Como funciona a Farmácia Clínica Oncológica

Como funciona a Farmácia Clínica Oncológica

Uma das carreiras mais promissoras no segmento farmacêutico é a do farmacêutico especializado em oncologia, que permite ao profissional atuação em hospitais filantrópicos, públicos e privados. Cada vez mais a assistência farmacêutica clínica em pacientes oncológicos vem passando por transformações legais consideráveis, uma vez que o farmacêutico tem se mostrado indispensável na farmacoterapia desses pacientes, como apontado pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), ao estabelecer a competência do profissional em avaliar a medicação presente na prescrição médica de acordo com a quantidade, qualidade, estabilidade, interações e padronização dos componentes necessários no preparo dos medicamentos antineoplásicos.

De acordo com o farmacêutico especialista em oncologia, professor da Pós-Graduação em Farmácia Hospitalar e Clínica do ICTQ - Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Kaleu Otoni, associada às diversas situações, a atenção farmacêutica em oncologia contribui diretamente na diminuição da problemática relacionada ao uso de medicamentos e à conscientização ao cuidado com a automedicação, uma vez que uma boa adesão ao tratamento oncológico faz diferença para uma melhor resposta tumoral, considerando a orientação dos possíveis e vários efeitos esperados em decorrência do uso de medicamentos antitumorais.

Ao concluir sua graduação, o farmacêutico não pode atuar diretamente na oncologia. Ele precisa ter algumas titulações. Em 2017, o CFF estabeleceu a Resolução 640, imputando alguns pontos a uma titulação mínima para que o farmacêutico possa atuar na área oncológica. Essa resolução diz que é ato privativo do profissional farmacêutico a manipulação de medicamentos citotóxicos, carcinogênicos e mutagênicos.

Assim, toda a quimioterapia que pode causar carcinogênese é manipulada por ele, exclusivamente (não podendo ser manipulada por médicos, enfermeiros ou qualquer outro profissional de saúde). Porém, para o farmacêutico atuar em oncologia, ele precisa atingir critérios mínimos. 

A legislação apresenta quatro critérios, entre os quais o farmacêutico pode atender apenas a um deles, desde que esteja registrado no Conselho Regional de Farmácia (CRF) da sua jurisdição:

a) ser portador de título de especialista emitido pela Sociedade Brasileira de Farmacêuticos em Oncologia (Sobrafo); 

b) ter feito residência na área de Oncologia; 

c) ser egresso de programa de pós-graduação lato sensu reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC) relacionado à farmácia oncológica; 

d) ter atuado por três anos ou mais na área de oncologia, o que deve ser comprovado por meio de Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) ou de contrato e declaração do serviço, com a devida descrição das atividades realizadas e do período de atuação.

Equipe multidisciplinar

“A legislação que permeia o Serviço de Terapia Antineoplásica é a RDC 220/04 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Uma das obrigatoriedades é a criação e a formação de uma Equipe Multidisciplinar de Terapia Antineoplásica (EMTA). Por definição e pela legislação de 2004, apresenta-se uma diretriz de, no mínimo, três profissionais, que devem compor a EMTA, sendo eles um médico, um farmacêutico e um enfermeiro. Isso porque, desde a criação da resolução, entende-se a complexidade do paciente oncológico e a importância da inserção de mais de um profissional e de mais uma disciplina na escola de saúde, que seja responsável pelo cuidado desse paciente”, explica Otoni.

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Atualmente, segundo o professor, há muitos outros profissionais que atuam na oncologia e são fundamentais para o cuidado de um paciente oncológico, dada a complexidade de cuidados exigidos nesses casos. Nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta, enfermeiro, médico e assistente social são alguns deles. O farmacêutico precisa atuar, tentar ajudar e trabalhar junto a esses profissionais para que o tratamento do paciente seja feito de maneira otimizada. 

Segundo Otoni, a Comissão de Farmácia Terapêutica é uma obrigatoriedade dentro das instituições hospitalares, e o farmacêutico pode atuar nesse sentido. Ela é responsável pela avaliação do uso clínico dos medicamentos, desenvolvendo políticas para gerenciar o uso, a administração e o sistema de seleção. Além disso:

  • Avalia e seleciona medicamentos;
  • Avalia a utilização de medicamentos para analisar problemas potenciais do uso;
  • Promove e realiza intervenções efetivas para melhorar a utilização de medicamentos;
  • Gerencia sistemas de detecção e prevenção de RAMs;
  • Gerencia sistemas de detecção e prevenção de erros de uso de medicamentos; e
  • Promove o controle de infecção hospitalar.

UTI Oncológica

Esse ambiente da UTI Oncológica envolve pacientes em cuidado intensivo que se encontram em estado grave, necessitando de suporte à vida e recebendo grande número de medicamentos e intervenções. Desde a década de 1990, propõe-se que o profissional farmacêutico seja um dos membros fundamentais da equipe multiprofissional de cuidado ao paciente crítico, dada a complexidade do número de medicamentos utilizados, dos regimes medicamentosos e doses diferenciadas e das alterações farmacocinéticas e custos demandados.

“O paciente oncológico, que necessita de cuidado em uma Unidade de Terapia Intensiva, é de extrema complexidade e exige grande preparo da equipe para ter suas necessidades atendidas. Nesse caso, esse indivíduo demanda um olhar crítico, por meio do qual são observados quais antibióticos foram prescritos, se estão dentro da fase sérica adequada, se têm disfunção renal ou se o antibiótico está no dia correto para ser administrado. Outro parâmetro é com relação aos pacientes que estão dialisando. Dessa forma, é preciso verificar se há necessidade de ajuste de dose ou até mesmo de outra dose de um antibiótico. Se o paciente não estiver fazendo uso de antibiótico, ele pode migrar para uma complicação severa em desfecho sombrio”, explica Otoni.

As visitas técnicas ocorrem quase diariamente nas UTIs, e o farmacêutico passa por uma delas junto à equipe. É a chamada ‘visita beira leito’, na qual o profissional pode fazer intervenções farmacêuticas de forma mais adequada.

“Também faz parte da atenção farmacêutica a verificação do paciente em relação às profilaxias adequadas, ou seja, se está com profilaxia antitrombolismo, com enoxaparina e se tem fisioterapia mecânica prescrita”, complementa o professor.

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Checklist

De acordo com Otoni, em alguns dias, as ‘visitas beira leito’ são práticas e objetivas, porém, em outros, o farmacêutico relata mais o comportamento do familiar do paciente do que o do próprio indivíduo. Por isso, criou-se um checklist dos pacientes, a fim de otimizar o trabalho do farmacêutico. 

Para isso, alguns parâmetros devem ser verificados, como:

Profilaxias

  • O paciente tem profilaxia para TVP?
  • O paciente tem fisioterapia motora prescrita?
  • O paciente tem profilaxia para hemorragia digestiva? Deve-se verificar se ele tem algum omeprazol ou inibidor da bomba de prótons prescrito. Ele tem algum outro medicamento para proteger o estômago?
  • O paciente está com a cabeceira elevada?
  • O paciente está com aspiração subglótica? Ele está com a pressão de cuff adequada? Tem bromoprida prescrita para esse paciente para prevenir a aspiração subglótica?

Farmacologia Clínica

  • As doses precisam ser ajustadas? Se sim, quais drogas e em quais doses?
  • Há alguma interação medicamentosa? Se sim, qual interação? É relevante? O paciente possui sintomas? Se sim, como manejar? Muitas vezes, em casos de interação medicamentosa, o farmacêutico induz a retirada de uma das drogas ou ambas, porém, elas estão mantendo o paciente vivo dentro da UTI, pois pode se tratar de uma droga vasoativa que não dá para ser retirada naquele momento. É importante pensar no que fazer nessa situação, sem que haja prejuízo para o paciente.

Necessidades Especiais / Suporte ao familiar

  • O paciente ou a família precisa do suporte de cuidados centralizados no paciente?
  • O paciente está em cuidados de terminalidade? Há risco de distanásia? A distanásia é o contrário da eutanásia. Na eutanásia, busca-se a morte do paciente por meio de diversos procedimentos, porém no Brasil não é autorizado. Já a distanásia é o prolongamento desnecessário da vida do paciente, buscando a qualquer custo a manutenção de sua vida.
  • Constipação/Diarreia – necessário procinético/sonda retal?
  • Balanço Hídrico 24h / BH acumulado – o paciente está sendo acompanhado no balanço hídrico? Oferta-se mais volume do que o paciente excreta?

Antibióticos e Culturas

  • Quanto tempo? Quais os agentes isolados nas culturas?
  • É possível, junto à equipe, descalonar/suspender os antibióticos?
  • Está em isolamento de contato por gotículas? Precisa permanecer em isolamento?

“Atualmente, dentro das unidades hospitalares, os pacientes com qualquer sintoma já entram em isolamento. Porém, na época em que foi feito o checklist, não era assim. Questionava-se: o paciente está em isolamento de tuberculose ou de algum agente que provoca infestação? Se sim, ele precisa permanecer? Por quanto tempo? Todos esses parâmetros são importantes para que o profissional farmacêutico preste uma atenção farmacêutica mais adequada dentro de uma UTI oncológica”, finaliza o professor.

Saiba mais sobre Atenção Farmacêutica em Oncologia

O professor Kaleu Otoni integra o corpo docente da Pós-Graduação em Farmácia Hospitalar e Clínica do ICTQ. Assista a um trecho da videoaula ministrada por ele no módulo sobre Atenção Farmacêutica em Oncologia:

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