Farmácias venderam mais de 52 milhões de comprimidos do ‘kit-Covid’

Farmácias venderam mais de 52 milhões de comprimidos do ‘kit-Covid’

Entre março de 2020 a março atual, as farmácias brasileiras venderam mais de 6,6 milhões de medicamentos do chamado ‘kit-Covid’, coquetel que tem entre fármacos a hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina e nitazoxanida.

O levantamento foi realizado pela Agência Pública. A entidade aponta que, ao todo, foram vendidos cerca de 52 milhões de comprimidos desses quatro medicamentos que não têm comprovação de eficácia para combater o novo coronavírus.

Todavia, esse número pode ser ainda maior, visto que os dados contemplam apenas as vendas nas farmácias privadas, ou seja, não inclui as doses administradas em hospitais ou no Sistema Único de Saúde (SUS).

O estudo aponta que a hidroxicloroquina, voltada ao tratamento de malária e doenças autoimunes, como lúpus, teve mais de 1,3 milhão de caixas vendidas no Brasil ao longo do último ano, que representa cerca de 32 milhões de comprimidos comercializados.

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Enquanto isso, o antibiótico azitromicina teve mais de 13 milhões de comprimidos vendidos nas farmácias brasileiras no período, sendo mais de 3 milhões de caixas. Durante o último ano, a venda do medicamento saiu de uma média de 711 mil comprimidos por mês para 1 milhão ao longo da pandemia.

E ainda há os vermífugos; a nitazoxanida e a ivermectina, com 3,8 milhões e 2,3 milhões de comprimidos vendidos, respectivamente.

Picos de vendas

O pico de vendas da hidroxicloroquina e da azitromicina ocorreu em março recente, período mais letal da pandemia no País.

Já o pico de vendas da ivermectina ocorreu em agosto de 2020, com 2 milhões de comprimidos. E o da nitazoxanida foi em julho passado, com 885 mil comprimidos vendidos.

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Entidades de saúde desaconselham uso do ‘Kit-Covid’

Cabe reforçar que o uso de medicamentos do chamado ‘kit-Covid’ para tratar a doença já foi desaconselhado por diversas entidades de saúde, inclusive, pela própria Organização Mundial de Saúde. Além de não demonstrar eficácia para combater a doença, o uso indiscriminado desses fármacos pode trazer complicações graves e até mesmo a morte de pacientes.

A coordenadora acadêmica do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, e especialista em farmácia clínica e prescrição farmacêutica, Juliana Cardoso, reforça que compete ao farmacêutico fazer essa devida orientação ao paciente, esclarecer sobre os efeitos colaterais que eles podem causar e cita alguns deles.

“Além de efeitos colaterais, que são diferentes daqueles considerados como principal por um fármaco, o indivíduo se expõe a uma chance de reação adversa, que se caracteriza como qualquer resposta prejudicial ou indesejável, não intencional, a um medicamento. Além dessas ações indesejáveis, os pacientes ainda se expõe ao risco de intoxicações, insuficiências hepáticas e até mesmo hepatite medicamentosa, que é uma grave inflamação do fígado causada pelo uso prolongado de medicamentos”, explicou.

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