Em tempos de pandemia, muitas pessoas estão deixando de procurar serviços de saúde para diagnóstico e exames do câncer. Porém, a tecnologia pode, nesse caso, ajudar. A startup WeCancer desenvolveu um aplicativo para pacientes com câncer reportarem seus sintomas e tirarem dúvidas sobre o tratamento e a doença. Ele é integrado a uma plataforma de suporte digital e gestão de risco, que inclui a indústria farmacêutica como parceira.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Patologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica, por medo de contágio pelo novo coronavírus, mais de 50 mil brasileiros deixaram de ter o diagnóstico desde o início da pandemia da Covid-19. No comparativo entre abril de 2019 e o mesmo mês deste ano, segundo o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, o número de pacientes caiu 30%; no Hospital AC Camargo, a queda foi de 65% da taxa de pacientes novos, 87% em exames diagnósticos e de 50% a 80% em número de consultas, como revelou o Estadão.
Pacientes oncológicos, muitas vezes, sofrem com a queda na imunidade devido à doença ou por causa dos tratamentos aos quais são submetidos, por isso é indispensável manter o cuidado redobrado durante esse momento. Em tempos de pandemia o tipo de assistência que a WeCancer oferece pode ser ainda mais útil.
A ferramenta de suporte digital proporciona mais conforto e cuidado ao paciente oncológico, ou seja, uma combinação de tecnologia e assistência por meio de uma plataforma orientada para acompanhar o caso clínico e a evolução dele fora do centro de tratamento. Com ela, as equipes de saúde podem realizar uma assistência pró-ativa com questionários capazes de detectar progressos ou complicações durante o tratamento.
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Na prática, é uma solução que tem o paciente no centro do processo, envolvendo farmacêuticos, médicos, enfermeiros, hospitais, cuidadores e familiares na missão de dar suporte à saúde. “Além disso, contamos com um chat onde pacientes podem interagir com profissionais de saúde, tirar dúvidas e receber acolhimento e cuidado”, revela a WeCancer em seu site.
Uma agenda permite ao usuário ter lembretes sobre medicamentos e compromissos, além da indicação de conteúdos confiáveis para combater fake news que impactam negativamente o tratamento. Os dados da saúde física e psicoemocional do paciente são a base para gráficos que podem ser acessados pelo médico durante a consulta – o que garante um tratamento mais individualizado, tendo por principais benefícios a melhora na identificação dos sintomas, acesso a informações de apoio às decisões clínicas, economia de tempo na consulta, foco e facilidade na comunicação com o paciente quando estiver em casa.
De acordo com a WeCancer, a plataforma contribui para que pacientes oncológicos alcancem melhores resultados clínicos. Com uma abordagem multidisciplinar personalizável para complementar as terapias oncológicas, a empresa visa empoderar pacientes e aumentar o nível de engajamento ao tratamento e adesão medicamentosa. “Acreditamos em relacionamentos colaborativos em que uma comunidade unida é capaz de alcançar os melhores resultados de saúde para pacientes com câncer”, dizem os desenvolvedores ao estimular parcerias com a indústria farmacêutica e outras instituições.
Aplicativo surgiu a partir de uma dor pessoal
Por meio da Central de Alertas, o centro de tratamento do paciente recebe notificações sobre o seu estado e os profissionais de saúde são avisados sobre eventuais efeitos adversos. Em tempo real, é possível tirar dúvidas com profissionais especializados, ou seja, o paciente pode ter suporte para questões sobre como tomar medicamentos, fazer curativos, aspectos de nutrição – tudo podendo ser resolvido a distância, gratuitamente.
Ao baixar o aplicativo, além tirar dúvidas, caso seja necessário um atendimento especial, o WeCancer encaminhará para um profissional de saúde, também sem custo. Outra iniciativa conduzida pelos desenvolvedores da plataforma é disponibilizar a solução gratuitamente para hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) que possuem atendimento oncológico.
O aplicativo foi lançado em 2016 e a inspiração veio a partir de um desafio pessoal que enfrentaram seus criadores, César Filho e Lorenzo Cartolano. Ambos perderam suas mães para o câncer em 2014 e decidiram transformar a dor em uma forma de ajudar as pessoas, criando uma solução tecnológica de suporte ao tratamento a distância. “Nascemos baseados nas melhores evidências científicas que indicam que esse tipo de assistência é capaz de fazer os pacientes viverem com mais qualidade de vida”, afirmam eles no site.
“Uma coisa que me incomodou durante o tratamento é que minha mãe sofreu hospitalizações que eu julgava que poderiam ter sido evitadas. Ela tinha muitas dúvidas sobre a doença. Não sabia exatamente se o que estava sentindo era importante ou não”, afirmou César Filho à Folha. “Como ela fez tratamento pelo SUS, eu até entendo que ficaria difícil ela ter o telefone da médica para tirar essas dúvidas. Eu achava que a extensão do cuidado é importante, dá mais segurança ao paciente e à família”, explicou, revelando como chegou à ideia do automonitoramento.
“Li muitos artigos e vi que tinha um impacto muito bom para a saúde do paciente – um estudo canadense aponta, por exemplo, aumento de sobrevida e da qualidade de vida em pacientes com câncer de mama. O paciente melhora a doença, tem uma outra forma de se comunicar com o médico”, salientou.
Profissionais e instituições que quiserem se associar ao WeCancer ou pacientes interessados em conhecer mais sobre a plataforma podem acessá-la diretamente neste link.
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