A atuação do farmacêutico hospitalar em ambientes críticos e salas de emergência exige muito mais do que conhecimento técnico. Esses espaços, marcados por decisões rápidas e alto risco de erro, colocam à prova a capacidade de organização, precisão e integração do profissional com a equipe multiprofissional. Para o, professor do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, farmacêutico clínico e PhD em Farmacologia, Matheus Tavares, a gestão eficiente dos medicamentos em tais ambientes é essencial para salvar vidas e garantir a segurança do paciente.
“A gestão de medicamentos em ambientes críticos e salas de emergência envolve desafios importantes, como a necessidade de decisões rápidas, o risco aumentado de erros de medicação, a complexidade clínica dos pacientes e a logística de garantir a disponibilidade imediata de medicamentos essenciais”, afirma o especialista.
Nessas unidades, o tempo é um fator crucial. A alta rotatividade de pacientes e a pressão constante demandam processos organizacionais bem estruturados e atuação proativa. Segundo Tavares, o farmacêutico pode superar esses desafios por meio de diversas estratégias: “A atuação integrada com a equipe multiprofissional, a padronização de protocolos, a organização criteriosa dos estoques com foco nos medicamentos de alta vigilância e a implementação de sistemas de apoio à decisão clínica são fundamentais”.
Além dessas medidas, o professor do ICTQ destaca que a presença ativa do farmacêutico no ambiente crítico permite a revisão em tempo real das prescrições, orientação quanto ao uso seguro e racional dos medicamentos e atuação direta na minimização dos riscos associados ao tratamento medicamentoso.
Armazenamento é ponto crítico
Outro aspecto essencial abordado por Tavares é o armazenamento adequado dos medicamentos em ambientes hospitalares críticos. Medicamentos mal armazenados podem perder eficácia ou até se tornarem inseguros para o uso.
“O armazenamento inadequado pode comprometer significativamente a estabilidade, a potência e a segurança dos medicamentos, especialmente os utilizados em ambientes críticos, onde o tempo e a precisão são fatores decisivos”, alerta o professor.
Ele lembra que variáveis como temperatura, umidade, luz e manuseio incorreto são determinantes para a integridade dos insumos. “Variações de temperatura, umidade, exposição à luz e manuseio incorreto podem degradar princípios ativos e comprometer o efeito terapêutico, colocando em risco a vida do paciente”.
Diante disso, o farmacêutico deve garantir práticas rigorosas de armazenamento, que envolvem, desde a manutenção da temperatura controlada com monitoramento contínuo, até a segregação de medicamentos de alto risco, controle de validade e inspeções regulares. Cabe também ao farmacêutico treinar as equipes para o manuseio adequado e atuar de forma preventiva diante de quaisquer riscos.
Automação transforma a gestão medicamentosa
A gestão farmacêutica hospitalar tem passado por um processo acelerado de modernização. Tavares aponta que essas inovações têm transformado profundamente o cenário hospitalar: “A automação e os sistemas informatizados têm promovido maior segurança, rastreabilidade e agilidade nos processos. A prescrição eletrônica, por exemplo, reduz significativamente erros relacionados a doses, interações e legibilidade”.
Além disso, os dispensários eletrônicos facilitam o controle de estoque e permitem o acesso seguro e rápido a medicamentos essenciais, com registro detalhado de todas as retiradas. Outro recurso destacado por Tavares são os sistemas de código de barras, que garantem a correta identificação do paciente, do medicamento e da dose no momento da administração.
Nesse novo contexto, o farmacêutico exerce um papel estratégico e decisivo: “Ele atua desde a escolha e parametrização desses sistemas até o monitoramento dos dados gerados, contribuindo com ajustes, treinamentos e melhorias contínuas”.
Cenário internacional reforça tendências
O professor cita ainda como destaque o que foi debatido recentemente no HospitaLog Ásia 2025, evento internacional dedicado à inovação tecnológica na logística hospitalar, realizado em maio, em Singapura. As tendências apresentadas no congresso confirmam que o futuro da farmácia hospitalar está diretamente ligado à tecnologia.
Na palestra“Future‑Proofing Hospital Supply Chains: Leveraging AI and Predictive Analytics, especialistas mostraram como a inteligência artificial (IA) pode ser usada para prever demandas, evitar rupturas de estoque e otimizar o uso de medicamentos em tempo real.
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Outro destaque do evento foi a apresentação Automating Hospital Logistics: Robotics and Drones in Healthcare, que abordou o uso de veículos guiados automatizados (AGVs) e drones para o transporte interno de medicamentos, otimizando os tempos de entrega e minimizando falhas humanas.
Segundo Tavares, “também foram discutidas tecnologias emergentes como blockchain, digital twins e sistemas de rastreamento automatizado, que promovem maior segurança e confiabilidade na gestão farmacêutica”.
Os resultados já observados por hospitais participantes são expressivos: redução de desabastecimentos, maior agilidade nos ciclos logísticos e rastreabilidade aprimorada dos medicamentos. “Esses avanços reforçam como a combinação entre automação, análise preditiva e tecnologias digitais está redesenhando a logística farmacêutica hospitalar — com ganhos concretos em eficiência, segurança e sustentabilidade”, conclui o professor.
Farmacêutico como agente central da segurança
No cenário atual da saúde hospitalar, em que ambientes críticos demandam respostas rápidas e alto grau de confiabilidade, o papel do farmacêutico é indispensável. Mais do que dispensar medicamentos, ele é gestor de riscos, educador da equipe de saúde e elo entre a tecnologia e o cuidado centrado no paciente.
A atuação clínica, aliada ao domínio técnico sobre processos logísticos e ao domínio de ferramentas digitais, posiciona o farmacêutico hospitalar como um dos principais agentes de segurança e qualidade na assistência hospitalar.
Com o avanço das inovações e o fortalecimento da integração multiprofissional, a farmácia hospitalar tende a se consolidar como uma área estratégica nas instituições de saúde — especialmente nos ambientes mais críticos, onde cada segundo e cada dose fazem a diferença.
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