O corte de 400 empregos na área de pesquisa e desenvolvimento (P&D) na sede francesa do laboratório Sanofi provocou protestos dos trabalhadores. A Confederação Geral do Trabalho (CGT) da França convocou uma manifestação contra a decisão e comentou que isso pode explicar o atraso da vacina da empresa, revelou o Diário da Causa Operária.
No ano passado, a Sanofi já havia anunciado o corte de mil empregos na França e 700 em outros países europeus. Para o secretário-geral da CGT, Philippe Martinez, a decisão de agora do laboratório tem entre suas consequências a perda da valiosa experiência dos profissionais de P&D e aponta isso como causa do atraso da multinacional na corrida global para criar imunizantes contra o novo coronavírus.
“Pode-se perguntar se o atraso no desenvolvimento da vacina na Sanofi não está ligado a essa perda de habilidades, a essa perda de know-how”, declarou Martinez ao portal Franceinfo. A CGT está planejando uma greve a partir de hoje (19/1) contra a medida, que descreve como inaceitável.
“Essa não é a primeira vez, ao longo dos anos, tem havido sucessivos planos de reestruturação, principalmente na área de pesquisa e desenvolvimento”, disse Martinez. Mesmo assim, a empresa “continuará a pagar dividendos aos acionistas este ano”, cutucou. O dirigente sindical apelou ao ministro da Economia, Bruno Le Maire, para que intervenha, “em nome do emprego, em nome da solidariedade nacional”.
O presidente da empresa, Olivier Bogillot, negou que as demissões representem desinvestimento em pesquisa. “Tudo o que ouço atualmente sobre o fato de a Sanofi estar desinvestindo em P&D na França é falso, é exatamente o contrário. Vamos nos atrasar alguns meses, mas a vacina chegará em menos de dois anos, o que é um recorde para o desenvolvimento de um imunizante desse tipo, com uma proteína recombinante”, declarou o executivo à AFP.
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Mas, segundo o delegado da CGT, Laurent Biessy, há, sim, um processo de enxugamento do setor de P&D da empresa. “Estamos testemunhando o desmantelamento deste setor. Os números falam por si. Em 2007, ele contava com mais de 6 mil pesquisadores. Hoje é a metade”, declarou, segundo o jornal Le Parisien.
A economista de saúde e professora da Sorbonne, Nathalie Coutinet, confirma esse movimento. “Os cortes de empregos são parte de uma lógica de redução da força de trabalho de P&D na Sanofi há anos. Hoje, a empresa está se concentrando em seus sucessos de bilheteria, produtos ultralucrativos que tem em seu portfólio. Mas será realmente inteligente reduzir sua capacidade de pesquisa em medicamentos?”, questiona a professora, conforme Le Parisien.
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