Na manhã da quinta-feira (16/04), o Papa Francisco presidiu a missa na Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano. Na celebração, o pontífice dirigiu suas orações aos farmacêuticos, além disso, ele pediu que as pessoas rezem por esses profissionais, que atuam na linha de frente no combate à pandemia, ocasionada pelo novo coronavírus (Covid-19).
“Nestes dias, reclamaram-me porque me esqueci de agradecer a um grupo de pessoas que também trabalha [no combate ao vírus]. Agradeci aos médicos, enfermeiros e voluntários, mas me disseram ‘o senhor se esqueceu dos farmacêuticos’. Eles também trabalham muito para ajudar os doentes a sair da enfermidade. Rezemos também por eles”, pediu o maior representante da igreja católica.
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Em seguida, o Papa prosseguiu com a homilia, que etimologicamente falando, significa ‘conversa familiar’, sendo uma pregação do evangelho, proferida pelo sacerdote, ou seja, uma explicação da leitura dada em forma de discurso, que deve fazer a ligação entre a Bíblia e a vida das pessoas que assistem à celebração.
Atuação dos farmacêuticos na Itália
Em março de 2020, a Itália chegou a ser o epicentro da pandemia de proliferação do novo coronavírus. Em virtude disso, as farmácias italianas tiveram que adaptar um forte esquema de segurança para proteger os profissionais. Entre muitas orientações, a Federfarma, órgão responsável pelo setor naquele país, recomendou alguns protocolos importantes para os profissionais que trabalham nos estabelecimentos. Em todo o território italiano, os equipamentos de proteção individual (EPI) são obrigatórios.
Além disso, o órgão estabeleceu que os farmacêuticos atendam com a farmácia fechada ou com alguma forma de isolamento do profissional. Nesse sentido, muitos estabelecimentos adaptaram uma alternativa de barreira de separação nos balcões, que é feita por meio de um vidro de proteção que separa o farmacêutico do paciente.
As luvas e máscaras cirúrgicas também estão dentro do protocolo recomendado. O fornecimento desses produtos está, inclusive, sendo realizado pelo Governo italiano. “A nossa prioridade é permitir que os médicos, enfermeiros, farmacêuticos e todos os integrantes da equipe de saúde trabalhem com segurança. Com valentia e abnegação, eles se esforçam para curar os cidadãos nessa emergência, sem poupar esforços”, garantiu o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte (veja fotos das farmácias na Itália aqui).
Assista ao vídeo com a benção do Papa:
Íntegra da homilia com a benção do Papa
“Nestes dias, em Jerusalém, as pessoas tinham muitos sentimentos: o medo, o espanto, a dúvida. Naqueles dias, enquanto o coxo curado não deixava mais Pedro e João, todo o povo, fora de si pelo espanto…: há um ambiente não tranquilo, porque aconteciam coisas que não se entendia. O Senhor apareceu a seus discípulos. Também eles já sabiam que tinha ressuscitado, inclusive Pedro o sabia, porque tinha falado com Ele naquela manhã. Esses dois que tinham retornado de Emaús o sabiam, mas quando o Senhor apareceu se assustaram.
Assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um fantasma; a mesma experiência que tiveram no lago, quando Jesus veio caminhando sobre as águas. Mas naquele tempo, Pedro, tomando coragem, apostou no Senhor, disse: ‘Se és tu, faze-me caminhar sobre as águas’. Este dia Pedro estava calado, tinha falado com o Senhor, naquela manhã, e daquele diálogo ninguém sabe o que foi dito entre eles, e por isso estava calado. Mas estavam cheios de medo, assustados, acreditavam ver um fantasma. E diz: ‘Por que estais preocupados, e por que tendes dúvidas no coração? Vede minhas mãos e meus pés…’, mostra-lhes as chagas. Aquele tesouro de Jesus que Ele levou para o Céu a fim de mostrá-lo ao Pai e interceder por nós. ‘Tocai em mim e vede! Um fantasma não tem carne, nem ossos’.
E depois, vem uma frase que me dá muita consolação, e, por isso, esta passagem do Evangelho é uma das minhas preferidas: ‘Mas eles não podiam acreditar, porque estavam muito alegres’, ainda e estavam repletos de surpresa, a alegria os impedia de acreditar. Era tamanha aquela alegria que ‘não, isso não pode ser verdade. Essa alegria não é real, é demasiada alegria’. E isso os impedia de acreditar. A alegria. Os momentos de grande alegria.
Estavam repletos de alegria, mas paralisados pela alegria. E a alegria é um dos votos que Paulo faz aos seus de Roma: ‘Que o Deus da esperança vos torne repletos de alegria’, lhes diz. Encher de alegria, ser repletos de alegria. É a experiência da mais alta consolação, quando o Senhor nos faz entender que isso é diferente do estar alegre, positivo, luminoso…Não, é outra coisa. Ser alegre, mas repleto de alegria, uma alegria transbordante que, verdadeiramente, nos invade. E por isso Paulo lhes deseja que ‘o Deus da esperança vos torne repletos de alegria’, aos Romanos.
E aquela palavra, aquela expressão “encher de alegria” é repetida, muitas, muitas vezes. Por exemplo, quando se dá, no cárcere, e Pedro salva a vida do carcereiro que estava para se suicidar, porque as portas se abriram com o terremoto e depois lhe anuncia o Evangelho, o batiza, e o carcereiro, diz a Bíblia, estava ‘repleto de alegria’ por ter acreditado. O mesmo acontece com o ministro da economia de Candace, quando Filipe o batizou, desapareceu, ele seguiu seu caminho ‘repleto de alegria’. O mesmo acontece no dia da Ascensão: os discípulos voltaram para Jerusalém, diz a Bíblia ‘cheios de alegria’. É a plenitude da consolação, a plenitude da presença do Senhor. Porque, como Paulo diz aos Gálatas, ‘a alegria é o fruto do Espírito Santo’, não é a consequência de emoções que nascem por uma coisa maravilhosa… Não, é mais que isso. Esta alegria, esta que nos toma, é o fruto do Espírito Santo. Sem o Espírito não se pode ter esta alegria. É uma graça receber a alegria do Espírito.
Veem-me à mente os últimos números, os últimos parágrafos da Exortação Evangelii nuntiandi de Paulo VI, quando fala dos cristãos alegres, dos evangelizadores alegres, e não daqueles que vivem sempre tristonhos. Hoje, é um dia bonito para lê-los. Repletos de alegria. É isso que a Bíblia nos diz: ‘Mas eles ainda não podiam acreditar, porque estavam muito alegres…’, era tanta que não acreditavam.
Há uma passagem do livro de Neemias que nos ajudará, hoje, nesta reflexão sobre a alegria. O povo, tendo voltado para Jerusalém, reencontrou o livro da Lei, foi descoberto novamente – porque eles sabiam a Lei de cor, não encontravam o livro da Lei –, grande festa e todo o povo se reuniu para ouvir o sacerdote. Esdras lia o livro da Lei. O povo, comovido, chorava, chorava de alegria, porque tinha encontrado o livro da Lei e chorava, estava alegre, o choro… Quando o sacerdote Esdras terminou, Neemias disse ao povo: ‘Estejam tranquilos. Agora, não chorem mais, conservem a alegria, porque a alegria no Senhor é a força de vocês’.
Esta palavra do livro de Neemias nos ajudará hoje. A grande força que temos para transformar, para pregar o Evangelho, para seguir adiante como testemunhas de vida é a alegria do Senhor, que é fruto do Espírito Santo, e hoje peçamos a ele que nos conceda esse fruto”.
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