Coronavírus: farmacêutico clínico é a nova estratégia do SUS

Coronavírus: farmacêutico clínico é a nova estratégia do SUS

O momento é de enfrentamento, e a oportunidade é para os farmacêuticos clínicos. O Ministério da Saúde (MS), por meio do sistema público de saúde (SUS), está recrutando todos os profissionais para o combate à transmissão do novo coronavírus (Covid-19). O ministro, Luiz Henrique Mandetta, da Saúde, disse ontem (17/03) que irá acionar as farmácias brasileiras, e seus farmacêuticos, para que também estejam na linha de frente nessa luta. Assim, elas deverão fazer parceria com o Governo para aplicar vacina contra a gripe, fazer os testes para a detecção do novo coronavírus, a notificação dos casos suspeitos e confirmados, além da assistência farmacêutica.

Isso mostra que o SUS considera o farmacêutico clínico como essencial no sistema de saúde nacional, tornando-se uma realidade fundamental para o País neste momento de crise.

Em entrevista coletiva realizada no final da tarde de ontem, Mandetta afirmou que serão firmadas parceria para que as farmácias possam também trabalhar nesse enfrentamento, aproveitando a expertise dos farmacêuticos, que estão à disposição em todas as farmácias, obrigatoriamente.

“Também poderemos fazer desses lugares pontos de apoio, não só para a aplicação da vacina da gripe - para que haja um mínimo possível de filas a partir da próxima semana -, como também para orientações desses medicamentos sintomáticos e para a testagem, assim que nós tivermos escala e que possamos descentralizar”, afirmou o ministro.

Em relação à campanha de vacinação contra a gripe, não é a primeira vez que o ministro menciona a capilaridade do sistema farmacêutico privado do Brasil como importante meio de distribuição dessas vacinas. Fundamental dizer que, no País, há cerca de 80 mil farmácias que deverão ser acionadas para que não se formem filas nos postos de saúde e que não haja aglomeração nesses locais no momento em que as vacinas estiverem disponíveis no mercado.

A equipe de Jornalismo do ICTQ - Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico procurou o Ministério da Saúde para maiores esclarecimentos sobre esse tema, mas foi informada de que ainda não há dados precisos sobre como isso se dará, mas que o esquema será divulgado nos próximos dias.

Os requisitos necessários à prestação do serviço de vacinação pelo farmacêutico, como cursos de qualificação, estão descritos na Resolução 654, de 22 de fevereiro de 2018, do Conselho Federal de Farmácia (CFF).

Leia também: Resolução 654/18 sobre serviço de vacinação, comentada

Vale lembrar que a Campanha Nacional de Vacinação contra Influenza 2020 começará em 23 de março, em todo o Brasil, com algumas modificações por conta da Covid-19. O Ministério da Saúde determinou que serão vacinados, primeiramente, os idosos e os trabalhadores de saúde, que atuam na linha de frente do atendimento à população.

A decisão é mais uma medida de proteção a esses públicos, em especial aos idosos, já que a vacina é uma prevenção aos quadros de doenças respiratórias mais comuns que, dependendo da gravidade, podem levar a óbito. Outra preocupação é evitar que as pessoas acima de 60 anos, público mais vulnerável ao coronavírus, precisem fazer deslocamentos no período esperado de provável circulação do vírus no País.

O governador de São Paulo, João Dória, anunciou, na manha de hoje (18/03), que mil drogarias ligadas à Associação Brasileira Redes Farmácias e Drogaria (Abrafarma) vão participar, oficialmente, da campanha de vacinação no Estado. A parceria será firmada também para a entrega de medicamentos em domicílio.

Testes do coronvírus nas farmácias

O Ministério da Saúde já havia admitido a falta de testes para a confirmação do coronavírus no Brasil. Por conta disso, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) já se comprometeu a aumentar a produção e já entregou 5,5 mil testes, prometendo mais 40 mil em abril, além dos outros 30 mil já disponibilizados no início de março. A expectativa é de que, ao longo dos próximos quatro meses, a Fiocruz produza mais de 1 milhão de testes, parte deles, provavelmente, destinados às farmácias.

Não está definida, ainda, qual tecnologia para os testes rápidos será utilizada para o diagnóstico. O ministro Mandetta disse que, apesar de não ser um processo simples “está trabalhando com algumas soluções para aumentar, e muito, a produção de kits”. Uma chamada para as empresas interessadas em fornecer esses testes deverá ser publicada no Diário Oficial da União, mas, por enquanto, a recomendação é de que sejam testados apenas casos graves.

Leia também: Anvisa avança nos testes rápidos em farmácias

Notificações

Desde terça-feira (17/03), as notificações de casos suspeitos para o Ministério da Saúde estão sendo feitas, automaticamente, pelos Estados. Antes as notificações desses casos passavam por uma análise prévia da pasta para saber se estavam enquadrados nos critérios clínicos estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A nova forma de notificação deverá dar mais transparência nas informações.

“Tratar os casos individualmente tinha eficácia no começo. De uma semana para cá houve transmissão comunitária, em que o número de notificações de casos fica alto e não se pode ir mais caso a caso. Então vamos para o critério automático de caso suspeito e depois se faz a testagem para a confirmação ou descarte”, explicou Mandetta.

Como já há transmissão comunitária em alguns Estados, o número de casos suspeitos tende a aumentar. A testagem para coronavírus será feita em casos graves, nos pacientes internados. Nos demais casos, considerados leves, será levado em conta o critério clínico epidemiológico. Por exemplo, o profissional de saúde faz o atendimento e, se percebe a possibilidade do caso da Covid-19, já notifica como caso suspeito da doença. Dessa forma, o farmacêutico clínico deverá ser incluído como notificador após o MS definir os procedimentos para isso.

Vários profissionais estão se manifestando a favor da medida do MS de colocar, também, as farmácias na linha de frente do combate ao novo coronavírus, como é o caso do farmacêutico, Cassyano Correr. Ele considera essa medida inédita na história do Brasil. Ele afirma que todos os profissionais de saúde estão sendo chamados, os que trabalham na retaguarda, na linha de frente atendendo aos pacientes, nos hospitais, em laboratório, em farmácias das unidades básicas de saúde, em farmácias públicas e privadas, nas clínicas e nos consultórios. Acompanhe abaixo:

Gratificação aos profissionais de saúde

O deputado Eduardo Braide (Podemos-MA), apresentou ontem (17/03) a INC 128/20, sugerindo ao presidente da República a instituição de gratificação temporária destinada aos profissionais da saúde que estejam diretamente envolvidos no combate ao coronavírus, sendo o farmacêutico clínico incluído nesse processo, em breve, como afirmou o ministro Mandetta.

Braide justifica sua indicação porque os profissionais de saúde não podem entrar em inatividade, já que estão envolvidos no diagnóstico da doença e no tratamento das pessoas infectadas. “E, à medida que os casos de contaminação aumentarem no Brasil, será necessária a atuação de um número maior de profissionais. A experiência internacional da Itália nos mostrou que a alta taxa de letalidade naquele país em razão do coronavírus advém, entre outros fatores, da falta de estrutura e de atuação tempestiva dos profissionais de saúde”, afirmou o deputado.

Assim, ele sugere essa gratificação temporária como forma de recompensar esses profissionais pelos serviços prestados à nação e de incentivar a participação de mais profissionais (leia a íntegra da INC 128/20 aqui).

Casos no Brasil

Nesta quarta-feira (18/03), as secretarias de saúde divulgaram o número de casos confirmados do novo coronavírus no Brasil. Ao todo, são 350 infectados, sendo que, na terça-feira (17/03), foi anunciada a primeira morte pelo vírus. A vítima foi um homem de 62 anos, que estava internada em um hospital de São Paulo (SP). Segundo informações, o paciente tinha diabetes e hipertensão.

Participação do CFF

O CFF emitiu nota dizendo que é a entidade responsável pela regulamentação das atribuições dos farmacêuticos clínicos (que impulsionou a prática clínica dentro desses estabelecimentos) e como protagonista do movimento pela aprovação da Lei 13.021/14 (que reclassificou as farmácias como estabelecimentos de saúde autorizados a dispor de vacinas para atendimento imediato à população). Por isso, os farmacêuticos e as farmácias têm o respaldo legal e regulamentar para atender a esse chamado do Ministério da Saúde. A nota afirma que muitos farmacêuticos e muitas farmácias se apresentarão, porque as palavras do ministro encontram ressonância com o trabalho realizado nos últimos anos pelo conselho para resgatar o papel do farmacêutico como profissional do cuidado à saúde dos indivíduos, das famílias e da comunidade.

O CFF elaborou um Plano de Resposta para as Farmácias Privadas e Públicas da Atenção Primária que, será atualizado constantemente, e espera contar com o apoio da categoria neste processo. A VERSÃO 01, composta de quatro volumes já foi publicada e segue abaixo.

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