram alerta para farmacêuticos em todo país

As investigações sobre intoxicações por metanol em São Paulo acenderam um alerta de saúde pública. Ao menos três pessoas morreram após consumir bebidas alcoólicas adulteradas em bares e adegas da capital e da região metropolitana, segundo a Secretaria de Estado da Saúde. Outras seis contaminações já foram confirmadas, totalizando 16 casos em investigação. Gin, uísque e vodka estão entre os rótulos suspeitos.

O caso ganhou contornos ainda mais graves quando a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) levantou a hipótese de que o metanol utilizado nessas adulterações seria o mesmo importado de forma irregular pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para adulteração de combustíveis. A informação foi divulgada pela imprensa e está sendo apurada pela Polícia Federal no âmbito da Operação Carbono Oculto, que já havia identificado a participação do crime organizado em fraudes fiscais e de importação desse insumo químico.

O professor do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Alípio Carmo, explica que o metanol é um álcool incolor e inflamável, muito semelhante ao etanol, mas altamente tóxico para o organismo humano.

“Quando metabolizado no fígado, o metanol se transforma em ácido fórmico, substância que leva a lesões graves em diversos órgãos, do fígado ao sistema nervoso central”, afirma. Entre os danos mais graves relatados estão comprometimentos do nervo óptico, que podem resultar em perda irreversível da visão.

Os sintomas iniciais podem parecer com os de uma ressaca comum: dor de cabeça, náuseas e vômitos. Porém, a evolução é rápida e agressiva. Confusão mental, visão turva ou perda visual repentina são sinais de alerta. “Esse é um dos maiores indicativos da intoxicação por metanol e exige encaminhamento imediato ao atendimento médico especializado”, reforça o professor.

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Cegueira pode ser irreversível

Segundo Carmo, há registros de pacientes que conseguiram reverter parcialmente a perda de visão, mas em muitos casos a cegueira é permanente. Outros evoluem para óbito.

Por isso, o especialista recomenda que qualquer pessoa com sintomas após ingerir bebida alcoólica de procedência duvidosa seja levada com urgência a um serviço de emergência. “É importante que, ao chegar ao hospital, já informar que houve ingestão de bebida alcoólica. Isso acelera a avaliação clínica, a realização de exames laboratoriais e o início do tratamento adequado”.

 

 

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O tratamento inclui desde antídotos específicos até hemodiálise em casos graves. Em alguns protocolos hospitalares, inclusive, administra-se etanol diluído para bloquear o metabolismo do metanol.

O mecanismo de toxicidade é bem conhecido pela ciência. O metanol é metabolizado por enzimas do fígado, convertendo-se em formaldeído e, rapidamente, em ácido fórmico. Essa substância ataca as mitocôndrias, prejudicando a produção de energia celular e desencadeando uma acidose metabólica grave.

Esse processo pode levar à falência celular generalizada, necrose de tecidos e morte do paciente. “A intoxicação por metanol em São Paulo está sendo uma situação muito grave. Os farmacêuticos precisam orientar a população a desconfiar da procedência da bebida, principalmente se o preço for muito abaixo do valor de mercado”, alerta Carmo.

Papel estratégico do farmacêutico

No meio dessa crise, o farmacêutico surge como peça-chave na rede de proteção à saúde. Por estar presente em farmácias comunitárias, drogarias e serviços de atenção básica, muitas vezes é o primeiro profissional a ter contato com um paciente intoxicado.

Se alguém chega à farmácia relatando dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos ou alterações visuais após consumo de álcool, o farmacêutico deve suspeitar de intoxicação por metanol. A conduta correta é orientar o paciente a procurar imediatamente um pronto-atendimento e jamais recomendar soluções caseiras.

Além da triagem clínica inicial, cabe ao farmacêutico:

  • orientar a população sobre os riscos de adquirir bebidas sem procedência segura, sobretudo quando vendidas a preços muito baixos;
  • notificar autoridades sanitárias e os Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) em casos suspeitos, colaborando no rastreamento de lotes contaminados;
  • atuar em ações de vigilância sanitária, fiscalizando estabelecimentos e verificando a regularidade da documentação das bebidas comercializadas;
  • participar de protocolos clínicos e hospitalares, no controle farmacêutico dos antídotos utilizados e na orientação das equipes de saúde.

“Os farmacêuticos precisam estar atentos e prontos para reconhecer sinais precoces da intoxicação, porque o tempo é determinante na sobrevivência do paciente”, enfatiza o professor Alípio Carmo.

Prevenção e comunicação

O Ministério da Justiça e Segurança Pública recomendou que bares e distribuidores reforcem o controle sobre a procedência das bebidas, observando lacres, selos fiscais e notas de compra. Também orientou os serviços de saúde a incluírem a suspeita de metanol nos diagnósticos diferenciais de pacientes com sintomas graves após consumo de álcool.

Autoridades afirmam que embora os casos registrados até agora estejam concentrados em São Paulo, tudo indica que bebidas contaminadas possam já ter sido distribuídas para outros estados. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, disse que “transcende os limites de um único estado”.

Especialistas defendem ainda campanhas de conscientização junto ao público. O consumidor deve desconfiar de preços muito abaixo da média de mercado e observar com atenção rótulos e embalagens. “Muitos donos de bares não sabem que compraram bebidas batizadas com metanol. Por isso, é importante reforçar a informação, para que eles também possam exigir fornecedores regulares e confiáveis”, completa Carmo.

O caso das bebidas adulteradas com metanol em São Paulo mostra como o crime organizado pode se infiltrar até mesmo em cadeias de consumo comuns, transformando um hábito social em risco iminente de morte. A suspeita de envolvimento do PCC revela a dimensão do problema: não se trata apenas de falsificação pontual, mas de um esquema estruturado que ameaça a saúde pública.

Nesse cenário, a presença vigilante do farmacêutico é indispensável. Como agente de saúde acessível à população, ele pode ser a linha de frente entre a suspeita e o atendimento emergencial, ajudando a salvar vidas.

Qualificação farmacêutica

Para quem deseja se capacitar na área clínica, o ICTQ oferece alguns cursos de pós-graduação que devem interessar: Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêutica, Farmácia Clínica em Unidade de Terapia Intensiva, Farmácia Clínica em Cardiologia, Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica, Farmácia Clínica de Endocrinologia e Metabologia entre outros.

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