O surto do coronavírus na China tem afetado o mercado financeiro em todo o mundo e já levanta uma preocupação em relação à importação e exportação de insumos e produtos no Brasil. Em Goiás, por exemplo, 40% da matéria-prima utilizada na indústria farmacêutica vem daquele país. Em território chinês, a epidemia continua em alta. Já são mais de 24 mil casos confirmados pelo governo e quase 500 mortos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência de saúde pública de interesse internacional por causa do surto do novo coronavírus. Em entrevista à rádio CBN, o presidente executivo do Sindicato das Indústrias Farmacêuticas no Estado de Goiás (Sindifargo), Marçal Henrique Soares, comentou sobre a preocupação da indústria.
“As matérias-primas importadas das plantas chinesas, que estão, de uma certa forma espalhadas por todo o país, têm sim, uma pequena concentração, também, na cidade de Xangai, que é o grande polo produtivo de insumos e produtos farmacêuticos. A cidade fica muito próxima a Wuhan (epicentro da epidemia). Então, imaginamos que o vírus realmente possa chegar lá, causando a mesma proporção de necessidade de fechamento da cidade, assim como aconteceu em Wuhan”.
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Soares é enfático ao afirmar que isso poderia impactar na produção de medicamentos pela indústria farmacêutica brasileira. “Sim, isso iria interferir em uma proporção muito grande. Porque, com o fechamento da cidade, fecham as fábricas, para de funcionar o transporte coletivo, as pessoas realmente ficam confinadas em suas residências. Com isso, nossas compras [de produtos farmacêuticos] seriam afetadas. Aliás, não só o Estado de Goiás que seria afetado, mas o mundo inteiro. Vários países importam matéria-prima da China para a indústria farmacêutica”.
Ele destaca: “Os chineses são grandes produtores que abastecem o mundo inteiro, então, nós realmente teríamos um sério problema na nossa produção de medicamentos no Brasil”.
O presidente do Sindifargo também explica que os estoques das indústrias farmacêuticas podem não ser suficientes caso a epidemia se prolongue: “Olha, as indústrias goianas têm seus estoques, que são reguladores de matéria-prima e de produtos acabados, mas eles não podem ser muito grandes porque são produtos perecíveis, com prazos de validade, em sua maioria, com dois anos da data de produção. Nossa capacidade de estocar é limitada pelos cálculos que já foram realizados, por logística e, também, não há uma possibilidade de compra exagerada nesse momento, que poderia demorar até 60 dias para chegar. Então, eu não vejo uma solução caso o grande centro produtivo de Xangai seja fechado”, destaca.
Ele complementa: “As consequências podem ser drásticas. Nessa situação, nós [a indústria] poderemos ter alguns produtos que acabem de imediato, em menos de 30 dias, e outros em, no máximo, 90 dias, mesmo considerando os que já estão entrando [no Estado]. Então, se realmente acontecer o fechamento desses centros produtivos [na China] nós vamos ficar em uma situação de maus lençóis”, enfatiza.
Vírus no Brasil
Na última terça-feira (04/02), o Ministério da Saúde (MS) atualizou as informações repassadas pelas Secretarias Estaduais de Saúde sobre a situação de casos suspeitos em território nacional. Segundo o órgão, 13 pessoas estão internadas com a suspeita de infecção pelo vírus.
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