A empresa italiana de biotecnologia Dompé recebeu autorização regulatória da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratar pacientes graves com o novo coronavírus (Covid-19), em caráter experimental durante estudos clínicos. A terapia será aplicada por meio da Reparixina, um medicamento desenvolvido para o tratamento oncológico e transplantes de órgãos.
"Começamos a desenvolver esse fármaco em 2005 e os primeiros testes, sempre na área oncológica, começaram a ser feitos em 2014. Com a emergência da Covid-19, assim como outras empresas, resolvemos apresentar nossos estudos e obtivemos a autorização da Agência Italiana de Medicamentos (Aifa, em sigla original) em maio de 2020 para casos graves", explica o diretor científico da Dompé, Marcello Allegretti, em entrevista à Época, publicada nesta quarta-feira (02/09).
Receba nossas notícias por e-mail: Cadastre aqui seu endereço eletrônico para receber nossas matérias diariamente
Ele completa: "A Reparixina inibe a ação da interleucina 8 (IL-8), uma das proteínas de sinalização inflamatória que acreditamos estar associada à lesão pulmonar observada em pacientes com infecção por coronavírus. Esta ação é benéfica em indivíduos com pneumonia por Covid-19, em que a resposta imune pode resultar em permeabilidade vascular que impede a troca gasosa e oxigenação. No passado, esse medicamento foi usado para neutralizar o processo inflamatório decorrente da reperfusão de órgãos no momento do transplante", ressalta.
Ao todo, dez hospitais, nas cidades de São Paulo, Presidente Prudente, São José do Rio Preto, Brasília, Varginha, Salvador e Criciúma poderão dar início à terapia experimental em 48 pacientes, que vão participar da chamada fase 2 de testes. A iniciativa visa avaliar a eficácia do medicamento, principalmente, em indivíduos com complicações respiratórias graves devido ao novo vírus.
Testes no Brasil
Em território nacional, o tratamento que foi aprovado pela Agência reguladora será realizado com comprimidos de Reparixina 1.200 mg, sendo que os pacientes receberão o medicamento três vezes ao dia, no período de sete dias, com possibilidade de extensão para até 21 dias caso a pessoa demonstre melhora, contudo, essa prescrição ficará à critério da avaliação médica.
"Os resultados obtidos no Brasil, durante a fase 2, podem determinar o início da Fase 3, nos Estados Unidos, com 111 pacientes, com aumento do número de pacientes testados e avaliação da efetividade comparativa da droga em relação aos tratamentos existentes", complementa Allegretti. Por fim, ele destaca: "Nossa intenção também é realizar essa última etapa clínica no Brasil e na Itália".
Participe também: Grupo de WhatsApp e telegram para receber notícias farmacêuticas diariamente
Obrigado por apoiar o jornalismo profissional
A missão da Agência de notícias do ICTQ é levar informação confiável e relevante para ajudar os leitores a compreender melhor o universo farmacêutico. O leitor tem acesso ilimitado às reportagens, artigos, fotos, vídeos e áudios publicados e produzidos, de forma independente, pela redação da Instituição. Sua reprodução é permitida, desde que citada a fonte. O ICTQ é o principal responsável pela especialização farmacêutica no Brasil. Muito obrigado por escolher a Instituição para se informar.