Onda de desindustrialização atinge também o setor farmacêutico

Onda de desindustrialização atinge também o setor farmacêutico

A recente saída de multinacionais do Brasil é considerada uma segunda onda de desindustrialização que começou na recessão anterior, em 2014. Além da Ford, Mercedes-Benz e Sony, também o grupo farmacêutico Roche anunciou que encerrará totalmente a produção de medicamentos no Brasil até 2024. 

Entre 2015 e 2020, Brasil perdeu 36,6 mil estabelecimentos industriais, conforme levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), revelou o Estadão. Isso equivale a quase 17 estabelecimentos industriais exterminados por dia. 

Apenas no ano passado, 5,5 mil fábricas encerraram suas atividades. Segundo a série histórica iniciada em 2002, até 2014, o número de fábricas crescia, mesmo com a indústria de transformação perdendo relevância na economia diante do avanço de outros setores. 

Há seis anos, o País tinha 384,7 mil estabelecimentos industriais. Mas, no fim do ano passado, a estimativa era de que o número tinha caído para 348,1 mil. Pouco antes do anúncio da Ford, outras multinacionais já haviam comunicado que fechariam suas fábricas no Brasil, caso da Sony e da Mercedes-Benz, que encerrou a produção de automóveis. 

Em 2019, a suíça Roche anunciou que, até 2024, deixará de produzir medicamentos no Brasil. Depois de quase 90 anos no País, a empresa decide fechar as portas de sua única fábrica, instalada em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, e passará a importar os medicamentos que vende por aqui. 

Cinco anos atrás, o laboratório celebrava um aporte de R$ 300 milhões destinado à modernização das instalações. “O Brasil é a afiliada que mais cresce entre os mercados emergentes. Este investimento reforça o nosso compromisso com a América Latina e está totalmente alinhado à nossa estratégia no País”, afirmou na ocasião o presidente do Conselho de Administração do Grupo, Christoph Franz, segundo a revista Istoé Dinheiro.   

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De acordo com a empresa, o fechamento da unidade está relacionado ao plano global de inovações e às transformações no portfólio de medicamentos. A ideia da companhia, segundo revelou à revista, é concentrar as apostas em produtos inovadores e de baixo volume de produção para tratamentos complexos. 

A perda de participação da indústria no PIB é um movimento tido como normal nas economias, que, à medida que se desenvolvem, veem as atividades de serviços ganharem peso na estrutura produtiva. No entanto, no Brasil, esse processo é reflexo sobretudo de um ambiente adverso de negócios para a indústria. 

Essa é a avaliação da economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Juliana Trece. “Por mais que esse movimento seja natural, o Brasil está longe de ser uma sociedade que já comprou todos os bens industriais e passou a gastar mais com serviços”, afirmou ao Estadão. Ela ressaltou que o fator determinante é a falta de competitividade, que dificulta a atração de investimentos para o setor. 

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Na avaliação do gerente executivo de Economia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, a debandada atual segue o mesmo roteiro visto há poucos anos em setores como metalurgia e petroquímica, que estão na cadeia dos insumos utilizados por outras indústrias.  

Para o economista, a competição com outros países é acirrada. Nos últimos anos houve movimentos seguidos de fechamento de fábricas de equipamentos para a indústria extrativa, estaleiros, na indústria de alumínio, na área petroquímica, no setor têxtil. “A decisão das matrizes sempre é procurar o país que vai gerar mais lucro. O Brasil é um país com alto custo de segurança jurídica. O Brasil não decola, é um país que cresce e trava. Com isso, a própria demanda do país não se mantém ao longo do tempo”, salientou Fonseca ao jornal. 

Segundo ele, a solução para manter as multinacionais não é conceder incentivos fiscais, mas, sim, investir em energia e infraestrutura para exportações, além do novo mantra dos economistas: a reforma tributária. “A reforma tributária beneficia setores com cadeia mais longa. Início da cadeia – extração de minério e agropecuária – tem competitividade. Já a indústria de ponta gera mais empregos e tem mais poder de arrasto na economia”, pontuou. 

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