A Sandoz, empresa farmacêutica do Grupo Novartis, vai lançar dois medicamentos biossimilares no Brasil, em 2020. Os produtos, que já foram aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), serão para o tratamento de doenças dermatológicas, reumatológicas e gastroenterológicas.
O diretor da Sandoz no Brasil, Marcelo Belapolsky (foto), confirmou, em entrevista ao jornal Valor Econômico, que a empresa farmacêutica irá atuar com uma estimativa de US$ 30 milhões (cerca de R$ 121 milhões) por ano no País.
“Não é o maior mercado para este tipo de medicamento. O segmento público gera receitas de US$ 175 milhões (equivalente a R$ 710 milhões) por ano, mas ainda precisamos entrar na lista do Ministério da Saúde e isso leva mais tempo”, disse.
De acordo com o executivo, após a aprovação da Anvisa, a intenção é trabalhar para que os medicamentos também sejam liberados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), para que pacientes de planos de saúde possam utilizá-los.
“Devemos demorar de quatro a seis meses até esses biossimilares serem liberados pelo controle de qualidade. A partir daí, entraremos com o pedido de compra junto à matriz”, enfatiza.
Ele explica que os medicamentos serão importados da Áustria. Além disso, também fala sobre os impactos que os biossimilares podem trazer para a indústria farmacêutica no Brasil: “O biossimilar tem uma grande oportunidade de crescimento no País. É um mercado que deve se aprimorar muito nos próximos anos. Por isso, já realizamos uma parceria junto a Bionovis e a Fiocruz /Bio-Manguinhos, para o desenvolvimento de molécula”.
Apenas em 2019, o executivo explica que o faturamento da companhia farmacêutica no País deve ter chegado a US$ 200 milhões (equivalente a R$ 817 milhões). Já neste ano, a estimativa é de crescimento entre 5% a 6%, pois, as vendas dos novos biofármacos devem começar mais para o final de 2020. “Estamos contando somente o crescimento com a divisão de genéricos. Aliás, devemos lançar mais oito medicamentos em 2020”, afirmou o representante.
Em relação à parceria, citada por Belapolsky, trata-se de Parcerias para Desenvolvimento Produtivo (PDPs), em que a Sandoz irá passar sua tecnologia para a Bionovis, que é sua parceira privada, e a Fiocruz/ Bio-Manguinhos, a pública. As iniciativas são para a elaboração de um novo biofármaco.
Vale ressaltar que a Sandoz já tem em seu catálogo dois medicamentos biossimilares, o Zarzio (filgrastim), indicado para a diminuição da duração de neutropenia (redução de contagem de glóbulos brancos) em caso de pacientes que estão em tratamento com quimioterapia, e o Riximyo (rituximabe), também para finalidades oncológicas. Esse medicamento foi o primeiro do segmento aprovado no Brasil.
"A Sandoz tem oito biofármacos no mercado mundial. No Brasil teremos, até o final deste ano, quatro. Ainda há muito que crescer por aqui, até 2020. Deveremos lançar quatro moléculas em território nacional", diz Belapolsky.
Biofármacos em 2020
A Bionovis, farmacêutica brasileira que tem como sócios os laboratórios Aché, EMS, Hypera Pharma e União Química, fechou 2019 com um faturamento de R$ 450 milhões. A expectativa para 2020 é que a receita suba para R$ 600 milhões. Segundo o presidente executivo da companhia, Odnir Finotti, esse desempenho será alcançado com a operação de uma nova etapa da transferência de tecnologia para o medicamento biológico que a farmacêutica desenvolve com a Fiocruz/Bio-Manguinhos, por meio de Parcerias para Desenvolvimento Produtivo (PDPs).
“Hoje, já fazemos o envase em nossa unidade em Valinhos (SP) do medicamento biológico Rituximabe [referência MabThera], que combate o câncer de linfoma não-Hodgkin. Já o Etanercepte [produto de referência Enbrel], fazemos a embalagem. Somente para essa linha de envase, tivemos que investir R$ 215 milhões, recursos dos sócios”, afirmou o executivo.
Segundo Finotti, a companhia recebeu, no fim de 2019, o banco de células do Infliximabe, indicado para artrite reumatóide, em parceria com a Janssen Cilag, que detém o biofármaco de referência. “Com isso, teremos que investir mais R$ 410 milhões nessa fábrica nos próximos quatro anos, para nos prepararmos para a produção desses medicamentos”, afirmou o executivo.
Matéria completa publicada no portal do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (leia aqui).