Com o desenvolvimento acelerado de vacinas proporcionado pela pandemia do novo coronavírus, o segmento ganhou impulso na indústria farmacêutica. Empresas que se dedicaram à pesquisa de imunizantes contra a Covid-19 colheram valorizações bilionárias nas bolsas de valores de vários países. Com esse movimento, crescem as oportunidades para farmacêuticos atuarem no ramo industrial.
O ‘boom’ no mercado de vacinas abriu várias frentes em toda a cadeia de produção e distribuição de medicamentos, conforme destaca a farmacêutica industrial e professora da pós-graduação de Gestão da Qualidade e Auditoria em Processos Industriais do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Luciana Colli.
“Primeiramente, esse ‘boom’ ocorreu na área de importação de insumos, especialmente do IFA (Insumo Farmacêutico Ativo). Depois, o próprio processo de fabricação nas indústrias brasileiras – Bio-Manguinhos/Fiocruz, Butantan e outros laboratórios que estão produzindo as vacinas”, destaca Luciana, lembrando que na sequência vêm os distribuidores e todo o restante da cadeia farmacêutica.
“É bom destacar que todos esses processos necessitam da presença e da assistência técnica do farmacêutico, seja na importação, na produção ou na distribuição”, acrescenta a professora do ICTQ. “Com o aumento da demanda, abrem-se várias oportunidades para os profissionais de Farmácia”, completa.
Como a indústria farmacêutica é naturalmente muito exigente, a busca por novos profissionais passa necessariamente pelos mais experientes, conforme ressalta Luciana. “Infelizmente, o mercado sempre busca pessoas com experiência. No caso atual, esse profissional não precisa ter experiência diretamente com vacina, mas é necessário vivência no ramo industrial, na fabricação e importação de medicamentos”.
Vacinas são medicamentos biológicos e como tal precisam de farmacêutico com conhecimentos consolidados, adiciona Luciana. “É muito difícil equilibrar essa relação demanda por profissional – candidato experiente versus inexperiente. Porque o processo de fabricação de medicamentos é extremamente regulado, altamente complexo, envolve muito risco. São criadas várias estratégias para minimizar esse risco, mas ainda assim, devido à intensidade das atividades, ao impacto dessas atividades, não ter um profissional experiente pode significar muito risco”.
Por conta disso, a professora aconselha aos interessados na área industrial começarem cedo. “É preciso começar desde jovem, passando por todas as etapas da carreira na indústria, desde estagiário, trainee, depois analista júnior, pleno e sênior e os cargos gerenciais. Porque são atividades muito complexas e, como o mercado de fabricação de medicamentos tem uma rotina muito intensa, não há tempo suficiente para fazer treinamentos de conhecimentos básicos. Por isso o profissional farmacêutico deve crescer dentro da indústria farmacêutica”, frisa Luciana.
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A professora do ICTQ destaca ainda que, para quem quer seguir carreira no setor industrial, é preciso muita dedicação para estudar, desenvolver a própria capacidade de trabalhar em grupo e de gerir pessoas e processos. Ela conta que começou a carreira em empresas do varejo farmacêutico e depois migrou para fabricantes, importadores e distribuidores de produtos para a saúde. Mas foi um longo caminho percorrido até atingir um cargo de gestão.
Segundo ela, no início da carreira não existiam muitos cursos de pós-graduação na área, então teve de aprender fazendo, lendo e estudando sozinha. “Era um grande desafio devido à complexidade dessa área de atuação. Mas, atualmente tenho uma carreira madura, ministro aulas, trabalho na indústria e presto consultoria”.
Luciana afirma gostar dessa área desde quando cursava a faculdade. “Um dia, um pequeno empresário precisava do serviço e me convidou para fazê-lo. Na época, eu não tinha muita experiência, e ele, poucos recursos financeiros. Mas abracei a oportunidade e acreditei no meu desempenho profissional, e isso me ajudou muito. Foi a partir dessa primeira experiência que adquiri conhecimentos novos e que me valeram muito. E foi a partir daí também que percebi que a área demanda conhecimento nos diversos setores das empresas”.
O farmacêutico industrial tem uma das carreiras mais concorridas e valorizadas do mercado. Com o avanço da legislação do setor, a crescente preocupação com a qualidade dos produtos industrializados e a necessidade de aumento de produtividade industrial a carreira demanda, cada vez mais, investimentos em aperfeiçoamento profissional.
Ser farmacêutico industrial exige do profissional conhecimentos aprofundados de gestão industrial e ferramentas da qualidade, normas nacionais e internacionais de Boas Práticas de Fabricação, técnicas de controle de qualidade, gestão de projetos e processos e, principalmente, da legislação sanitária do setor.
Leia mais: A carreira do farmacêutico industrial.
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