Empresas farmacêuticas criam fundo de US$ 1 bilhão para combater superbactérias

Empresas farmacêuticas criam fundo de US$ 1 bilhão para combater superbactérias

Laboratórios de vários países uniram-se para criar um fundo com o objetivo de desenvolver novos antibióticos para combater a incidência crescente das superbactérias resistentes a drogas, que são responsáveis por cerca de 700 mil mortes por ano em todo o mundo. A meta do fundo é trazer de dois a quatro novos antibióticos ao mercado até 2030.

Batizado de AMR Action Fund (AMR é a sigla em inglês para resistência antimicrobiana), o novo fundo terá o aporte de US$ 1 bilhão (R$ 5,35 bilhões) e inicialmente será composto por 23 laboratórios de diversos países da Europa, além de Estados Unidos, Japão e Israel.

O fundo terá sede em Boston e um centro adicional na Europa. Investirá em empresas de biotecnologia que tenham foco no “desenvolvimento de tratamentos inovadores antibacterianos que lidem com as necessidades de saúde pública de maior prioridade, façam diferença significativa na prática clínica e salvem vidas”, como diz em seu site. A equipe de gestão e seus investidores darão apoio técnico às empresas do portfólio, oferecendo a experiência e os recursos dos grandes laboratórios farmacêuticos que investiram no fundo.

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Segundo os dirigentes do AMR, o alvo das pesquisas patrocinadas pela instituição serão as bactérias que provocam as doenças mais mortais e têm maior resistência às drogas atuais. De acordo com eles, as infecções resistentes a antibióticos têm aumentado rapidamente nos últimos anos. “Elas podem afetar qualquer pessoa, de qualquer idade, em qualquer país. A resistência antimicrobiana é uma questão universal que afeta todos nós”, diz um texto publicado no site do fundo.

Atualmente, a resistência aos antibióticos prejudica vários aspectos da medicina. De acordo com a International Federation of Pharmaceutical Manufacturers & Associations (IFPMA), 700 mil pessoas morrem por ano de infecções que não podem ser tratadas porque as bactérias evoluíram e se tornaram resistentes aos antibióticos disponíveis. Em alguns dos cenários mais alarmantes, estima-se que, em 2050, a resistência antibiótica poderia tirar até 10 milhões de vidas por ano.

Entre as muitas “bactérias do pesadelo” surgindo está a Enterobacteriaceae, resistente à carbapenema, que pode matar até metade dos infectados, e a Pseudomonas aeruginosa, resistente a várias drogas, que é uma das maiores causas de infecções mortais de pulmão nas pessoas com fibrose cística, conforme revelou o Financial Times (FT).

O executivo-chefe da Eli Lilly, David Ricks, que também preside a IFPMA, disse ao FT que o fundo dará sustentação à “cadeia de desenvolvimento de antibióticos, que está à beira do colapso, uma situação potencialmente devastadora, que poderia afetar milhões de pessoas ao redor do mundo”.

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Os laboratórios farmacêuticos desistiram desse segmento nos últimos 20 anos, entre outros motivos, pelo baixo preço dos antibióticos genéricos e o fato de que os medicamentos precisam ser tomados apenas por curtos períodos, além da probabilidade de que os governos determinem um acesso limitado a um novo tratamento efetivo que surja, mantendo-o em reserva apenas para tratar as infecções mais graves, evitando assim que o uso excessivo gere resistência à droga.

O fundo almeja investir em 15 a 20 novos antibióticos que já iniciaram os testes clínicos e dos quais entre 20% e 25% poderiam mostrar a segurança e a eficácia suficientes para chegar ao mercado. A meta é ter disponível, em uma década, entre dois e quatro novos antibióticos.

De acordo com o FT, a iniciativa AMR estava quase por ser concluída no início do ano. Com a Covid-19, a indústria farmacêutica e especialistas mundiais em doenças infecciosas concentraram-se no combate ao coronavírus em vez de bactérias. Embora a pandemia tenha adiado o lançamento do fundo, líderes setoriais disseram que também trouxe mais premência à busca por melhores tratamentos contra infecções, sejam bacterianas ou virais.

“Diferentemente da Covid-19, a resistência antimicrobiana é uma crise previsível e evitável”, disse ao FT o diretor-gerente da IFPMA, Thomas Cueni. “Precisamos agir juntos para reconstruir a cadeia de desenvolvimento e garantir que os antibióticos mais promissores e inovadores consigam sair do laboratório e chegar aos pacientes”.

Os dirigentes do AMR têm a expectativa de que bancos de desenvolvimento e fundações agreguem recursos ao projeto, de forma que o fundo possa contar com mais do que o US$ 1 bilhão previsto. Werner Hoyer, presidente do Banco Europeu de Investimento (BEI), divulgou comunicado de apoio ao lançamento do fundo. “O BEI está dando suporte ativo, com instrumentos financeiros inovadores, contra as falhas de mercado identificadas”, disse Hoyer. “A resistência antibiótica claramente é uma delas”.

A encarregada especial do Reino Unido para assuntos de resistência antimicrobiana e ex-assessora-chefe de medicina da Inglaterra, Sally Davies, disse que o fundo é “um bom ponto de partida da indústria farmacêutica para compensar sua falta de investimentos em antibióticos no passado”, segundo o FT.

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