Desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a indústria farmacêutica Astrazeneca, a vacina contra a Covid-19 poderá ter os testes em humanos concluídos em setembro, de acordo com Sarah Gilbert, cientista responsável pelos estudos na faculdade britânica, informa a revista Veja. Os resultados da primeira fase serão divulgados nesta semana.
Devido à pandemia, a equipe de Oxford desenvolveu uma tecnologia que pode acelerar o processo. De acordo com a revista científica The Lancet, os resultados da primeira fase deverão ser oficialmente divulgados no começo desta semana. “Esperamos que o artigo, que está em fase final de edição, seja publicado em 20 de julho, para divulgação imediata”, informou em nota a revista.
O imunizante, que conta com testes também no Brasil, é o mais avançado em desenvolvimento no mundo. Os pesquisadores acreditam que a vacina, que está na terceira e última etapa de testes, tem cerca de 80% de eficácia na prevenção da forma grave da doença. No total, 50 mil pessoas participam da testagem da vacina em todo o mundo.
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No País, os testes acontecem em parceria com a Universidade Federal de São Paulo, Instituto D’Or e a Fundação Lemann. Devem participar da fase 3 (que investiga a eficácia da proteção em larga escala) no Brasil cerca de 2.000 profissionais de saúde na linha de frente de combate à Covid-19 (portanto, mais expostos à doença), sendo 1.000 em São Paulo e 1.000 no Rio de Janeiro. Com a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o chamamento de voluntários começou ainda em junho.
A vacina da Oxford usa um vírus para levar material genético do novo coronavírus (Sars-CoV-2) para dentro das células. Trata-se do adenovírus ChAdOx1, que causa gripe comum em chimpanzés, geneticamente modificado e enfraquecido. A ideia dos pesquisadores é expor o organismo humano à proteína “S” (de spike ou espícula, gancho molecular usado pelo Sars-CoV-2 para se ligar a células humanas), dessa forma, quando a pessoa entrar em contato com o vírus real, seu corpo já tem um sistema de defesa.
O imunizante teria apresentado um resultado duplamente positivo: além de criar anticorpos contra o coronavírus, também induziu a produção de células T do sistema imunológico, que atuam no sistema de defesa do organismo.
Após a conclusão da testagem em humanos, a vacina passa a depender do processo de fabricação e distribuição. Segundo Fraser Hall, presidente da AstraZeneca Brasil, em entrevista a Veja em junho, o produto pode chegar ao País ainda este ano, sem prazo definido. Outras estimativas apontam para o primeiro trimestre de 2021. A Astrazeneca planeja produzir mais de 2 bilhões de doses.
Vacina chinesa também avança
Outro teste na fase 3 que ocorre no Brasil é o do laboratório chinês Sinovac, em parceria de transferência de tecnologia com o Instituto Butantan, que pode vir a produzi-la em larga escala. A CoronaVac é feita a partir de vírus inativados. A ideia é modificar o Sars-CoV-2, de modo que ele não consiga infectar as pessoas. Diversas vacinas atuais são feitas dessa forma, como a contra sarampo e pólio.
Esse tipo de vacina, porém, necessita de grandes testes de segurança. No Brasil, segundo a Sinovac, a fase 3 do estudo pretende recrutar 9.000 profissionais de saúde em locais de atendimento de Covid-19, em 12 regiões.
Entre as fases 1 (que mede a segurança) e 2 (para testar eficácia) de testes, os pesquisadores aplicaram a vacina em 743 pessoas com idades de 18 a 59 anos. Segundo a empresa, após 14 dias, foi observada presença de anticorpos em 90% das pessoas, após duas aplicações da imunização. A empresa afirma que outros braços de fase 2 de testes visam idosos e crianças e adolescentes, e que deve concluir essa fase ate o fim deste ano.
Atualmente, estão em marcha em todo o planeta cerca de 160 projetos de imunizantes contra a Covid-19. De acordo com levantamento da Folha junto à Organização Mundial de Saúde (OMS), desse total, 21 já são testadas em seres humanos, incluindo a vacina de Oxford e a CoronaVac.
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