Classificada como um dos maiores exportadores globais de insumos farmacêuticos, a Índia anunciou a retomada da normalização das vendas internacionais, que haviam sido afetadas pelas restrições internas do país por conta da pandemia do novo coronavírus. Para os analistas do setor farmacêutico, a decisão deve ajudar a suprir as necessidades de pacientes em diversos países.
De acordo com a Agência Efe, o governo local havia proibido as vendas ao exterior de 14 insumos farmacêuticos ativos (IFA) e suas formulações derivadas, incluindo o aciclovir, um antiviral, e vários antibióticos. A proibição foi suspensa em 7 de abril, com algumas restrições ao paracetamol e à hidroxicloroquina, que exigem autorização expressa.
Pelo que apurou a Agência Efe, o governo indiano retirou algumas das restrições impostas aos IFAs e medicamentos em 7 de abril, alegando solidariedade ao resto do mundo e não devido à pressão de qualquer país, como disse à agência uma fonte do Ministério da Saúde indiano, que pediu anonimato.
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Mas, segundo outras fontes, a decisão foi tomada pelo receio do governo indiano de que sofreria represálias dos Estados Unidos. Essa é, segundo a Agência Efe, a opinião do ex-diretor do Conselho Indiano de Pesquisa Médica e especialista em doenças infecciosas, Jacob John Tekkekara. Ele afirmou que, apesar de ser uma decisão sólida, notou ter sido tomada um dia após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçar o país com retaliações se não permitisse as exportações.
“Trump fez uma ameaça e, se não levássemos a sério, ele poderia ter feito o que disse que faria, como fez com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Ele é imprevisível, e é por isso que o primeiro-ministro indiano Narendra Modi fez a coisa certa”, disse Tekkekara à Agência Efe. O especialista se referiu ao congelamento dos fundos americanos para a OMS na semana passada, pelo que creditou a um manuseio incorreto da crise da Covid-19.
Entre as substâncias liberadas está a hidroxicloroquina
Com a possibilidade de ser utilizada para combater a Covid-19 (os estudos estão em andamento), a hidroxicloroquina tem atraído a atenção de vários países, inclusive do Brasil, pressionando a produção e os estoques globais do medicamento, que é utilizado para combater a malária e doenças autoimunes. “Temos reservas suficientes. Não há problema porque nossa produção é muito superior à nossa demanda interna”, garantiu o diretor da Associação Indiana de Fabricantes de Medicamentos (IDMA), Ashok Kumar, ao negar que haverá desabastecimento no país.
“Até agora, nossa demanda mensal era de apenas 20 milhões de caixas de hidroxicloroquina, enquanto temos capacidade para produzir 200 milhões de caixas, por isso temos uma grande margem para atender nossa demanda interna pela Covid-19 e também exportar”, disse à Agência Efe. Algumas empresas fabricam o medicamento sem dependência de matérias-primas externas, embora Kmar tenha explicado que outras empresas precisam importá-los, principalmente da China, o que pode representar problemas, como o aumento de preço.
De acordo com informações levantadas pela Agência Efe, a Índia está fornecendo hidroxicloroquina, entre outros, para Brasil, Afeganistão, Sri Lanka e Estados Unidos. “Os Estados Unidos estão comprando outros medicamentos de nós, mais de 20% de nossas exportações vão para o país”, disse o diretor da IDMA, que elogiou o fim da proibição decretada pela Índia.
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