A vacina da Johnson&Johnson está entre as mais de uma centena para combater a Covid-19 atualmente em desenvolvimento no mundo. Ela terá sua produção concluída na Itália, conforme revelou o ministro da Saúde do país europeu, Roberto Speranza. Brasil testa vacina criada pela Universidade de Oxford.
De acordo com relatório “A Corrida pela Vida”, produzido pela Exame Research, unidade de análises de investimentos e pesquisas da revista Exame, estão em andamento 130 programas de vacinas no mundo que têm como alvo a Covid-19. Segundo a publicação, as pesquisas para o desenvolvimento de um imunizante contra o novo coronavírus contam com o financiamento de pelo menos US$ 20 bilhões (R$ 107,6 bilhões).
No mês passado, o diretor científico da J&J, Paul Stoffels, informou que a companhia está acelerando os ensaios clínicos “em uma corrida contra o tempo”, após ter resultados positivos da vacina, informou a Agência Ansa.
Roberto Speranza afirmou nesta segunda-feira (6/7) que a candidata a vacina contra o novo coronavírus Sars-CoV-2 que está sendo desenvolvida pela laboratório norte-americano Johnson&Johnson terá seu processo de produção concluído na Itália.
A declaração foi dada em uma publicação no Facebook do político italiano, após ele visitar a indústria farmacêutica Catalent, em Anagni, na província de Frosinone. “Se todos os testes de eficácia e segurança no desenvolvimento da vacina para a Covid-19 forem aprovados, será aqui que será completado parte do processo de produção da AstraZeneca”, escreveu Speranza, ressaltando que “a vacina em que a J&J está trabalhando também será concluída no local”, conforme relato da Ansa.
A Catalent está escalada para realizar o enchimento e empacotamento de frascos da possível vacina para a multinacional AstraZeneca, responsável pela produção e distribuição em nível mundial do medicamento desenvolvido pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e testado no Brasil.
Vacina em testes no Brasil
A nova vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford, em parceria com a AstraZeneca, está em testes pela Bio-Manguinhos, unidade produtora de imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que anunciou investimentos de US$ 15 milhões (R$ 79,8 milhões) para adaptar sua fábrica para produzir, no início do próximo ano, o imunizante. A pesquisa britânica é um dos quatro experimentos mais promissores em andamento.
Trata-se de uma encomenda tecnológica em que a instituição adquire o produto antes do término dos ensaios clínicos previstos, em função do movimento global de mobilização e para aquisição de vacinas. “Devemos assinar o acordo no final deste mês e o cronograma prevê que em oito meses finalizemos a transferência de tecnologia”, afirmou ao Valor o diretor da Bio-Manquinhos, Maurício Zuma.
Segundo o executivo, no primeiro momento, entre dezembro e janeiro de 2021, a AstraZeneca irá enviar dois lotes com 15,2 milhões de doses da vacina para serem envasados pela fundação, o que representaria 15% do quantitativo necessário para a população brasileira, ao custo de US$ 127 milhões (R$ 675,6 milhões). “Vamos produzir sob risco, pois a vacina ainda está em estudos clínicos e possivelmente não estará totalmente aprovada nesse período. Mas, tão logo seja registrada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já teremos lotes para iniciarmos a imunização”, explicou Zuma. Ao término dos ensaios clínicos e com a eficácia da vacina comprovada, o acordo prevê uma segunda etapa, com a produção de mais 70 milhões de doses, ao preço de custo de US$ 2,30 (R$ 12,24) por dose.
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Segundo a Fiocruz, nesse momento, Bio-Manguinhos já teria capacidade de executar todo o processamento final da vacina, a partir do recebimento do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) da AstraZeneca, contemplando as etapas de formulação, envase, rotulagem, embalagem e controle de qualidade. Em paralelo, a unidade deverá fazer as adequações necessárias em suas instalações para incorporar a produção do IFA, de modo a se tornar autossuficiente em todas as fases do processo. A previsão é de que a incorporação completa do IFA possa ser concluída nos primeiros meses de 2021.
De acordo com o diretor da Bio-Manguinhos, a instituição pode produzir algo próximo de 30 milhões de doses mensalmente de vacinas, o que daria um total de mais de 200 milhões de doses por ano só para a da Covid-19. Ele destaca que é possível aumentar ainda mais a produção, se necessário. “Poderíamos começar a produção dessa vacina rapidamente, com capacidade para 40 milhões de doses por mês”, revelou à Folha. Esse número está dentro da capacidade instalada do instituto, uma vez que será possível adaptar linhas de produção atualmente usadas para outras vacinas.
Com a produção da vacina no Brasil, Maurício Zuma ressaltou que a Bio-Manguinhos terá acesso a uma plataforma tecnológica que ainda não domina. “Vai ser de grande utilidade esse desenvolvimento de conhecimento e será importante porque o Brasil terá uma capacidade de dar respostas mais rápidas a uma situação como a que estamos vivendo. Além de não sermos dependentes de outros países”, disse o diretor ao Valor. Segundo ele, nenhum país da América Latina tem essa capacitação e ficarão à mercê da produção de outros mercados. “Os excedentes dessa vacina deveremos exportar via Organização Pan-Americana de Saúde”, salientou.
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