Paciente com câncer transmitiu coronavírus por 70 dias

Paciente de câncer transmitiu coronavírus por 70 dias

Artigo publicado na revista científica Cell na quarta-feira (3/11) relata o caso de uma paciente com leucemia que contraiu o novo coronavírus (Sars-CoV-2), não desenvolveu os sintomas da Covid-19, mas passou a disseminar vírus por 70 dias.

O caso foi revelado por médicos do Instituto Nacional de Saúde (NIH, na sigla em inglês), órgão governamental de pesquisa dos Estados Unidos. Eles ressaltaram que pessoas com o sistema imunológico enfraquecido, como pacientes com câncer, são capazes de liberar o novo coronavírus durante um período prolongado.

“Embora seja difícil extrapolar a partir de um único paciente, nossos dados sugerem que a disseminação de um vírus infeccioso em longo prazo pode ser uma preocupação em certos pacientes imunocomprometidos”, escreveu a equipe de pesquisa no artigo. Nesse caso, os médicos detectaram, isolaram e rastrearam a infecção por Sars-CoV-2 da mulher usando testes de RT-PCR, informou o Uol.

A mulher, de 71 anos, diagnosticada com leucemia linfocítica crônica (CCL), um câncer de glóbulos brancos que progride lentamente e, na maioria das vezes, atinge pessoas mais velhas, testou positivo para Sars-CoV-2 em 2 de março de 2020, depois de ser internada no hospital por causa de uma anemia grave relacionada ao câncer.

Ao longo das semanas, ela testou positivo para Covid-19 outras 13 vezes, sempre sem apresentar sintomas. Ela recebeu duas vezes plasma de pessoas que se recuperaram do Covid-19 e, por fim, eliminou o vírus de seu sistema em meados de junho.

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Durante o período de 70 dias em que se manteve infectada, a mulher estava liberando partículas infecciosas de Sars-CoV-2. “Isso indica que, muito provavelmente, o vírus infeccioso liberado pela paciente ainda seria capaz de estabelecer uma infecção nos contatos após a transmissão”, anotaram os pesquisadores.

“Compreender o mecanismo de persistência do vírus e eventual eliminação será essencial para fornecer o tratamento adequado e prevenir a transmissão, visto que a infecção persistente e a eliminação prolongada do Sars-CoV-2 infeccioso ocorrem com mais frequência", completaram os cientistas no artigo.

De acordo com a equipe, como esse é um estudo de caso único não é possível generalizar sobre a disseminação viral persistente em pessoas com outras condições imunocomprometedoras ou a eficácia do plasma convalescente como tratamento para Covid-19. Contudo, o artigo destaca que se trata do caso mais longo de uma pessoa infectada ativamente com o novo coronavírus enquanto permanece assintomática.

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