Em comunicado distribuído ontem (4/2), o laboratório Merck, fabricante da ivermectina, informa não haver evidência de que o produto funcione contra Covid-19. A empresa ressalta ainda que faltam dados quanto à segurança do uso da substância para esse tipo de tratamento.
No documento, a Merck, que deteve a patente da ivermectina até 1996, disse que não há base científica para um potencial efeito terapêutico potencial contra a Covid-19 em estudos pré-clínicos já publicados, conforme apurou o Estadão. A empresa acrescentou também que não há evidência significativa de eficácia clínica em pacientes com a doença.
O laboratório ainda destacou que há uma preocupante ausência de dados sobre segurança da substância no contexto da Covid-19 na maior parte dos estudos. “Não acreditamos que os dados disponíveis sustentem a segurança e a eficácia da ivermectina além das doses e dos grupos indicados nas informações de prescrição aprovadas por agências regulatórias”.
Segundo a Merck, cientistas continuam a examinar as descobertas de todos os estudos disponíveis e emergentes sobre o efeito do medicamento contra a infecção causada pelo coronavírus, mas, até o momento, não há nenhuma base científica que aponte efeitos positivos em pacientes.
A recomendação original de uso da ivermectina presente em bula é voltada para tratamento de infecções causadas por parasitas. No Brasil, ao longo da pandemia ganhou força a informação sem base científica de que o medicamento seria eficaz contra a Covid-19.
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Um dos grande impulsionadores do uso da substância foi o presidente Jair Bolsonaro. Ele chegou a anunciar que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) facilitaria o acesso ao medicamento para uso contra a Covid-19 ao não cobrar mais retenção de receita. A droga também foi incluída no ‘kit covid’ do Ministério da Saúde, indicado como tratamento precoce contra a doença.
Mas a Anvisa contestou essas informações, sustentando que não existiam estudos conclusivos sobre o uso do medicamento no contexto da Covid-19. “As indicações aprovadas para a ivermectina são aquelas constantes da bula do medicamento”, reforçou a Agência, conforme o Estadão.
A substância chegou a ser recomendada também em um aplicativo desenvolvido pelo Ministério da Saúde – TratCov – com orientações de tratamento contra o novo coronavírus, que incluía outros medicamentos sem eficácia comprovada como a cloroquina. Após diversas críticas, a plataforma acabou tirada do ar.
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