Organizações e empresas ligadas ao combate da Covid-19 foram duas vezes mais invadidas por hackers em 2020 na comparação com o ano anterior, revelou levantamento da IBM divulgado nesta quarta-feira (24/2). Segundo a empresa, os cibercriminosos aproveitaram a pandemia para ampliar os ataques, informou o G1.
De acordo com o relatório da IBM, fabricantes de produtos farmacêuticos, hospitais e empresas de energia que alimentam a cadeia de suprimentos relacionada à pandemia foram os principais alvos dos criminosos cibernéticos.
Esse grupo de organizações representou 6,6% das ameaças digitais detectadas em 2020, comparado com 3% do ano anterior. A análise foi feita a partir de dados de 130 países, incluindo o Brasil. O relatório da IBM indica que os criminosos estão de olho em infraestrutura crítica, mesmo que não estejam ligadas ao combate à pandemia.
Em dezembro, a IBM alertou que o processo de transporte de vacinas contra Covid-19 poderia ser alvo de hackers. Na ocasião, cibercriminosos enviaram e-mails falsos para tentar obter informações. Esse tipo de golpe de mensagens falsificadas que tentam enganar as pessoas ao se passar por alguém confiável é conhecido como ‘phishing’ e costuma figurar como a modalidade de ataque mais popular.
Empresas e marcas que se popularizaram diante da pandemia e da necessidade de trabalhar remotamente foram utilizadas como iscas pelos criminosos nesses casos, apontou a IBM. Em muitas ocasiões, o hacker envia um e-mail pedindo para a pessoa recuperar a sua senha ou fornecer dados sensíveis.
A professora do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico Luciana Colli, especialista em ferramentas de gestão para a indústria farmacêutica, destaca que o sistema de gestão da qualidade, em ação conjunta com o setor de Tecnologia da Informação (TI) da empresa, deve desenvolver estratégias para minimizar o risco de ataques de hackers, “levando em consideração inclusive o trabalho remoto, com todos os cuidados necessários que os profissionais em casa exigem”.
Luciana alerta também para o fato de que esse tipo de assunto não deve estar restrito ao setor de TI como algumas pessoas ainda pensam. “Hoje o farmacêutico precisa estar envolvido com essas áreas, elas não estão desconectadas da gestão da qualidade, muito pelo contrário, são áreas complementares”, assinala.
Embora o ‘phishing’ tenha figurado como método preferido de ataque por anos, isso mudou em 2020. A maneira mais bem-sucedida de ataques foi verificando e explorando vulnerabilidades (35%) de sistemas digitais.
Outra modalidade de ação dos cibercriminosos envolve ataques por vírus de resgate (ransomware), em que o hacker consegue bloquear os arquivos da vítima e cobra um valor para liberar o conteúdo. Tais ataques foram responsáveis por 23% do total dos incidentes de segurança detectados no relatório da IBM – uma alta de 20% em relação a 2019.
O crescimento dessa modalidade está relacionado com os possíveis lucros: a companhia estima que o vírus de resgate ‘Sodinokibi’ rendeu US$ 120 milhões (R$ 650 milhões) aos cibercriminosos. Entretanto, a recomendação de especialistas é nunca pagar o resgate.
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Metade das campanhas de vírus de resgate usou a extorsão dupla, quando o criminoso pede dinheiro para restaurar o acesso aos arquivos e outra quantia para não vazar os dados que ele roubou.
A proteção mais recomendada para esses casos é manter sempre os dispositivos e aplicativos atualizados, com procedimentos bem implantados envolvendo toda a empresa. “A equipe de TI será uma fonte de suporte e de trabalho conjunto”, frisa Luciana Colli.
Segundo a professora do ICTQ, algumas ações devem ser consideradas como a oferta de um programa antivírus adequado, inclusive para os profissionais de trabalho remoto, e softwares sempre atualizados. “Além disso, é importante ter e-mails criptografados, já que muita informação relevante circula por esse canal”, enfatiza.
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