O farmacêutico vive o melhor momento de consolidação profissional das últimas décadas. Ao mesmo tempo em que inúmeras responsabilidades são atribuídas por força de legislações, essas regulamentações criam oportunidades aos profissionais nos mais diversos segmentos farmacêuticos. Assim, se ele souber observar as oportunidades existentes e se capacitar com o objetivo de se diferenciar, será, com toda certeza, mais valorizado e disputado nesse mercado em franca expansão.
De acordo com o consultor e executivo do varejo farmacêutico, Salomão Kahwage, de forma geral, um profissional para assumir funções estratégicas em grandes empresas, ou mesmo, para tentar empreender, precisa desenvolver outras competências e habilidades, não se restringindo ao conhecimento técnico da academia, que continua sendo condição essencial, mas não é diferencial para o sucesso de um grande profissional. Para se destacar em um mercado competitivo, o profissional precisa buscar conhecimento em todas as áreas, tais como a de gestão. “Por isso, o farmacêutico, além do conhecimento técnico, deve agregar em seu currículo diversas habilidades para garantir mais chance de destaque profissional”, lembra ele.
Já a farmacêutica executiva de Pós-Registro do Laboratório EMS, Claudia Fadiga, diz que o farmacêutico é um profissional multidisciplinar. Ele está apto a exercer funções exclusivamente técnicas, mas está cada vez mais sendo exigido que desenvolva habilidades de gestão. Dentro das indústrias existem diversos departamentos que trabalham exclusivamente com farmacêuticos, devido a essas habilidades expandidas. Ele consegue ter uma ampla visão técnica a respeito do negócio, porém está sempre pronto a tomar decisões que sejam necessárias.
Ela afirma que há duas formas de crescimento na carreira na indústria: o crescimento em busca de gestão e o crescimento em “Y”. Carreira em “Y” não exige que o profissional faça gestão de uma equipe, mas permite que ele se torne um especialista em sua área, com os mesmos benefícios de um cargo de gestão. Portanto, é possível buscar melhores salários, posições e avanços na carreira sem necessariamente exercer um cargo gerencial. “Essa é mais uma vantagem da nossa profissão farmacêutica, pois se tornando especialista em sua área, o farmacêutico é visto como uma referência naquele assunto, contribuindo para seu sucesso profissional”, comenta ela.
O aumento da complexidade nas rotinas administrativas, tanto na indústria quanto no varejo, exigem do farmacêutico uma gama de habilidades de gestão que, somadas aos conhecimentos técnicos, lhe permitam desempenhar um papel de liderança nas empresas onde atuam, segundo o professor do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Leonardo Doro Pires. “De fato é bom que as coisas estejam caminhando para este cenário, pois ao assumir a posição de gestores os farmacêuticos se apoderam dos processos decisórios que envolvem suas atribuições técnicas”, defende ele, que continua: “O que temos observado no mercado é que as melhores remunerações encontram-se nos cargos gerenciais, que exigem além dos conhecimentos técnicos e de gestão a capacidade de exercício de liderança”. É importante que os farmacêuticos que pretendem concorrer a um cargo gerencial entendam a importância de desenvolver sua capacidade de liderança. Existem técnicas consagradas para este desenvolvimento, como um processo de coaching, por exemplo.
As diferenças mais relevantes
Com relação à diferenciação entre a atuação do farmacêutico na gerência do varejo e da indústria, Kahwage afirma que os desencontros estão na dinâmica do negócio, porém em ambos os setores o objetivo final é o mesmo: permitir maior acesso a um produto farmacêutico, com consequente ganho financeiro. Desta forma, o farmacêutico poderá atuar, por exemplo, na área de marketing em uma indústria farmacêutica assumindo função gerencial para viabilizar grandes estratégias de vendas ou na coordenação técnica de uma grande rede do varejo farmacêutico para permitir que as farmácias estejam em conformidade com a legislação. “Em ambos os exemplos, o farmacêutico precisará ter conhecimento de gestão, de planejamento e de estratégia. Embora a dinâmica seja diferente, o objetivo final é o mesmo: expansão do negócio”, defende o consultor.
Já Claudia acredita que dentro da indústria existe uma maior amplitude de atuação do farmacêutico. Ele pode atuar em diversas áreas, tais como produção, controle de qualidade, garantia de qualidade, assuntos regulatórios, desenvolvimento, gestão de projetos, marketing, suprimentos, vendas, SAC, farmacovigilância e até com propaganda médica. “Porém, na maioria dessas áreas dentro da indústria não há o contato direto com o paciente, o que é possível no varejo, e isso pode fazer a diferença na satisfação do profissional”, defende a executiva.
Para ressaltar as principais diferenças entre os farmacêuticos na indústria e no varejo, Pires destaca as 12 mais relevantes. Acompanhe.
DIFERENÇAS ENTRE: | Gerentes na indústria | Gerentes no varejo |
1 - Salário | De R$ 5.000,00 a R$ 14.000,00 | De R$ 4.000,00 a R$ 8.000,00 |
2 - Status | Coordenação, Gerência e Direção | Supervisão, Coordenação e Gerência |
3 - Natureza do trabalho | Técnico administrativo voltado para clientes internos | Técnico administrativo voltado para o cliente final |
4 - Nível de gestão exigido | Alto | Alto |
5 - Área de atuação | Qualidade, Produção, Registro e Validação | Atendimento, Comercial e Clínica |
6 - Responsabilidades | Qualidade final do produto e atendimento à legislação | Qualidade do atendimento ao cliente e desempenho comercial da empresa |
7 - Horário de trabalho | Prioritariamente administrativo (8h às 18h), podendo ser variável nos primeiros níveis gerenciais | Variável |
8 - Folgas | Preferencialmente nos finais de semana. | Preferencialmente aos domingos. |
9 - Número de subordinados | Pode ultrapassar o número de mil subordinados | De 5 a 30 subordinados |
10 - Contato com o público | Raro | Constante |
11 - Estilo de liderança | Democrática | Democrática |
12 - Possibilidade de crescimento profissional | Muito alto | Alto |