O câncer de pênis, embora raro em escala global, tem uma incidência preocupante no Brasil, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Segundo o Ministério da Saúde, entre 2012 e 2022, foram registrados mais de 21 mil casos da doença no país. No mesmo período, aproximadamente 6,5 mil homens passaram por amputações genitais, resultando em mais de 4 mil óbitos, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
Por isso, a SBU alerta que o Brasil está entre os países com maior incidência desse tipo de câncer, fortemente ligado à falta de higiene e ao baixo acesso a serviços de saúde. Já a ONG Oncoguia mostra que, em 2022, foram diagnosticados 1.933 novos casos, levando a 459 amputações do órgão genital masculino.
Por ocasião do mês em que se instituiu o Dia Mundial do Câncer (04/02), pela Organização Mundial de Saúde (OMS), importante lembrar que o profissional farmacêutico tem uma atuação essencial na pesquisa e desenvolvimento de novas terapias que possam melhorar o tratamento e a qualidade de vida dos pacientes. Além disso, é um profissional fundamental nesse processo, atuando na conscientização, prevenção e no suporte aos pacientes, garantindo melhor adesão aos tratamentos e promovendo a saúde pública.
“Na atenção primária, como também nas farmácias, o atendimento farmacêutico e o encaminhamento aos cuidados médicos, de acordo com a acessibilidade de cada paciente, pode contribuir e reduzir esses números alarmantes de câncer de pênis no país”, destaca a professora do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Jessica Avelino.
Maranhão lidera casos no mundo
Estudos mostram que o Maranhão tem a maior taxa de câncer de pênis do Brasil e do mundo. Uma pesquisa realizada pelo Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA) revelou que a maioria dos casos está associada ao Papilomavírus Humano (HPV). A infecção pelo HPV é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença.
Já a pesquisa publicada na revista científica PLoS One, e apoiada pelo A.C.Camargo Cancer Center, analisou a presença da proteína p16INK4a como biomarcador para infecção por HPV em pacientes com câncer de pênis na região Amazônica. Os resultados apontaram uma alta taxa de infecção pelo vírus nessa população.
Prevenção e desafios no tratamento
A prevenção é essencial para reduzir a incidência do câncer de pênis. Medidas como higiene íntima adequada, vacinação contra o HPV e a postectomia (cirurgia de fimose) podem diminuir, significativamente, o risco de desenvolvimento da doença. O diagnóstico precoce é fundamental para evitar complicações e a necessidade de amputações, que impactam diretamente a qualidade de vida dos pacientes.
“A doença pode ser identificada, precocemente, quando qualquer alteração for apresentada no pênis, como ferida ou úlcera persistente na parte da glande, prepúcio ou no corpo do pênis. Nesses casos, deve ser procurada uma unidade de atendimento em saúde para mais investigações”, revela Jessica.
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A indústria farmacêutica tem um papel estratégico na prevenção da doença, principalmente por meio da produção e distribuição de vacinas contra o HPV. Desde 2017, o Programa Nacional de Imunização (PNI) inclui meninos entre 11 e 14 anos no público-alvo da vacinação, visando reduzir casos futuros da doença.
O papel do farmacêutico
O farmacêutico desempenha um papel crucial na prevenção e no tratamento do câncer de pênis. Ele atua na orientação sobre a importância da vacinação contra o HPV, na dispensação de medicamentos utilizados no tratamento da doença e no suporte a pacientes que passam por quimioterapia ou radioterapia.
Além disso, Jessica explica que o farmacêutico pode auxiliar na conscientização da população sobre os fatores de risco, promovendo campanhas educativas em farmácias e unidades de saúde. Já na anamnese farmacêutica e durante as entrevistas de acompanhamento, o profissional pode orientar sobre os cuidados básicos que podem ajudar na prevenção.
É fato que os homens não buscam o serviço de saúde com frequência, seja por vergonha ou preconceito. Por isso, Jessica indica usar uma comunicação efetiva, a escuta ativa e empatia durante o atendimento farmacêutico. “Isso pode fortalecer a confiança do paciente a procura de cuidados”, ressalta ela.
A atuação do farmacêutico também é essencial no desenvolvimento de novas terapias e no acompanhamento da adesão ao tratamento, garantindo maior eficácia das intervenções.
Avanços na pesquisa e no tratamento
Estudos clínicos recentes têm explorado novas abordagens terapêuticas para o câncer de pênis. Em 2024, uma pesquisa brasileira apresentada no Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) propôs mudanças no tratamento da doença, trazendo novas esperanças para os pacientes.
Os avanços na imunoterapia e na medicina personalizada também são promissores. Novas estratégias incluem terapias direcionadas, que visam aumentar a eficácia dos tratamentos e reduzir os efeitos colaterais das abordagens convencionais, como a quimioterapia e a radioterapia.
Conscientização e acesso ao tratamento
Campanhas de conscientização são essenciais para reduzir a incidência do câncer de pênis e a consequente amputação do órgão no Brasil. A falta de informação e o tabu em torno da higiene íntima masculina ainda são barreiras para a prevenção. Além disso, o acesso limitado a serviços de saúde em regiões vulneráveis dificulta o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, e o farmacêutico pode ter um papel ativo nessas questões.
A colaboração entre profissionais farmacêuticos, médicos, instituições de pesquisa e a indústria farmacêutica é essencial para o desenvolvimento de estratégias eficazes de prevenção e tratamento. O fortalecimento das políticas públicas de saúde também é crucial para ampliar o acesso ao diagnóstico precoce e aos tratamentos inovadores.
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