Enquanto o Brasil segue a sua agenda de vacinação contra a Covid-19, priorizando idosos, profissionais de saúde e grupos de risco, em São Joaquim da Barra (Santa Catarina), um farmacêutico está sendo investigado por burlar a prioridade nacional e aplicar doses de vacina em seus filhos.
De acordo com o R7, o farmacêutico é dono de uma farmácia na cidade. E ele teria realizado a imunização ilegal em um casal de filhos, dois adolescentes – classe que não está contemplada na agenda de vacinação do País.
O caso veio à tona após denúncia da Secretaria Municipal de Saúde. Em vista disso, foi instaurado um inquérito, a pedido do Ministério Público, para apurar a denúncia.
Se confirmado, o farmacêutico pode responder por falsidade ideológica e crime contra a saúde pública.
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De acordo com as investigações, o dono da farmácia teria incluído os nomes dos dois filhos adolescentes na lista de funcionários do estabelecimento, para que assim, pudessem também receber a imunização, junto com os demais profissionais da saúde.
O delegado que investiga o caso, José Bernardino Alecrim, afirmou que vai ouvir todos os envolvidos para fazer o relatório e encaminhar ao poder judiciário. Ele relata o andamento do caso, apontando que o farmacêutico pode ter tentado beneficiar os filhos, e isso, segundo ele, reflete em prejuízo aos idosos.
“Ele pode responder por falsidade ideológica porque inseriu uma declaração falsa em um documento particular, com o objetivo de criar direito de vacinação dos seus filhos prejudicando os idosos que estão necessitando de vacina”.
Procurado pela reportagem do R7, o farmacêutico não foi encontrado. Entretanto, uma funcionária, que não quis se identificar, conversou com a emissora e negou as acusações.
De acordo com ela, os citados são funcionários da farmácia, e maiores de idade. A funcionária destacou que a filha trabalha no local desde 2019, enquanto o filho atua lá a menos de um ano.
Enquanto isso, farmacêuticos brigam por direito à vacinação
Se em São João da Barra a polêmica envolve a possível vacinação de adolescentes, em outras cidades, muitos farmacêuticos brigam para entrar na lista de priorização da vacina contra a Covid-19.
Esse é o caso de profissionais de Iporá, em Goiás, onde os farmacêuticos não foram incluídos na campanha de vacinação, mesmo sendo profissionais de saúde que atuam na linha de frente e estão em contato direto com pacientes contaminados pelo coronavírus.
O farmacêutico do Ministério da Saúde e professor da Pós-graduação em Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêutica no ICTQ - Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Rafael Poloni, falou sobre essa situação para a reportagem da entidade.
Ele relatou o contexto histórico do farmacêutico, que “sempre foi o cuidador da saúde das famílias, como boticário, proporcionando saúde e bem estar à população”. Entretanto, segundo ele, “com o avanço da medicina, infelizmente os farmacêuticos, muitas vezes, são esquecidos na composição de profissionais de saúde”.
Já no cenário atual, ele destaca que a classe ficou esquecida das prioridades da agenda de vacinação e reforça que são profissionais que estão expostos ao vírus.
“Em diversos municípios, houve esquecimento do farmacêuticos na inserção dos grupos prioritários à vacinação, ignorando o contato direto com os pacientes e demais profissionais de saúde potencialmente expostos ao novo coronavírus”.
Poloni faz um desabafo para que os conselhos da classe atuem em defesa da vacinação dos profissionais, dando a eles o direito da vacina.
“Somos profissionais de saúde, temos direitos à vacinação, para um trabalho seguro. Cabe aos conselhos regionais de farmácia a intervenção junto aos gestores públicos a reivindicação de vacina contra o coronavírus para os farmacêuticos, consoante à agenda de vacinação prioritária do município”, finalizou.
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