Um escândalo acaba de entrar para o epicentro da discussão envolvendo a hidroxicloroquina e cloroquina, pois, profissionais de saúde alegam ter sido demitidos por não terem prescrito os medicamentos, que, inclusive, não têm eficácia comprovada contra o novo coronavírus (Covid-19). A informação foi divulgada por meio do G1.
A denúncia envolve uma das maiores operadoras de saúde do Brasil, a Hapvida, que é acusada de pressionar os profissionais a prescrever o medicamento. Segundo a reportagem, a BBC News Brasil teve acesso a supostas mensagens compartilhadas pelo WhatsApp, em que coordenadores da empresa fazem cobranças aos médicos em relação à prescrição do fármaco.
"Estamos revisando os prontuários diariamente, estamos vendo que alguns colegas não estão prescrevendo", teria afirmado um dos coordenadores, que também é médico. Ainda na suposta mensagem, ele continuaria: "A partir de hoje, todos os pacientes irão sair com a medicação da hidroxicloroquina (exceto os contraindicados)", teria destacado o profissional.
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Em outro suposto conteúdo compartilhado, o coordenador teria dito “que os médicos que não concordarem com a prescrição da hidroxicloroquina podem ser substituídos nos plantões da Hapvida”, explica o portal de notícias.
Ainda de acordo com a reportagem, as mensagens teriam sido compartilhadas por um coordenador da região de Ribeirão Preto em três grupos no WhatsApp, em que estão outros profissionais de saúde que são colaboradores no Grupo São Francisco, rede do interior de São Paulo que foi adquirida pela Hapvida em 2019, pelo valor de R$ 5 bilhões.
Denúncias
Segundo o G1, um médico que foi identificado apenas pelo primeiro nome, Mauro, disse que foi demitido por não aceitar a pressão. "Eu não queria prescrever hidroxicloroquina a pacientes com a Covid-19 porque não é um medicamento aconselhado por entidades de saúde", afirmou.
Nessa denúncia, a acusação se refere à uma possível situação que teria acontecido em uma unidade hospitalar da empresa em Ribeirão Preto, contudo, o portal explica que os relatos de cobrança sobre a hidroxicloroquina não se restringem apenas às unidades da Hapvida no Estado de São Paulo, pois, a empresa, que está em outras regiões do território nacional, é investigada no Ceará pelo Ministério Público (MP) e pelo Conselho Regional de Medicina (CRM-CE), após um médico relatar que foi desligado da operadora por se recusar a prescrever o polêmico medicamento.
Posição da empresa
Em nota, a Hapvida negou qualquer situação de pressão ou cobrança para que seus profissionais receitem a hidroxicloroquina. Contudo, reforçou que adotou o medicamento por "haver evidências" de que o fármaco possa combater o novo vírus, segundo o G1.
Vale reforçar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) já descartou a eficácia da hidroxicloroquina e cloroquina no tratamento da Covid-19.
Entidades de classe
Já o Conselho Federal de Medicina (CFM) informou em nota enviada à BBC News que desconhece situações de cobrança para que médicos prescrevam determinados medicamentos. No entanto, a entidade afirmou que as denúncias são importantes: "O princípio que deve, obrigatoriamente, nortear o tratamento
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