O que faz um farmacêutico no transplante de medula óssea

O que faz um farmacêutico no transplante de medula óssea

O Transplante de Medula Óssea (TMO) é um tipo de tratamento para algumas enfermidades que afetam as células sanguíneas, como as leucemias e os linfomas. É utilizado, também, em outras condições não relacionadas ao câncer, como a anemia aplásica grave (que se caracteriza pela falta de produção de células do sangue na medula óssea), anemia de Fanconi e anemia falciforme. O processo consiste na substituição de uma medula óssea doente ou deficitária por células normais de medula óssea. Com isso, espera-se que ocorra a reconstituição da medula, tornando-se saudável e funcional novamente.

O paciente de TMO é acompanhado rigorosamente por uma equipe multidisciplinar, na qual o farmacêutico tem papel estratégico, sendo essencial até que aconteça a cura. O profissional de Farmácia elabora um plano de cuidado do paciente; verifica se há dificuldade de ingestão de medicamentos orais, e verifica os medicamentos em uso quanto à quantidade, qualidade, compatibilidade, estabilidade e suas interações.

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Não para por aí! Ele também constata alergia a medicamentos e quais reações; verifica comorbidades e tratamentos prévios; orienta o paciente e familiares; fica atento às reações adversas dos medicamentos para que sejam mínimas possíveis, e fornece recomendações para minimizar os efeitos secundários da terapia.

“A atuação do farmacêutico no TMO é extremamente importante, principalmente por ser um paciente que passará por diversos processos. Estamos presentes desde o pré condicionamento, onde preparamos o paciente para receber uma medula. É necessário haver um acompanhamento muito de perto de tudo que envolve o paciente, os exames, os medicamentos que ele faz uso, porque tudo isso pode gerar alguma interação medicamentosa. Fazemos ajuste de dose de medicamento, desde o pré condicionamento, quando se vai escolher quais serão os quimioterápicos que farão parte do protocolo de condicionamento”, conta o mestre em Farmacologia, coordenador de Oncologia de um hospital e professor do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Leonardo Daniel Mendes.

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No TMO, células são levadas do doador ao receptor. Nesta terapia celular, o paciente (receptor) recebe a medula óssea por meio de uma transfusão, ou seja, as células do sangue são colhidas do doador, colocadas em uma bolsa de “sangue” e transfundidas para o paciente. O procedimento é diferente da maioria dos transplantes, já que o órgão transplantado não é sólido, como fígado ou rim.

As células transfundidas circulam pelo sangue, se instalam no interior dos ossos, dentro da medula óssea do paciente. Depois de um período variável ocorre a chamada "pega" da medula, que é quando as células do doador começam a se multiplicar, produzindo as células do sangue e enviando glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas normalmente.

“Quando o paciente é internado para de fato receber o TMO, existe uma série de informações que precisam ser compartilhadas entre a equipe multiprofissional, porque essa pessoa terá a sua imunidade zerada com a quimioterapia para transplante, por isso ele tem chances de ter infecção fúngica, viral ou bacteriana, entre outros. Neste cenário, é fundamental que o farmacêutico saiba todas as profilaxias esse paciente precisa e isso depende de qual condicionamento foi realizado anteriormente. Tem condicionamento que eleva a chance de infecção fúngica, de convulsão, então se faz necessário dar um medicamento que faça essa prevenção. Quando se escolhe o condicionamento e quais quimioterapias serão aplicadas, o farmacêutico já precisa saber como será a prescrição desse paciente quando da internação”, explica Mendes.

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Tipos e indicações de TMO

Existem dois tipos de TMO. O primeiro é o autólogo ou autogênico, quando o paciente é seu próprio doador. Após o paciente completar as sessões de quimioterapia, as células mãe da medula óssea são retiradas dele próprio, armazenadas e transfundidas após altas doses de quimioterapia a fim de eliminar células doentes e reconstituir a medula óssea. É indicado para leucemia mieloide aguda; linfoma não Hodgkin; Doença de Hodgkin quimiossensível; mieloma múltiplo; tumor de célula germinativa; e neuroblastoma.

Há também o TMO alogênico, que ocorre quando as células-tronco ou células mãe do sangue são recebidas de outra pessoa; um doador selecionado por testes de compatibilidade. Esse doador compatível pode ser um irmão/irmã, parentes próximos ou pode ser um voluntário não aparentado, cadastrado em bancos de medula óssea ou em bancos de cordão umbilical. É indicado para leucemia mieloide aguda; leucemia linfoide aguda / linfoma linfoblástico; leucemia linfoide aguda Ph+; leucemia mieloide crônica; anemia aplástica grave adquirida ou constitucional; síndrome mielodisplásica, incluindo a leucemia mielomonocítica crônica; imunodeficiência celular primária, entre outras condições.

“Quando o paciente é internado e recebe a quimioterapia para fazer o TMO, vai precisar diversas vezes de antibiótico, antifúngico, entre outros. Por esse motivo, o farmacêutico deve saber os dados laboratoriais que indicarão a necessidade de fazer ajuste de dose, saber como estão as funções renal, hepática. É um trabalho bem longo durante todo o período de internação, pois a cada dia os exames são totalmente alterados e cabe a nós acompanhar a evolução desses dados para propor as medidas adequadas para controle desse paciente”, ressalta o professor.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), para o paciente, os principais riscos do TMO se relacionam às infecções e às drogas quimioterápicas utilizadas durante o tratamento. Com a recuperação da medula, as novas células crescem com uma nova memória e, por serem células da defesa do organismo, podem reconhecer alguns órgãos do indivíduo como estranhos. Esta complicação, chamada de doença enxerto contra hospedeiro, é relativamente comum, de intensidade variável e pode ser controlada com medicamentos adequados. No TMO, a rejeição é relativamente rara, mas pode acontecer. Por isso, existe a preocupação com a seleção do doador adequado e o preparo do paciente.

Mendes reforça que estar diante de um paciente extremamente complicado a nível de fisiologia, uma vez que está sem imunidade e recebendo uma alta dose de quimioterapia, eleva o grau de dificuldade do trabalho farmacêutico. A prescrição do paciente de TMO é extensa, tendo em torno de três folhas, com 30 itens, o que exige ainda mais atenção para evitar interações medicamentosas.

“Se ocorrer uma interação você pode complicar o TMO que já foi feito, as vezes até se perde transplante. É preciso ficar muito atento aos exames laboratoriais para ajuste de dose de todos os medicamentos dessa prescrição. Após transplantado, o paciente vai para casa com uma receita com vários medicamentos, até dez em algumas situações. Ele precisa ter uma orientação muito bem-feita pelo farmacêutico. Somos nós que fazemos a indicação de alta, principalmente com imunossupressor. Se o paciente deixar de tomar imunossupressor, ele perde o transplante”, alerta o professor.

Assista o weblearning do ICTQ “Atuação do Farmacêutico no Transplante de Medula Óssea”, com o professor Leonardo Daniel Mendes.

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