Nas redes sociais, Renata Spallicci é bastante conhecida por sua estreia à frente da bateria da escola de samba Barroca Zona Sul, no Carnaval de São Paulo, e por ser fisiculturista. Contudo, o que muita gente não sabe é que ela é diretora de Assuntos Corporativos da Apsen Farmacêutica, criada há 50 anos por seus avós, Irene e Mário. Em entrevista à revista Quem Acontece, a executiva falou sobre a necessidade de aumento na produção de hidroxicloroquina, em meio à pandemia ocasionada pelo novo coronavírus (Covid-19).
A Apsen detém 95% do mercado nacional de hidroxicloroquina, o medicamento tem sido usado por alguns médicos no tratamento da Covid-19. Segundo Renata, a necessidade de aumento na produção aconteceu após os pedidos em 30 dias baterem o volume de vendas de todo o ano de 2019. Esse aumento na procura veio logo após o presidente, Jair Bolsonaro, apontar, mesmo sem comprovação científica, que o fármaco seria eficaz contra a doença.
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As informações divulgadas sobre o medicamento fizeram com que muitos pacientes de doenças crônicas ficassem sem tratamento. A hidroxicloroquina é um fármaco usado na prevenção e terapia de malária sensível à cloroquina. A substância também pode ser usada para tratar artrite reumatoide, lúpus, entre outras enfermidades descritas na bula. Contudo, alguns estudos preliminares indicaram a possibilidade de o produto ser eficaz contra o novo coronavírus. No entanto, essa possibilidade ainda está em fase de testes.
“Acompanhávamos esses estudos antes da divulgação (da possibilidade de uso da hidroxicloriquina) e fomos surpreendidos com a magnitude que isso tomou”, comentou Renata, que é engenharia química, ao portal da Quem. A executiva lembra ainda que recebia pedidos de pacientes que estavam sem o medicamento: “Recebemos mensagens de pacientes crônicos muito sensibilizados”, lembra.
Renata relata que para suprir a demanda foram necessárias algumas medidas: “Fizemos uma negociação com o Ministério da Saúde (MS) para que fosse possível, junto com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), implementar medidas para que isso não acontecesse, além de um trabalho com redes de farmácias e farmácias independentes”, explica.
Quanto à eficácia da hidroxicloriquina no tratamento da Covid-19, a executiva afirma que, caso fosse contaminada pelo novo vírus, deixaria essa indicação a critério de um especialista: “Deixaria na mão dos meus médicos e seguiria o que eles orientassem”, pontua.
Estudos recentes
Há muitos contrapontos ainda sobre a possível eficácia da hidroxicloriquina no tratamento da Covid-19. Apesar de alguns estudos, logo quando começou a pandemia, terem indicado possíveis resultados positivos contra a doença, análises mais recentes, divulgadas em maio de 2020, não foram muito otimistas.
Um desses novos estudos foi feito por pesquisadores da Universidade de Albany, em Nova Iorque. A análise não encontrou relação entre o uso do medicamento e a redução da mortalidade pela doença. Foram analisados 1.438 pacientes infectados com coronavírus, em 25 hospitais da cidade.
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