O bilionário Carlos Wizard (foto), fundador da rede Wizard de escolas de inglês, foi convidado para comandar a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) do Ministério da Saúde (MS). Antes mesmo de assumir a pasta, em entrevista à CNN, Wizard informou que todos os contratos para compra de respiradores no exterior haviam sido cancelados pelo MS.
De acordo com o empresário, a pasta substituirá a importação de respiradores pela produção nacional, que já apresenta condições de suprir a demanda necessária para o combate ao novo coronavírus. “Fiz um trabalho gigantesco de prospecção do mercado nacional e internacional. E estipulamos que não pagaríamos mais de US$ 10 mil por aparelho. Quando passamos a estudar o cenário, os aparelhos que estavam vindo da China, Alemanha, Inglaterra saíam por US$ 20 mil, US$ 30 mil. Sugeri puxar o freio de mão e fortalecermos a indústria nacional”, disse à CNN. Até o momento, segundo o site Congresso Em Foco, a pasta distribuiu 2.651 respiradores, em 22 estados. Desses, 1.039 foram entregues no último final de semana.
A SCTIE é considerada estratégica por coordenar parcerias com a iniciativa privada para fabricação de medicamentos e outros insumos. A pasta também analisa qual produto pode passar a ser ofertado no Sistema Único de Saúde (SUS), um dos maiores mercados de medicamentos do mundo. Ela analisa, por exemplo, pesquisas sobre medicamentos testados para a Covid-19, como a cloroquina.
Apesar da veemente defesa da droga pelo presidente Jair Bolsonaro, SCTIE sempre se mostrou cautelosa. Em abril, elaborou nota técnica orientando o uso da cloroquina apenas para pacientes moderados, graves e críticos da doença, desde que a aplicação seja feita em ambiente hospitalar.
Já sob o ministro interino general Eduardo Pazuello, o ministério mudou radicalmente de discurso, ignorou os informes da SCTIE e passou a recomendar uso da cloroquina desde o primeiro dia de sintomas da Covid-19, mesmo para pacientes que ainda aguardam a confirmação laboratorial do diagnóstico.
A SCTIE estava sem chefe efetivo desde 22 de maio, quando foi confirmada a exoneração do médico Antonio Carlos Campos de Carvalho, que ocupou o cargo por menos de um mês. Conforme o Estadão, ele pediu para deixar o governo, entre outros motivos, por opor-se à vontade de Bolsonaro de ampliar a orientação sobre uso da cloroquina. Resta saber como a pasta se comportará com o novo secretário.
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Wizard, proprietário da Mundo Verde, maior rede de varejo de alimentos orgânicos do País, e de marcas como KFC e Pizza Hut no Brasil, já atuava como conselheiro de Assuntos Estratégicos no MS. O bilionário e o ministro interino Pazuello trabalharam juntos na “Operação Acolhida”, que ajuda venezuelanos que cruzam a fronteira com o Brasil.
Em agosto de 2018, Wizard mudou-se de São Paulo para Boa Vista, capital de Roraima, na fronteira com a Venezuela, para atuar na operação, segundo revelou o Estadão. No ano passado, ele relatou ao jornal que cumpria uma “missão” da igreja mórmon Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que frequenta desde a adolescência em Curitiba, onde nasceu.
De acordo com o Estadão, equipe da SCTIE foi avisada sobre a nomeação do novo chefe e a assessoria de Wizard confirmou ao jornal o convite e disse que ele aceitará. Consultada pelo Portal do ICTQ, a Secretaria afirmou que não tinha informações acerca da nomeação de Wizard e sobre o cancelamento da compra de respiradores. Já a assessoria de imprensa do MS não respondeu até o fechamento desta matéria. Caso ela se pronuncie este texto será atualizado.
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