A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu alerta de fraude desde que foi comunicada pelo Poder Judiciário do Paraná sobre irregularidades em uma empresa fornecedora de produtos químicos supostamente utilizados para a produção de vacinas.
De acordo com o órgão regulador, a Polícia Civil do Paraná suspeita que tenha havido troca intencional de produtos químicos, após investigação realizada nas dependências de uma empresa produtora de insumos. Pelo fato de o caso ainda estar em investigação criminal e sanitária, as empresas e os produtos envolvidos não podem ser divulgados.
Ainda segundo a Anvisa, tão logo foi informada do caso, notificou a indústria que teria recebido os produtos químicos fraudados para fabricação de vacinas. A indústria, por sua vez, considerou que nenhum dos produtos químicos apresenta risco para a qualidade das vacinas, uma vez que a maioria deles é utilizada com a finalidade de pesquisa ou como reagentes no preparo de soluções.
“Não há nenhum produto químico da empresa investigada pela Polícia Civil que tenha sido utilizado como insumo ou matéria-prima para a fabricação de vacinas”, frisou a agência reguladora no comunicado. “A Anvisa mantém o compromisso de monitorar possíveis riscos relacionados a vacinas e tem atuado em estreita cooperação com as autoridades policiais”, completa o documento.
Segundo a farmacêutica industrial e professora da pós-graduação de Gestão da Qualidade e Auditoria em Processos Industriais do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Luciana Colli, o sistema de gestão da qualidade tem como prevenir ou minorar problemas como esse.
“A gestão da qualidade tem como minimizar uma fraude de produtos químicos ou de qualquer outro insumo que se usa em uma indústria farmacêutica. Isso é feito por meio da qualificação dos fornecedores e também da cadeia de transportes”, diz Luciana, lembrando que a adulteração pode acontecer não apenas dentro da fabricante do insumo ou do reagente, mas também durante o transporte.
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A professora do ICTQ frisa também que, além de fornecedores qualificados, que já tenham tradição de mercado, há outros instrumentos de controle para se evitar fraudes, como as análises de controle de qualidade que se deve fazer ao receber matéria-prima, insumo ou embalagem.
“Essas análises precisam ser capazes de detectar situações como essa apontada pela Anvisa. Afinal de contas, você assume os erros do seu fornecedor. Se ele entrega um produto adulterado e você o utiliza no processo de fabricação do medicamento, cosmético etc., seu produto vai sair com desvio da qualidade e sua empresa será corresponsável por isso”, adverte Luciana.
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