Covid-19: Drauzio Varella critica prescrição de medicamento sem eficácia comprovada

Covid-19: Drauzio Varella critica prescrição de medicamento sem eficácia comprovada

O médico Drauzio Varella contestou a prescrição e o uso de medicamentos como a hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina, que já vem sendo chamado de ‘kit covid’, para prevenir ou tratar a Covid-19, mesmo sem qualquer eficácia comprovada contra a doença.

Varella foi entrevistado nesta quarta-feira (15/7) pelo Bom Dia Rio Grande, da RBS TV, e classificou de leviandade a prescrição de medicamento sem garantia de êxito. “Eu acho um absurdo. Os médicos não podem entrar nessa de ficar prescrevendo medicações sem conhecer a literatura. Eu, sinceramente, acho isso uma irresponsabilidade”, disse.

“Se você olha a cloroquina, ou a hidroxicloroquina, que é um derivado, provocam arritmias cardíacas. Dar na mão de uma população... algumas pessoas vão morrer de arritmia cardíaca. Será que você não vai matar mais gente fazendo um tratamento e provocando um efeito colateral indesejável do que essa pessoa pegando o coronavírus e tendo uma infecção? Na maioria dos casos é uma infecção que corre sem complicações maiores”, esclareceu.

De acordo com Varella, a questão do ‘kit covid’ é mais política do que sanitária. “As pessoas têm que entender que esse assunto da cloroquina foi politizado. Eu me lembro de uma entrevista do Donald Trump, logo no começo da epidemia que ele dizia: 'It's a great drug' (É um ótimo remédio). E se criou uma história em cima de um medicamento, baseada em um trabalho desenvolvido na França, que quando você olha, quem tem o mínimo de formação científica diz 'isso aqui não vale nada’”, resumiu o médico.

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Distribuição de medicamentos tem crescido

Mesmo sem comprovação, médicos e prefeituras têm adotado o uso desses medicamentos, segundo o G1. A associação que representa os municípios do Vale do Caí, no Rio Grande do Sul, solicitou com urgência ao Ministério da Saúde mais de 173,6 mil caixas de medicamentos, entre eles, 32,4 mil de hidroxicloroquina, 37,9 mil de ivermectina, outras 37,4 mil de azitromicina e mais de 65,9 mil de zinco.

Na Bahia, a Vigilância Sanitária estadual suspendeu a distribuição do ‘kit covid’ que estava sendo feita em uma igreja evangélica do município de Teixeira de Freitas (a cerca de 800 km da capital Salvador). Segundo Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), o local não tinha farmacêutico e nem alvará sanitário. O Ministério Público (MP-BA) também foi acionado para avaliar a iniciativa e adotar as medidas cabíveis.​

O secretário da Saúde do Estado da Bahia, Fábio Vilas-Boas, ressaltou que não existe comprovação científica da eficácia desses medicamentos no combate à Covid-19 e eles podem fazer mal à saúde. Ele pontuou, ainda, que essas medicações são controladas e só devem ser liberadas com receita médica.

“Estamos preocupados com vídeos que têm circulado de grupos que defendem o emprego da hidroxicloroquina, cloroquina e ivermectina, o chamado ‘kit covid’. Alguns deles têm preconizado o uso profilático dessas drogas, para evitar a contaminação pelo novo coronavírus”, afirmou o secretário à TV Bahia.

“Em algumas situações foi constatado que os medicamentos estão sendo distribuídos sem receita médica, gratuitamente, sem controle, em unidades que não são de saúde, e sem a retenção da receita por um farmacêutico registrado. Isso configura ilegalidade, uma infração sanitária. Os responsáveis poderão ser punidos e, em casos de efeitos adversos, serão penalizados criminalmente por estarem distribuindo medicações controladas sem o devido registro na Vigilância Sanitária”, advertiu Vilas-Boas.

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Outros aspectos relacionados à Covid-19 preocupam Varella

Também a questão dos testes inquieta Drauzio Varella. Com o avanço da doença, diferentes métodos de testagens passaram a ser oferecidos para a população. Entretanto, o médico alerta para o crescimento do número de marcas que oferecem os testes, mas que não foram validadas e podem dar um diagnóstico falso.

“O teste que faz o diagnóstico do coronavírus é aquele do nariz, o teste chamado molecular ou RT-PCR. Colhe com o cotonete, e depois é enviado para o laboratório. Quando o vírus é detectado, ele fica positivo, em geral, uma semana após o sintoma. O outro teste, o da gotinha de sangue, o sorológico, ele tenta ver se você tem anticorpos. Esse teste, na primeira semana, é sempre negativo. Conclusão: esse teste não serve para diagnóstico. Outro problema é que há mais de 200 marcas diferentes desse teste e nem todas foram validadas. Então, é um teste que dá falso negativo e falso positivo em grande quantidade. É um teste que mais atrapalha do que ajuda”, concluiu.

Outro problema que o médico destacou na entrevista à emissora gaúcha foi a forma como alguns indivíduos têm encarado o vírus no País. “Eu acho que as pessoas não acreditam em vírus, porque é uma coisa muito pequenininha e eles falam 'ah, isso aí é besteira, não tô vendo nada'. Agora você imagina, um vírus que aparece na China, a gente não sabia, enquanto estava lá, todos nós éramos otimistas, eu também era otimista, achava que isso ia ser mais um resfriado provocado pelo coronavírus, com a diferença de que ele teria complicações mais graves nas pessoas debilitadas. Quando chegou na Itália, o mundo percebeu que não se tratava disso. Depois, as pessoas se acostumam com os números. Em três meses, morrem 75 mil pessoas. E dizem 'não, mas agora está estabilizado'. Estar estabilizado é morrer mil pessoas por dia? Isso é absolutamente inaceitável”, assinalou.

A mesma displicência tem ocorrido, segundo Varella, com o uso da máscara por alguns. “Quando vejo esse pessoal andando por aí, sem máscara, fico pensando 'tudo bem, você acha que não vai correr perigo, né?' A gente sempre acha que acontece com os outros e não conosco. Mas vamos imaginar que você pegue o vírus e não tenha nenhum sintoma, ou poucos sintomas, não aconteça nada. E a sua responsabilidade? Você pega um vírus, vai transmitir para todos que se aproximam de você. E, às vezes, serão pessoas da sua família: pais, avós, pessoas mais vulneráveis. Quem pega o vírus vira um transmissor, é isso que a gente tem que entender. Aquela pessoa que está ali, sem máscara, naquela paz, mostrando que não liga pra isso, é alguém perigoso porque vai adquirir o vírus e não vai tomar cuidado depois que adquirir. Se analisar do ponto de vista social, isso é um crime”.

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