Por meio da portaria 2.792/20, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) criou um grupo para estimular a indústria de medicamentos e insumos em território nacional. A iniciativa, intitulada GT-Farma, propõe políticas de desenvolvimento tecnológico e de incentivo à inovação e produção de matéria-prima para medicamentos no País.
Incialmente, o grupo terá duração de 180 dias, contudo, esse período poderá ser prorrogado. A força-tarefa surge em meio à crise de falta de insumos importados, agravada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
"Basicamente, hoje você tem mais de 90% dos insumos fabricados na Índia e na China e um pouco na Europa, o que cria uma dependência", destacou o secretário de empreendedorismo e inovação do MCTI, Paulo Alvim, em entrevista publicada no jornal Fato.
O surto ocasionado pelo vírus despertou um alerta na indústria farmacêutica nacional e mundial: a dependência de matéria-prima estrangeira para produção de medicamentos. O fato é que com mais de 200 milhões de habitantes, o Brasil, por exemplo, depende, fundamentalmente, de insumos que são importados.
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Segundo o presidente da Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac), Henrique Tada, o Brasil já chegou a ser um dos principais produtores de insumos do mundo. "Chegamos a ser, na década de 80, o quinto maior produtor de matéria-prima farmacêutica do mundo. Mas com a abertura do mercado, que aconteceu no início dos anos 90, essa fabricação foi bastante prejudicada”, destacou ele, cuja entidade participa do grupo de trabalho do MCTI.
Intenção
Nesse sentido, a iniciativa do MCTI visa fomentar ações para que esse setor cresça novamente, com a intenção de consolidar a soberania nacional nesse segmento.
No entanto, o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), Norberto Prestes, destaca que é muito difícil outro país ganhar autonomia total na produção de insumos. Contudo, ele ressalta que a iniciativa desenvolvida pelo MCTI pode trazer resultados positivos.
"Em um mundo globalizado é difícil termos 100% de independência de importações. Mas precisamos ter pelo menos a autonomia tecnológica na fabricação de matéria-prima", afirma ele.
Segundo dados da consultoria especializada IQVIA, atualmente, o Brasil é o sexto maior mercado farmacêutico do mundo. Contudo, ainda assim depende, fundamentalmente, de insumos importados. Apenas entre setembro de 2018 e o mesmo mês de 2019, a movimentação econômica do varejo no setor foi de aproximadamente R$ 119 bilhões.
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