No último domingo (22/03), o Ministério da Saúde (MS) pediu responsabilidade aos farmacêuticos sobre a automedicação com cloroquina e hidroxicloroquina no combate ao novo coronavírus (Covid-19). De acordo com o órgão federal, muitas pessoas estão utilizando, de forma irresponsável e perigosa, a substância como medida de prevenção ao vírus.
Em coletiva à imprensa, o ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, recomendou: “Cada farmácia desse País deve ter um farmacêutico responsável. E esse profissional tem que ser farmacêutico responsável, ele deve pedir a receita, entender, interpretar, orientar [a população], porque não há ainda fundamento de uso preventivo. [Essas pessoas que estão se automedicando] vão fazer uma série de lesões, auditivas, como surdez, hepáticas. Leiam a bula, esse medicamento não é uma dipirona, ele é um produto que é utilizado para uma determinada doença. Nós vamos começar parametrizar [o uso], principalmente, para os pacientes hospitalizados, para começarmos a ver qual o funcionamento [desse medicamento]. Tudo que aparecer, que nos trouxer uma perspectiva, todo mundo comemora e esperamos, em breve, ter um cenário com uma notícia que todos querem”.
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O ministro ainda chamou a atenção para o fato de que muitos pacientes, que necessitam do medicamento, estão sem dar continuidade aos seus tratamentos em virtude da falta do produto nas farmácias: "Tem pessoas com lúpus, artrite reumatoide e até malária que não estão encontrando o medicamento", enfatizou.
A procura pela hidroxicloroquina aumentou nas farmácias após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, indicar o uso do medicamento dizendo que os resultados preliminares mostraram que a substância pode ser eficaz no tratamento contra o novo coronavírus.
Em seu pronunciamento, realizado na última quinta-feira (19/03), Trump pediu pressa para a Food and Drug Administration (FDA), entidade que regula os medicamentos nos EUA, na aprovação definitiva do produto no combate ao vírus. No entanto, o comissário do órgão sanitário americano, Stephen Hansen, pediu cautela: "Precisamos ter certeza que, nesse mar de novos tratamentos, levaremos a droga certa, ao paciente certo, na dosagem certa e no momento certo", alertou.
Posicionamento da Anvisa
Na última sexta-feira (20/03), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) enquadrou a hidroxicloroquina e cloroquina como medicamentos de controle especial. A medida aconteceu, justamente, para evitar que pessoas que não precisam da substância provoquem um desabastecimento no mercado.
Segundo informação divulgada pelo próprio órgão sanitário, vários relatos chegaram à Agência sobre o aumento da procura pelo fármaco nas farmácias, logo após algumas pesquisas indicarem que o produto pode ajudar no tratamento da Covid-19.
Nesse sentido, a Anvisa ressalta que: "Apesar de alguns resultados promissores, não há nenhuma conclusão sobre o benefício do medicamento no tratamento contra o novo coronavirus".
Assista ao vídeo com a recomendação do Ministério da Saúde aos farmacêuticos:
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