Os desdobramentos da pandemia no Brasil, com os crescentes números de vítimas e o surgimento de novas e mais agressivas variantes do coronavírus, são classificadas como uma ameaça para o mundo na imprensa americana, conforme noticiado pelo Estadão.
Este atual cenário da Covid-19 em solo brasileiro já causa alerta nos principais jornais dos Estados Unidos, em cientistas e autoridades da área de saúde e do governo americano, que se preocupam com os efeitos que o descontrole da pandemia pode causar para além das fronteiras nacionais.
As preocupações citam a alta mortalidade, a campanha de vacinação lenta e a propagação da variante P.1 - que já tem 13 casos registrados em 7 estados americanos. Paralelamente ao Brasil, o governo dos EUA, que já foi epicentro da Covid-19, se prepara para ter a normalidade voltando aos poucos, com expectativa de ver toda a sua população imunizada até maio.
Em entrevistas recentes, o principal infectologista do governo americano, Anthony Fauci, destacou que a cepa P.1 está associada a uma maior transmissibilidade e citou a preocupação de que a variante possa interromper a imunidade induzida naturalmente e pela vacina.
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Ele afirmou que isso preocupa os americanos e o país não vai derrubar tão cedo o bloqueio de passageiros que estiveram no Brasil – esse bloqueio está em vigor desde janeiro passado, após serem diagnosticados os 2 primeiros casos de americanos com P.1.
Nesta semana, ele voltou a falar sobre o assunto e enfatizou a vacinação como melhor alternativa para conter o vírus.
“O Brasil está numa situação muito difícil. A melhor coisa é vacinar o maior número de pessoas o mais rápido possível”, disse Fauci.
Esse pensamento é compartilhado pelo professor de disciplinas ligadas à farmacologia no ICTQ - Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Thiago de Melo, que vê a vacinação como principal arma para reduzir a mortalidade por Covid-19 no Brasil.
“Para 2021, não há outra estratégia disponível mais eficaz para combatermos a Covid-19 do que o imunizante. Que venham as vacinas para a população, para reduzirmos drasticamente os desfechos de mortes principalmente para os mais vulneráveis”.
Já o epidemiologista e economista da área da saúde Eric Feigl-Ding, membro da Federação de Cientistas Americanos, pontuou que o País precisa da ajuda de líderes estrangeiros, contudo, falou que é necessário adotar medidas internas mais eficazes.
“A epidemia descontrolada do Brasil será uma ameaça ao mundo, mas ainda não é muito tarde. Porém, é preciso ter sequenciamento genético, controle de fronteiras, quarentenas e testagem em massa.”, defendeu.
Escassez de vacinas e lentidão
Na imprensa americana, o Washington Post apontou a vacinação brasileira como um processo de “escassez e atrasos”.
Na última quinta-feira (04/03) o jornal informou que o Brasil é um “terreno fértil” para outras variantes. Esse mesmo alerta também foi apontado por cientistas, como Bill Hanage, epidemiologista da Faculdade de Saúde Pública da Universidade Harvard.
Enquanto isso, o The New York Times destacou que o Brasil tem uma vacinação lenta e sem qualquer sinalização de acelerar esse ritmo.
Em comum, a imprensa e os analistas americanos destacam que o presidente Jair Bolsonaro é propagador de desinformação e cético sobre a vacina. Além disso, também pontuam a colisão entre Bolsonaro e os governadores, comparando com a mesma situação ocorrida com o ex-presidente americano.
“Como aconteceu com Trump, o vácuo de liderança de Bolsonaro deu ao vírus abertura para se espalhar”, destacou o Washington Post.
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