O Irã produz grande parte dos seus medicamentos, mas produtos específicos, como drogas para o tratamento de câncer, precisam ser importados. Em crise com os Estados Unidos, o país tem enfrentando dificuldades nesse sentido, porque muitos exportadores evitam negociar com a indústria farmacêutica iraniana, por receio de entrar em crise com o governo de Donald Trump, que impôs medidas internacionais contra o setor financeiro iraniano.
Os agentes responsáveis por efetuar as transferências temem que, por conta das transações, sejam enquadrados pelas autoridades americanas e acabem impedidos de operar no sistema financeiro dos EUA, país que representa a maior potência econômica do mundo.
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Nesse sentido, para garantir exportações ao Irã de bens humanitários, como medicamentos e comidas, a Suíça resolveu criar o Acordo Suíço para Comércio Humanitário, que começou a ser montado em 2018, concluindo a sua primeira missão relativa ao envio de um lote de medicamentos, avaliado em US$ 2,3 milhões (mais de R$ 8 milhões), ao país para o tratamento de pacientes recém-transplantados.
Em comunicado oficial, a Secretaria Estatal de Assuntos Econômicos da Suíça falou sobre o envio: "Devido aos riscos legais associados às sanções dos EUA, quase nenhuma instituição financeira está disposta a realizar pagamentos ligados ao Irã. Os únicos canais disponíveis hoje são caros, complexos e pouco confiáveis".
Vale ressaltar que, com o agravamento das sanções, muitos pacientes em tratamento contra o câncer ficaram sem medicamentos específicos para combater a doença, tendo a terapia comprometida e, consequentemente, a saúde.
Um ponto importante é que após a criação do canal de ajuda humanitária suíço, os EUA prometeram não adotar ações contra os exportadores, entretanto, esses precisarão detalhar todas as atividades relacionadas ao auxílio ao Irã às autoridades suíças. Segundo o Estadão, essas informações serão compartilhadas com o Departamento do Tesouro no território americano.
No entanto, a imposição do governo americano nesse contexto gera dúvidas em muitos especialistas, pois, muitos acreditam que com os dados das transações e, por tabela, das instituições iranianas que vão receber o auxílio, seria mais fácil para definir alvos no Irã de sanções futuras.
Em postagem divulgada no Twitter, o advogado especializado no assunto, Tyler Cullis, explicou que um possível fracasso na estratégia pode ser determinante para ser usado contra os iranianos, pois, nessa situação, poderia justificar um impasse diplomático.
"Isso é tudo parte da manobra desse governo [americano]: (1) limitar as vias legais pelas quais o comércio humanitário com o Irã pode ocorrer; (2) mostrar sua desaprovação a outros agentes que evitem usar 'mecanismo humanitário'; e (3) pôr a culpa no Irã quando as variações negativas acontecerem", afirmou ele, em sua rede social.
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