Equipes de pesquisadores da universidade King's College e dos hospitais Guy's e St. Thomas, na Inglaterra, estão recrutando participantes para uma análise que vai verificar se o ibuprofeno contribui para o tratamento de pessoas internadas em decorrência do novo coronavírus (Covid-19). A iniciativa visa estudar se o medicamento, considerado de baixo custo, pode ajudar pacientes com dificuldades respiratórias devido à infecção, principal motivo que faz com que as pessoas precisem de ventilação mecânica.
O estudo foi proposto após pesquisas realizadas em animais sugerirem que o ibuprofeno pode tratar a síndrome do desconforto respiratório agudo, que é uma das principais complicações causada pela doença. Contudo, um dos pesquisadores do King's College, Mitul Mehta, destacou: "É necessário fazer os testes (em humanos) para verificar se as evidências realmente correspondem ao que esperamos que aconteça".
Para verificar a suposta eficácia do medicamento será realizado um experimento intitulado Liberate. Durante a análise, metade dos pacientes receberá o ibuprofeno, além de outros cuidados usuais. No entanto, a droga será usada em uma formulação especial, em vez dos comprimidos padrão que são, normalmente, encontrados nas farmácias.
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Apesar das expectativas em torno do ibuprofeno, ainda assim, segundo a BBC, autoridades de saúde britânica recomendam que o medicamento seja evitado, por exemplo, por pessoas com úlcera no estômago. A nova pesquisa visa analisar se o fármaco será eficaz em quadros mais leves da Covid-19.
Controversas
Vale lembrar que, em março de 2020, o ministro da saúde francês, Oliver Veran, chegou a desaconselhar a utilização do ibuprofeno, em pacientes com suspeita ou infectados pelo novo coronavírus. Na ocasião, ele alegou que uma pesquisa científica havia sugerido que pacientes com diabetes e hipertensão tratados com o fármaco poderiam ficar mais vulneráveis aos riscos de desenvolver quadros mais graves da doença.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) ainda chegou a recomendar a restrição do uso do medicamento no tratamento de pacientes contaminados ou sob suspeita de infecção pelo novo vírus. Contudo, alguns dias depois, voltou atrás e informou que não encontrou evidências para limitar a utilização do produto em meio a pandemia.
Naquela época, a organização informou que "está ciente das preocupações sobre o uso de anti-inflamatórios não esteroidais (Ibuprofeno) para o tratamento da febre em pessoas com Covid-19". No entanto, a OMS afirmou que "após uma rápida revisão da literatura não está ciente dos dados clínicos ou de base populacional publicados sobre esse tópico", disse um trecho da nota, que foi divulgada à imprensa.
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