Um médico foi demitido do Hospital e Maternidade Otacílio Mota, localizado em Ipueiras (CE), após indicar medicamento de uso veterinário para um paciente que trata de uma infecção na pele, revelou o G1.
O paciente entrou no hospital com um quadro clínico de miíase, uma infestação de larvas de mosca na pele, na região do joelho. Para surpresa da família, o médico indicou o repelente Matabicheiras Forte SV, que é de uso veterinário para o tratamento de infecções, para o tratamento do paciente.
Ocorrido ontem (24/6), o fato causou polêmica na internet após um vídeo mostrar o produto no hospital. No vídeo, um homem retira esparadrapos de uma lata, que no fim, é possível ver que se trata do repelente larvicida Matabicheiras.
A demissão do médico, que não teve o nome divulgado, foi confirmada pelo prefeito de Ipueiras, Francisco Souto de Vasconcelos Júnior, segundo o G1. O prefeito garantiu que o repelente não foi utilizado no paciente, apesar de o produto aparecer na sala do hospital onde o homem está internado.
“Quero deixar bem claro para todos que o produto não foi utilizado e que assim que a direção do hospital tomou conhecimento tomou todas as medidas cabíveis”, afirmou Vasconcelos Júnior. “Quero também dizer que esse profissional foi imediatamente demitido assim que soubemos do ocorrido, e que já estamos investigando o caso”, completou.
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Segundo o farmacêutico e professor da pós-graduação em Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêutica no ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Rafael Poloni, o uso de medicamentos sem a devida aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pode causar danos à saúde do paciente, “haja vista que a qualidade, eficácia e segurança não poderão ser asseguradas”.
Poloni lembra que medicamentos veterinários não são aprovados e fiscalizados pela Anvisa, mas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. “Há fármacos que servem tanto para humanos como para animais. Contudo, por mais que tenham a mesma substância ativa as formulações são diferenciadas, cada qual tem o seu uso específico. Assim como as agências reguladoras, que são diferentes”.
Sendo assim, segundo Poloni, “médicos, farmacêuticos e demais profissionais da saúde devem sempre assegurar que o paciente estará usando medicamentos registrados na Anvisa, com o uso para a condição clínica previsto em bula”.
Além de não ter o efeito esperado, o uso de medicamento veterinário pode causar problemas ao indivíduo. “Pode provocar intoxicações, alergias a componentes do produto e não ter a eficácia imaginada, visto que o produto não teve seu estudo de eficácia feito em humanos. A formulação veterinária é exclusiva para animais, assim, não deve ser utilizada em humanos”, frisa o professor do ICTQ.
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