Nesta terça-feira (03/08), a farmacêutica francesa Sanofi anunciou a compra da Translate Bio, companhia americana especializada em tecnologia de RNA mensageiro, usada nas vacinas contra a Covid-19. A transação, segundo a farmacêutica, totalizará US$ 3,2 bilhões (cerca de R$ 16,5 bilhões).
Segundo O Globo, a pretensão da Sanofi está além da Covid-19, pois a marca destacou que pretende explorar o potencial da tecnologia em outras patologias, conforme declarou o CEO da farmacêutica, Paul Hudson, em nota à imprensa:
“Nosso objetivo é liberar o potencial do RNA em outras áreas estratégicas, como imunologia, oncologia e doenças raras, além das vacinas”.
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As duas companhias já vêm trabalhando no desenvolvimento de uma vacina para combater o novo coronavírus. Porém, ainda não tem nenhum imunizante disponível no mercado.
Como se sabe, a gigante francesa ficou para trás na corrida das vacinas, já que as concorrentes Pfizer/BioNTech e Moderna desenvolveram seus imunizantes em tempo recorde utilizando a mesma tecnologia, o RNA.
Vacina da Sanofi só deve ser aprovada em 2022
Desde março de 2020, a Sanofi e a Translate Bio estão desenvolvendo o imunizante de mRNA contra a Covid-19. No entanto, esse esforço surgiu de uma parceria entre as empresas, iniciada ainda em 2018, que pretende desenvolver vacinas de mRNA para até cinco patógenos de doenças infecciosas.
A possível vacina contra o novo coronavírus está atualmente em um teste inicial. A expectativa é que os resultados dos ensaios sejam concluídos no final de setembro. Enquanto isso, a aprovação para uso deve ser somente em 2022.
Além dessa iniciativa, as companhias estão desenvolvendo uma vacina para gripe. Essa está ainda em fase inicial.
Investimentos na tecnologia mRNA
Em junho passado, a Sanofi anunciou que planeja investir cerca de US$ 480 milhões (cerca de R$ 2,49 bilhões aproximadamente) por ano em tecnologia de mRNA com um “centro de excelência” recém-criado. Segundo a companhia, o foco é amplo, pois atinge desde a pesquisa básica até a fabricação.
Ainda de acordo com a farmacêutica, a iniciativa busca acelerar o fluxo de produtos de mRNA que estão sendo desenvolvidos em conjunto com a Translate Bio, além de produzir novas vacinas de mRNA mais estáveis em temperaturas médias e com menor propensão a causar efeitos colaterais.
Sobre o mRNA mensageiro
O farmacêutico e professor da Pós-graduação em Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêutica no ICTQ - Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Rafael Poloni, explica que há diversas tecnologias abordadas no desenvolvimento de vacinas. Em comum, o principal alvo dos imunizantes é a proteína S (spike), responsável pela ligação do vírus SARS-CoV-2 com as células humanas.
Em seguida, ele explica como funciona a tecnologia do mRNA mensageiro nas vacinas da Covid-19.
“Esse tipo de formulação é baseado no desenvolvimento de um mRNA sintético, que será apresentado ao nosso organismo e o ensinará a fabricar a proteína S do SARS-CoV-2, responsável pela ligação do vírus com as nossas células. Como exemplo dos imunizantes que usam essa tecnologia, temos a vacina da Pfizer e da BioNTec”.
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