Farmacêutica da UFMG pesquisa antiviral contra Covid-19

Farmacêutica da UFMG pesquisa antiviral contra Covid-19

A farmacêutica Jordana Grazziela Alves Coelho dos Reis, PhD que atua no Laboratório de Virologia Básica e Aplicada do Departamento de Microbiologia, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), desenvolve estudos para obter um tratamento eficiente contra a Covid-19 que envolva novos medicamentos e o reposicionamento de drogas que já estão disponíveis no mercado para tratar a infecção.

Jordana está empenhada em duas grandes linhas de pesquisas no Instituto de Ciências Biológicas da UFMG. A primeira identifica drogas antivirais que podem contribuir para o tratamento da doença, e a outra busca por biomarcadores de acompanhamento dos pacientes infectados com o novo coronavírus.

Em seu estudo, a professora busca entender a resposta antiviral e inflamatória de pacientes com Covid-19, a reação imunológica protetora que esses indivíduos desenvolvem ou não, pode ser usado, futuramente, como biomarcadores de progressão clínica, com desfecho favorável ou desfavorável, conforme ela revelou ao informativo do Conselho Federal de Farmácia (CFF).

“A gente tenta entender o que um indivíduo que se curou teve que o paciente que foi a óbito não teve. Isso é importante para que possamos fazer intervenções mais preliminares e anteriores para tentar conter os casos mais graves, que podem ser preditos como ruins”, afirmou Jordana ao CFF. “Essa resposta pode ser usada como preditor de morbidade, gravidade ou de cura”.

Na segunda linha de pesquisa, é analisado como o profissional pode fazer o reposicionamento de medicamentos que estão disponíveis no mercado para tratar a infecção. “Nós buscamos drogas que estejam já em um estágio mais avançado, bem como aquelas que ainda estão no seu início, que precisam ser avaliadas da toxicidade à análise de biodisponibilidade, até se prepararem a ser fármacos para tratamento de doenças de importância”, explica Jordana.

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Ela revela que existem protótipos a fármacos, e essa pesquisa é necessária para proposição do reposicionamento de drogas. “Nós estamos trabalhando dentro dessa vertente e preparando toda a instrumentação, laboratórios, linhagem viral, cultivos celulares, capacitando, atuando na formação de recursos humanos e de alunos de mestrado e doutorado aqui da universidade, para que eles possam trabalhar e fazer o teste efetivo de drogas com potencial antiviral para o novo coronavírus (SARS-CoV 2)”.

A pesquisadora destaca ainda que, por não existir tratamento efetivo para a Covid-19, o papel do farmacêutico no manejo clínico dos pacientes é inquestionável. “Nós temos estratégias e abordagens que estão sendo utilizadas, mas muitas vezes para o uso emergencial e sem uma colaboração científica que nos garanta que aquela terapia é efetiva para pacientes infectados com esse vírus”.

Nesse aspecto, de acordo com Jordana, o valor da formação do farmacêutico e a contribuição que ele pode dar no contexto da Covid-19 são essenciais. “A gente precisa de pessoas formadas e com todo o arcabouço em farmacologia, em farmacocinética e farmacodinâmica de drogas, para que eles nos auxiliem a desvendar os mecanismos que precisam ser vistos para o desenvolvimento de drogas específicas para SARS-CoV 2”, frisa a pesquisadora.

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Jordana completa destacando a importância do trabalho acadêmico, de forma que farmacêuticos habilitados possam auxiliar nas pesquisas científicas, no desenvolvimento racional de drogas e também para encontrar biomarcadores laboratoriais de acompanhamento clínico do paciente com Covid-19. “É importantíssimo que esses profissionais venham para a universidade, realizem o seu mestrado, doutorado ou pós-doutorado conosco, trabalhando nas linhas de pesquisa para o enfrentamento da Covid-19”.

Enquanto virologista e imunologista, a pesquisadora da UFMG revela ainda que o impacto da Covid-19 na sociedade atual se assemelha ao que houve na pandemia do HIV na década de 1980. “A gente teve outras também, de influenza, associadas a outros vírus, mas eu falo do HIV pela importância, pelas mudanças de paradigmas e da maneira de se relacionar com o mundo que o HIV trouxe. Eu acho que o SARS-CoV 2 vai ter esse mesmo impacto, se não for maior”, assinala.

Apesar de causar doença grave em um porcentual pequeno da população, o novo coronavírus o faz de uma forma muito significativa. “Hoje nós temos 38 milhões de indivíduos infectados com HIV no mundo. Ele demorou um espaço de mais de 40 anos para poder acumular 38 milhões de infectados”, lembra Jordana.

“Já o SARS-CoV 2, em menos de dez meses, acumula 26 milhões de pessoas infectadas. E daí vemos o contraste e a agressividade, a alta transmissibilidade do SARS-CoV 2, até pelo modo de transmissão, que é a via aérea, e pelo contato com secreções”, frisa a pesquisadora.

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